Com o advento do bolsonarismo, desde 2018 a massificação de fake news e a perseguição a vários jornalistas, ditos, opositores, é evidente. Um recente caso para desdobrarmos esses fatos é o ocorrido entre Hans River e a Jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo. O ocorrido claramente se baseia num conceito fundamental: até que ponto a desinformação e a acusação de comunicadores estão em jogo? A verdade ou a mera informação relatada corre perigo?


A situação envolvendo Hans e Patricia se desenrolou na CPMI das Fake News, onde o ex-funcionário da Yacows (Hans) relatou, em depoimento, que a jornalista teria se valido de insinuações sexuais para obter informações dele.

É evidente que, além de misoginia e machismo, Hans propagou uma fake news na própria CPMI das Fake News. A jornalista foi a público esclarecer os fatos, relatando no próprio Twitter que Hans teria, na verdade, chamado ela para sair e verificar informações. Para os leitores, quero esclarecer que a Yacows é uma empresa que espalhou informações falsas na época de campanha de Jair Bolsonaro a presidente em 2018. Ela se apropriou de CPFs falsos, chips com números não identificados e até planos internacionais. Tudo que a jornalista Patrícia fez foi esclarecer, em uma série de reportagens, a manobra da Yacows sobre as fake news.

Esse caso entre os dois indivíduos em relação a CPMI não é isolado. Temos também a perseguição ao jornalista e advogado Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, que, desde junho de 2019, vem divulgando fatos sobre a Operação Lava Jato, na chamada Vaza Jato. Glenn foi acusado várias vezes de obter informações confidenciais de personalidades, como Deltan Dallagnol e Sérgio Moro, por ter denunciado, entre outras coisas, o envolvimento do ministro Luiz Fux com procuradores da Lava Jato para fins pessoais e lucrativos.

Fake News (Foto: vchal/iStock)
Outra noção de perseguição, mas não tão esclarecida, são os ataques maciços que jornalistas vêm recebendo na internet e no próprio Palácio da Alvorada. Noções como as de Jair Bolsonaro, de chamar um jornalista de "cara de homossexual terrível" ou falar que iria "cortar" as coletivas, porque para ele, jornalistas não relatam a verdade. É nesse ponto que entramos no assunto que repercute este artigo: a perseguição a jornalistas e as fake news, possuindo todos o mesmo ponto do autoritarismo, a mídia e a cegueira informativa da população.

As fake news não são algo que complicam a vida do próprio jornalista, mas sim, de vários comunicadores e até blogueiros. Essa onda de utilizar-se da propaganda excessiva com um toque de desinformação é algo que está sendo praticado no mundo afora há alguns anos. Iremos comentar sobre isso a seguir:

Os artifícios do autoritarismo midiático no mundo afora contra comunicadores em seu serviço informativo

De acordo com o livro "Como funciona o fascismo", de Jason Stanley, não é só no Brasil que ocorre o advento da desinformação coletiva e desenfreada. Exemplos que podem ser esclarecidos diretamente são o ano de 2016, com a eleição de Donald Trump, pelo Partido Republicano nos Estados Unidos; as medidas escancaradas de Marine Le Pen na França, pelo Partido Rassemblement National (Frente Nacional), em relação ao progressismo e teorias da conspiração; e a posse de Viktor Orbán na Hungria, pelo Partido Fidesz, que se apropriou de discursos extremistas do Neofascismo para divulgar mentiras sobre seus opositores e perseguir a mídia.

Marine Le Pen (Foto: AVEC/AFP)
Indo de encontro com o autor mencionado no parágrafo anterior, Stanley descreve a propaganda anti midiática no quesito contra a democracia. O líder do Executivo se apropria da comunicação como um meio de receber atenção e aumentar o número de eleitores, e, em caso de pessoas contra seus ideais, é censurado ou perseguido.

Exemplo disso foi o ato da SECOM no Brasil, usada pelo secretário Fabio Wajngarten e Jair Bolsonaro contra Petra Costa e seu documentário Democracia em Vertigem. O veículo governamental foi usado para publicar que a cineasta era "militante anti Brasil", isto é, que estava divulgando mentiras sobre o País mundo afora.

Ainda mencionando o autor, no capitulo quatro, vai de encontro às fake news: As teorias da conspiração fundamentadas pelo mundo. Com a relevância cada vez maior na internet da extrema direita, pessoas como o astrólogo Olavo de Carvalho e outros conspiracionistas pelo mundo ganharam força e voz.

O tal "Marxismo Cultural" ou que "George Soros" era um grande globalista perverso são exemplos do que as conspirações são capazes de produzir, se possuírem destaque. O que eles têm em comum com a desinformação? Ora, começa-se o questionamento de tudo que foi ensinado pelos ministérios da Educação e até livros produzidos por intelectuais.

A noção de verdade e comprovações começa a correr severos riscos. Fatos como escravidão, racismo, dívida histórica e até democracia entram em jogo. É aí que a mentira repercute e gera alienação governamental e populacional perante à ideologia extremista vigente. Por exemplo, a entrevista dada por Bolsonaro ao Roda Viva em 2018, antes das eleições, é uma clara demonstração. O capitão da reserva falou que quem dava os escravos para os portugueses eram os próprios negros. Falou-se também que a pesquisa e ciência tinha crescido, além de ir contra cotas raciais, deslegitimando o fato e o quanto é necessário essa medida para a história do Brasil.

Mencionando o mundo afora novamente, temos as mentiras de Viktor Orbán sobre Soros e a própria Hungria. O primeiro-ministro cita a imigração, pautando que "a imigração aumenta o crime, especialmente crimes contra as mulheres, e libera o vírus do terrorismo". Tal fala foi transmitida pelo site Al Jazeera, um meio árabe.

Para fechar esse ponto, podemos destacar algumas falas de Marine Le Pen, com fake news: “Espero que não descubramos que você tem uma conta offshore nas Bahamas. Não sei. Eu não tenho ideia”, quando se referiu ao seu candidato rival Emmanuel Macron nas eleições passadas na França, tentando culpabilizá-lo por atos que ele nem praticou. Essas falas são do jornal El País

Considerações finais

Para encerrar o post, é evidente que o que foi divulgado é o esclarecimento do por que surgiu-se tanta propagação de fake news em épocas de campanha e até durante os mandatos de vários líderes do pelo mundo.

Para notar-se essas ações é necessário prestar a atenção nos ataques desses indivíduos ditos como salvadores do "sistema" vigente. Rebaixar adversários, perseguir comunicadores e cineastas como mencionado e até teorias da conspiração que foram ditas são características que podem ferir a democracia de um País.
Para modificarmos esse problema, caberia a população se informar com veículos independentes ou vigiar-se detalhadamente os jornais corporativistas. Isto é, filtrar e questionar. O apoio à justiça comunicativa e a buscar pela informação, deve partir de classes diversas, independente da divergência exposta entre elas.

Sobre a coluna

A coluna Democracia de Fato é publicada sempre aos sábados.
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Nick Faria

Estudante de Jornalismo pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Domínio em Estudos de Políticas Nacionais e Melhorando a Compreensão em Internacionalismo

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