Fotos e objetos ajudam a conhecer o passado da cidade de Mairiporã, na Grande SP

Olarias, ruas e avenidas, personalidades locais e os tradicionais casarões. Juntos, dão vida ao Memorial de Mairiporã, instalado nas dependências da Biblioteca Municipal da cidade. Ali, com alguns poucos metros quadrados, painéis temáticos com fotografias e instalações com tijolos e cerâmicas e objetos históricos, como, por exemplo, o conjunto de sofá e poltronas doado pela Câmara dos Vereadores e patrimônio número um do município, dividem espaço com os cerca de 30 mil títulos literários do acervo da biblioteca.
Foto: Montagem a partir de fotos enviadas por Bethos Massucato
Com o objetivo de retratar Mairiporã desde os tempos em que era apenas Vila de Juqueri (1696-1948), em um túnel do tempo com mais de quatro séculos de história, o Memorial foi fundado em junho de 2017 e trata-se do primeiro espaço com artigos que ajudam a conhecer passado da cidade, que em Março deste ano completou 130 anos de sua emancipação.

Para Bethos Massucato Pires, curador do Memorial e coordenador da Biblioteca Municipal,  o espaço tem a nobre missão de contar a história da cidade e, com isso, tem ido ao encontro de uma das muitas curiosidades humanas: a de conhecer tanto o seu passado quanto o do lugar onde mora. “O dia inteiro tem movimento de jovens, idosos, filhos levando os pais, estudantes em excursão escolar, moradores em geral, como os das olarias que se identificam com as instalações, e esse resgate histórico é interessante porque parece que as pessoas sentem falta desse nacionalismo territorial, do passado, as pessoas têm sede do passado”, descreve Massucato.
Foto: Montagem a partir de fotos tiradas por Bethos Massucato
Sem número exato de peças expostas, o acervo do Memorial conta ainda com um cavalete de filmagem do ator e cineasta brasileiro Amácio Mazzaropi, que em 1955 gravou na cidade o filme “A Carrocinha”. Telhas produzidas por escravos negros e móveis doados por famílias tradicionais da cidade são outros itens expostos numa linha cronológica iniciada há muito tempo, ainda com os índios Guarus da tribo indígena Guaianases, passando por Inês Monteiro Alvarenga, conhecida por “matrona” da então Vila Juqueri, às décadas já republicanas.

Natasha Morgan, historiadora e moradora de Mairiporã, afirma que o Memorial é um projeto importante por oferecer à população local a oportunidade de conhecer a história da cidade. “O município não tem patrimônio histórico. Todos os prédios importantes que, de alguma forma, contaram a história não receberam a preocupação do poder público para o tombamento e preservação. A maioria dos patrimônios da cidade foi derrubada”, lembra Morgan.

Nota do editor

No dia 27 de março, data de aniversário da cidade, a Prefeitura de Mairiporã divulgou o que parecer a primeira e única edição da chamada “Mairiporã em Revista”, com o que seriam as realizações da atual gestão do prefeito Antônio Aiacyda a pouco menos de dois de anos de encerrar seu terceiro mandato. A iniciativa do Memorial de História de Mairiporã não recebeu uma linha sequer das 52 páginas da publicação, disponível aqui.

A revista diz, em sua capa, que o seu conteúdo é apenas a título de “prestação de contas” – com as devidas ressalvas: há ruas não pavimentadas constando no documento como se já tivessem passado por obras. Bom, já que é para prestar contas, não compreendo por que a iniciativa do Memorial não consta das páginas da tal revista, quando o espaço, ainda que sem os devidos recursos – a coluna Mais SP solicitou ao portal da transparência informações quanto à existência ou não de orçamento específico para o projeto, mas não obteve resposta até a publicação deste texto –, nasceu em 2017, ou seja, na atual administração, e, decerto, foi um dos poucos de seus acertos até aqui.

O espaço da coluna Mais SP está aberto para qualquer posicionamento da prefeitura.

Memorial de Mairiporã

Com entrada franca e aberto ao público de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h, o Memorial fica na Biblioteca Municipal, localizada à Rua Antônio Morelato, 225, no Centro da cidade.


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Claudio Porto

Jornalista independente.

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