Fotos e objetos ajudam a conhecer o
passado da cidade de Mairiporã, na Grande SP
Sem número exato de peças expostas,
o acervo do Memorial conta ainda com um cavalete de filmagem do ator e cineasta
brasileiro Amácio Mazzaropi, que em 1955 gravou na cidade o filme “A Carrocinha”. Telhas
produzidas por escravos negros e móveis doados por famílias tradicionais da
cidade são outros itens expostos numa linha cronológica iniciada há muito
tempo, ainda com os índios Guarus da tribo indígena Guaianases, passando por Inês
Monteiro Alvarenga, conhecida por “matrona” da então Vila Juqueri, às décadas
já republicanas.
Olarias, ruas e avenidas,
personalidades locais e os tradicionais casarões. Juntos, dão vida ao Memorial
de Mairiporã, instalado nas dependências da Biblioteca Municipal da cidade. Ali,
com alguns poucos metros quadrados, painéis temáticos com fotografias e instalações com tijolos
e cerâmicas e objetos históricos, como, por exemplo, o conjunto de sofá e
poltronas doado pela Câmara dos Vereadores e patrimônio número um do município,
dividem espaço com os cerca de 30 mil títulos literários do acervo da
biblioteca.
Foto: Montagem a partir de fotos enviadas por Bethos Massucato |
Com o objetivo de retratar
Mairiporã desde os tempos em que era apenas Vila de Juqueri (1696-1948), em um
túnel do tempo com mais de quatro séculos de história, o Memorial foi fundado
em junho de 2017 e trata-se do primeiro espaço com artigos que ajudam a
conhecer passado da cidade, que em Março deste ano completou 130 anos de sua
emancipação.
Para Bethos Massucato Pires, curador
do Memorial e coordenador da Biblioteca Municipal, o espaço tem a nobre missão de contar a
história da cidade e, com isso, tem ido ao encontro de uma das muitas curiosidades
humanas: a de conhecer tanto o seu passado quanto o do lugar onde mora. “O dia inteiro tem movimento de jovens,
idosos, filhos levando os pais, estudantes em excursão escolar, moradores em
geral, como os das olarias que se identificam com as instalações, e esse resgate
histórico é interessante porque parece que as pessoas sentem falta desse
nacionalismo territorial, do passado, as pessoas têm sede do passado”,
descreve Massucato.
Foto: Montagem a partir de fotos tiradas por Bethos Massucato |
Natasha Morgan, historiadora e
moradora de Mairiporã, afirma que o Memorial é um projeto importante por
oferecer à população local a oportunidade de conhecer a história da cidade. “O
município não tem patrimônio histórico. Todos os prédios importantes que, de
alguma forma, contaram a história não receberam a preocupação do poder público
para o tombamento e preservação. A maioria dos patrimônios da cidade foi
derrubada”, lembra Morgan.
Nota do editor
No dia 27 de março, data de
aniversário da cidade, a Prefeitura de Mairiporã divulgou o que parecer a primeira
e única edição da chamada “Mairiporã em Revista”, com o que seriam as
realizações da atual gestão do prefeito Antônio Aiacyda a pouco menos de dois
de anos de encerrar seu terceiro mandato. A iniciativa do Memorial de História
de Mairiporã não recebeu uma linha sequer das 52 páginas da publicação,
disponível aqui.
A revista diz, em sua capa, que o
seu conteúdo é apenas a título de “prestação de contas” – com as devidas
ressalvas: há ruas não pavimentadas constando no documento como se já tivessem
passado por obras. Bom, já que é para prestar contas, não compreendo por que a
iniciativa do Memorial não consta das páginas da tal revista, quando o espaço,
ainda que sem os devidos recursos – a coluna Mais SP solicitou ao portal da transparência informações quanto à existência ou não de orçamento específico para o projeto, mas não obteve resposta até a publicação deste texto –, nasceu em 2017, ou seja, na atual
administração, e, decerto, foi um dos poucos de seus acertos até aqui.
O espaço da coluna Mais SP está aberto para qualquer
posicionamento da prefeitura.
Memorial de Mairiporã
Com entrada franca e aberto ao
público de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h, o Memorial fica na Biblioteca
Municipal, localizada à Rua Antônio Morelato, 225, no Centro da cidade.
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