Para um "não político", o "prefeito fujão" tem muitos problemas políticos
Por: Claudio Porto e Adriano Garcia.
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Com o lema “Acelera SP”, o paulistano João Agripino da Costa Dória Júnior – João Dória na urna –, de 60
anos de idade, é candidato do Partido da
Social Democracia Brasileira – PSDB ao governo do estado. Empresário
formado em Comunicação Social pela Fundação
Armando Álvares Penteado – FAAP, o ex-prefeito de São Paulo, eleito para o
mandato 2017-2020 e apelidado pela coluna MaisSP deste blog de “prefeito fujão”
– por ter abandonado o cargo para disputar à vaga de governador –, integra
chapa com o deputado federal Rodrigo Garcia, do Democratas, que concorre na condição de vice. Garcia é advogado e
nasceu em Tanabi, no interior.
Foto: Renato S. Cerqueira |
Dono de um patrimônio de cerca de 190 milhões de reais, João
Dória fez carreira no ramo empresarial e da comunicação e marketing, sobretudo
no lobby ou tráfico de influência por meio do Grupo de Líderes Empresariais – LIDE, do qual é presidente
licenciado. O LIDE é conhecido por
promover eventos voltados a empresários, ligados ao grupo, e a classe política
em geral.
O agora postulante à sucessão de Geraldo Alckmin (PSDB), responsável
por inseri-lo na política – padrinho de outrora –, já esteve à frente de
programas televisivos como o “Show
Business”, na RedeTV e Band, e “O Aprendiz”, na RecordTV,
e iniciou trajetória política ainda na década de 1980, quando assumiu a
secretaria municipal de turismo em São Paulo entre 1982 e 1984, durante a
administração Mário Covas, e presidiu a Empresa
Brasileira de Turismo – EMBRATUR, de 1985 a 1987, no governo do presidente
José Sarney. À frente dos trabalhos da
EMBRATUR, Dória chegou a propor que tornassem “atrações turísticas” a busca por
ouro em Serra Pelada, no sudoeste paraense, e a seca nordestina, esta última
sob a justificativa de que todos têm o direito de conhecer “a riqueza e a pobreza do Brasil”. Para uma plateia de empresários
cearenses, à época, ele ainda afirmou que o então governo federal deveria
aumentar os investimentos em turismo e reduzir os valores para irrigação da
região. “A Caatinga nordestina poderia
ser um ponto de visitação turística e gerar uma fonte de renda para a população
sofrida da área”, reforçou o hoje candidato ao governo de SP.
Foto: Sérgio Lima |
Apesar de ser filiado ao PSDB
desde 2001, Dória só veio a disputar um cargo eletivo em 2016, quando
venceu, em 1º turno, as eleições municipais em São Paulo. Com o discurso de que
“não era político e sim gestor”, o ele então assumiu a administração municipal
e ficou apenas 66 semanas – acompanhadas de perto pelo quadro “Semana do Gestor”, da coluna Mais SP – até abandonar o
cargo e os pouco mais de três milhões de votos – 3.085.187 – que recebeu, para estar
no atual pleito. Há quem diga que João Dória fez da Prefeitura um trampolim
político para alçar voos mais altos.
Dória guarda polêmicas em sua passagem pela administração
paulistana. A começar pelas 43 viagens em 11 meses de gestão, o então prefeito
ainda cortou o transporte escolar e a distribuição de leite de estudantes da rede
municipal de ensino; permitiu a matrícula de crianças em creches ainda em
construção; apresentou a farinata, composto de restos de alimentos que, num
primeiro momento, substituiria as cestas básicas distribuídas pela assistência
social do município; escondeu moradores em situação de rua com tapumes embaixo
de viaduto na região central da cidade; envolveu a Prefeitura num rolo de
repasses de medicamentos próximos do vencimento em troca de publicidade para
uma empresa farmacêutica; ridicularizou e retaliou o trabalho de jornalista que
viu funcionários de limpeza da Prefeitura jogando água fria em moradores em
situação de rua, na região da Praça da Sé; inflou números quando da criação de
vagas em creches; montou um secretariado com figuras que dificultam o acesso à
informação por profissionais de comunicação, como no caso envolvendo o assessor
Lucas Tavares, e que cometem fraudes, como André Sturm – secretário municipal
de cultura – e o atual prefeito Bruno Covas – então secretário municipal da
casa civil; e tentou, sem sucesso, aprovar uma contrarreforma da previdência
municipal, impedida por meio da resistência de servidores públicos, sobretudo
professores – apesar da violência empregada pela Guarda Civil Metropolitana –
GCM.
Condenado à perda dos direitos políticos por ter usado a
marca do programa de zeladoria Cidade
Linda para autopublicidade, segundo decisão recente da 1ª instância – cabe
recurso no TRF-3, Dória tem problemas na justiça desde a passagem pela
EMBRATUR. O Tribunal de Contas da União – TCU assina relatório em que constam
“impropriedades de várias ordens” e a “não contabilização de verbas obtidas em
convênio no exterior” na prestação de contas da então empresa estatal de
turismo, assim como contratação de empresas sem licitação e concorrência. O
candidato teria escapado de uma condenação pela intervenção do então ministro
da Corte Adhemar Paladini Ghisi que debitou a desordem financeira, entre outras
argumentações, na alta da inflação e da moratória da dívida externa da época.
Como típico de tucano, João Dória encontrou – e encontra –
amparo na também típica subserviência de alguns mecanismos de justiça,
principalmente tratando-se de um estado governado pelo mesmo partido desde
1994.
No plano de governo protocolado junto ao TRE-SP a campanha de Dória categorizou
14 temas, que vão desde educação à economia e gestão, como pilares de uma
plataforma que deve dar continuidade à gestão tucana.
Sem muito detalhamento, o documento em alguns pontos é
genérico e não aponta propostas efetivas. No tópico “Educação”, por exemplo, diz que “a educação ocupa um lugar de destaque nas sociedades contemporâneas e
nas políticas públicas de governos que têm compromisso com o futuro das
pessoas. E o futuro é agora!”, em um dos muitos trechos com obviedades. A
sequência do plano de governo, recheado de frases de efeito, dá razão ao
eleitor que arrisca supor que se trata de um texto de autor desconhecido no
“ninho” tucano. O que seria um programa de governo para quem ficou conhecido nesta
campanha por comprar e veicular vídeos de bancos de imagens?
Sem descrever caminhos, o ex-prefeito promete levar os
mutirões Corujões da Saúde; os
programas Dr. Saúde de Carretas, Remédio Rápido e Redenção para todo o estado, assim como apoiar municípios quanto à
questão básica de saúde e integração do trabalho da rede hospitalar. Dória tem
mais promessas em campanha de TV e Rádio do que no documento protocolado junto
ao TRE-SP. Medo de ser pego praticando estelionato eleitoral? Talvez.
Na avaliação deste JC!, o programa de Dória, que abandonou a cidade de São Paulo para tentar puxar o tapete de Alckmin na disputa presidencial, além de um falacioso conjunto de ideias de marketing que não se sustentam na prática, como o próprio "Corujão", que é apenas um subterfúgio para a transferência de recursos públicos a grandes hospitais e algo que poderia ser feito dentro da iniciativa pública, nos moldes que o próprio Márcio França alega desejar fazer, tem um caráter ainda mais perigoso: o abraçar do Nazi-Fascismo.
Quando Dória usa frases como: "No meu governo a PM vai atirar pra matar" e "vou pôr a 'Rota na rua'", ele apenas reforça a ideia errada e abraçada pelos zumbis ultraconservadores, como os apoiadores do "Coiso", de que a violência e o narcotráfico se combate correndo atrás de pobres nas favelas, quando não, não é assim. A violência se combate com inteligência policial e desmilitarização das forças policiais, com cada policial sendo também um agente de investigação capacitado e com instrumentos de inteligência que possibilitem quebrar os cabeças do crime organizado - com o qual a gestão tucana já admitiu ter acordos em outros tempos -, ao invés de ficar correndo atrás e atirando pra matar supostos "aviões e vapores" nas periferias. A campanha de Dória representa o elitismo e a alienação e precisa ser sumariamente derrotada nas urnas.
Quando Dória usa frases como: "No meu governo a PM vai atirar pra matar" e "vou pôr a 'Rota na rua'", ele apenas reforça a ideia errada e abraçada pelos zumbis ultraconservadores, como os apoiadores do "Coiso", de que a violência e o narcotráfico se combate correndo atrás de pobres nas favelas, quando não, não é assim. A violência se combate com inteligência policial e desmilitarização das forças policiais, com cada policial sendo também um agente de investigação capacitado e com instrumentos de inteligência que possibilitem quebrar os cabeças do crime organizado - com o qual a gestão tucana já admitiu ter acordos em outros tempos -, ao invés de ficar correndo atrás e atirando pra matar supostos "aviões e vapores" nas periferias. A campanha de Dória representa o elitismo e a alienação e precisa ser sumariamente derrotada nas urnas.
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