Candidato se coloca contra todas as
medidas do (des)governo Temer
Como se nota em todos os trechos deste perfil, Boulos tem um programa bastante completo que, assim como a candidata do PSOL ao governo de São Paulo,Lisete Arelaro, trata-se de uma plataforma maior do que o candidato. É como Plínio dizia: uma ideia que "transcende o candidato, é uma visão do partido, uma visão socialista do mundo". Tratam-se de ideias bem fundamentadas, as quais pairam dúvidas sobre a possibilidade e o capital político usado para cumpri-las, mas o partido defende que, com o povo junto, todas as suas ideias são possíveis de serem implementadas.
Como já citado, Boulos tem grande ligação com os movimentos sociais e com os instrumentos de comunicação do PT. Isso gerou uma divisão dentro do próprio partido, onde se passou uma ideia de que o problema fora resolvido internamente, com a aclamação de sua candidatura à Presidência na convenção partidária, mas parece que ela não decolou entre os eleitores da legenda, e a maioria se dividindo entre Ciro e Haddad, estando Guilherme em terceiro lugar dentre o eleitorado que, em tese, naturalmente seria seu. Essa divisão explicar isso em parte. Por outro lado, o candidato sempre demonstrou muita articulação em todas as aparições públicas, teve grande desempenho em todos os debates, começou a campanha num tom acima, depois, pertinentemente, ajustou-o e dosou com uma ironia ácida em relação a direita política.
Difícil entender por que a candidatura Boulos não consolidou um patamar um pouco maior do que o atual nas pesquisas. Estaria o eleitor tradicional da esquerda preenchido por somente dois vieses, os que estão com Lula e não abrem e aqueles que entendem que o candidato pedetista seria o caminho? E de onde vem os votos do PSTU, que nas atuais pesquisas teria o mesmo patamar do PSOL, uma situação distante da realidade atual do partido. São questionamentos que, talvez, nunca sejam adequadamente respondido ou que a urna dará respostas que os institutos não estão captando.
Por: Claudio Porto e Adriano Garcia.
Para críticas, sugestões ou dúvidas, deixe sua opinião na seção "comentários" logo abaixo ou escreva para: cons.editorialjc@gmail.com
Da coligação “Vamos
sem medo de mudar o Brasil”, de PSOL
e PCB, sai Guilherme Castro Boulos –
Guilherme Boulos na urna –, que sem histórico em cargos eletivos busca comandar
o Palácio do Planalto a partir de 2019 com programa de governo crítico ao
status quo da política nacional e analítico o suficiente para se colocar como
uma candidatura alternativa, uma via de escape. Paulistano com 36 anos
completos, Boulos é o candidato a presidente do Brasil mais novo desde a
redemocratização e tem vida marcada pela luta por moradia à frente do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto – MTST,
do qual figura como coordenador nacional.
Com pais médicos e professores da Universidade de São Paulo – USP, Guilherme Boulos vem de uma
família de classe média de São Paulo e iniciou sua militância junto aos
movimentos sociais, principalmente de esquerda, em 1997, quando entrou para a União da Juventude Comunista – UJC,
coletivo ligado ao Partido Comunista Brasileiro – PCB, e em seguida no Movimento
dos Trabalhadores Sem-Terra – MST e MTST,
onde permanece até hoje. Boulos é formado em Filosofia pela USP, atua como
psicanalista e escritor, e, com passagem por escolas da rede pública de ensino
em São Paulo, hoje leciona em uma escola de especialização. A guinada à
esquerda de Boulos o levou a deixar a casa dos pais para morar em uma ocupação
do MTST, em Osasco, na Grande SP.
Líder de um movimento importante pelas bandeiras que
hasteia, como o déficit habitacional, Guilherme Boulos é constantemente atacado
forças políticas orquestradas – coloca-se no balaio parte da mídia e o lobby
imobiliário formado por políticos e especuladores financeiros – e tachado, por
desconhecimento de causa ou mau-caratismo de seus detratores, de “invasor” pelo
vínculo direto que mantém com as ocupações promovidas por seu grupo. É o que
ele chama, com toda a razão, de “criminalização de movimentos sociais”. Boulos
declarou ao TSE ter bens avaliados em
pouco mais de mil reais.
O candidato ganhou notoriedade por liderar protestos de ruas
e atos em várias cidades do País, especialmente antes da Copa do Mundo de 2014.
A atuação de Boulos à frente do MTST
colaborou para que políticas públicas voltadas à habitação popular deixassem o
papel e tornassem efetivas, como o aumento na oferta de linhas de créditos, o Minha Casa Minha Vida e mudanças nos
planos diretores de municípios no sentido de maior preocupação com a moradia
para sem-tetos.
Por ser líder do MTST,
ligado à rede de movimentos sociais apoiados pelo PT – muito porque este governou o País por 13 anos –, Guilherme
Boulos sempre manteve maior contato com os petistas. O fato não o impediu de
iniciar sua vida partidária no PSOL,
legenda pela qual lançou sua candidatura à Presidência da República. Apesar de considerar a situação do
ex-presidente Lula “injusta”, Boulos se posiciona contrário a algumas práticas
do PT e filiou-se ao PSOL em março deste ano.
Em seu plano de governo – de longe o mais detalhado e com
análise profunda dos desmandos do (des)governo Temer –, Boulos enfatiza que,
caso eleito, revogará todas as medidas tomadas pelo presidente-nosferatu Michel
Temer e defende maior participação do Estado no combate à desigualdade social,
principal bandeira de campanha. São 288 páginas de propostas que vão desde a
implantação de um programa focado em política de investimentos direcionado à
infraestrutura, para aquecer a economia, ao reconhecimento, pelo Estado
brasileiro, da existência dos mais de 300 povos indígenas.
Entre promessas como a reforma tributária progressiva, com
taxação para grandes fortunas e dividendos, Guilherme Boulos propõe o que
denomina de “Transparência e Gestão em
Rede: Pela radicalização da abertura de informações”, com o estímulo para
maior utilização de plebiscitos e referendos como instrumentos de participação
popular, inclusive para revogar ou validar decisões tomadas pelo Congresso
Nacional. O tema é abordado como um dos pontos de sua reforma política que
propõe ainda a manutenção regular dos partidos políticos por meio das
contribuições de filiados e do fundo partidário; o fim da cláusula de barreira;
proibição do licenciamento de cargo eletivo para disputar eleições;
distribuição igualitária do tempo de TV e do fundo público de campanha; entre
outras proposituras.
Boulos destaca como propostas de governo a desmilitarização
de todas as forças policiais; o fim da atual política de guerra às drogas; a
destinação de recursos necessários para a Lei Maria da Penha; a urbanização das
favelas e a garantia de habitação de interesse social nas zonas urbana e rural;
a destinação de 1% do PIB para o combate à violência contra a mulher, por meio
do que a plataforma intitulou de “Pacto
Nacional contra a Violência e Pela vida das Mulheres”; políticas de
formação e emprego para o grupo LGBTI,
assim como reconhecimento de identidade social para integrantes desse grupo; e
a defesa do Estado laico e o veto a leis que ele considere conservadora.
A plataforma psolista apregoa o reconhecimento das
organizações de prostitutas, na luta por direitos trabalhistas, e a defesa do
projeto de lei, proposto pelo deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), que cria
espaços de vivência para transexuais em presídios. Ainda consta do plano de
governo a federalização da rede pública de ensino e mudanças em programas de
incentivo a educação superior, como Prouni e FIES, que passarão, em caso de
vitória de Boulos, a oferecer vagas na rede pública de universidades. Guilherme
Boulos promete gerar um milhão de novas vagas no ensino superior, reforçando a
expansão dos institutos federais, e regular os prestadores de serviços de
educação privada no combate a oligopolização.
Expandir a cobertura da atenção básica de saúde; reverter à
renúncia fiscal e impedir a participação de investidores financeiros e
estrangeiros na gestão de planos de saúde; valorização dos profissionais de
segurança e a regulamentação de programas policialescos; criação do que chama
de “Sistema Único de Cidades”;
proteção das águas e sistemas hídricos e a demarcação de terras indígenas;
reforma agrária popular; e a introdução a metas de emprego na política
monetária constam ainda do plano de governo protocolado pela chapa de Guilherme
Boulos, que leva como candidata a vice-presidente do Brasil, a líder indígena
Sônia Guajajara.
Como se nota em todos os trechos deste perfil, Boulos tem um programa bastante completo que, assim como a candidata do PSOL ao governo de São Paulo,Lisete Arelaro, trata-se de uma plataforma maior do que o candidato. É como Plínio dizia: uma ideia que "transcende o candidato, é uma visão do partido, uma visão socialista do mundo". Tratam-se de ideias bem fundamentadas, as quais pairam dúvidas sobre a possibilidade e o capital político usado para cumpri-las, mas o partido defende que, com o povo junto, todas as suas ideias são possíveis de serem implementadas.
Como já citado, Boulos tem grande ligação com os movimentos sociais e com os instrumentos de comunicação do PT. Isso gerou uma divisão dentro do próprio partido, onde se passou uma ideia de que o problema fora resolvido internamente, com a aclamação de sua candidatura à Presidência na convenção partidária, mas parece que ela não decolou entre os eleitores da legenda, e a maioria se dividindo entre Ciro e Haddad, estando Guilherme em terceiro lugar dentre o eleitorado que, em tese, naturalmente seria seu. Essa divisão explicar isso em parte. Por outro lado, o candidato sempre demonstrou muita articulação em todas as aparições públicas, teve grande desempenho em todos os debates, começou a campanha num tom acima, depois, pertinentemente, ajustou-o e dosou com uma ironia ácida em relação a direita política.
Difícil entender por que a candidatura Boulos não consolidou um patamar um pouco maior do que o atual nas pesquisas. Estaria o eleitor tradicional da esquerda preenchido por somente dois vieses, os que estão com Lula e não abrem e aqueles que entendem que o candidato pedetista seria o caminho? E de onde vem os votos do PSTU, que nas atuais pesquisas teria o mesmo patamar do PSOL, uma situação distante da realidade atual do partido. São questionamentos que, talvez, nunca sejam adequadamente respondido ou que a urna dará respostas que os institutos não estão captando.
Por: Claudio Porto e Adriano Garcia.
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