Entrevistamos o ator e locutor Renato Basilla (46), que falou sobre o filme que acaba de filmar e deve ser lançado em 2019, "A menina feita de espinhos", onde interpretará Rubens, personagem fundamental na trama. Além de falar sobre sua carreira e as dificuldades que quem trabalha com arte enfrenta no Brasil. 


Jovens Cronistas - Adriano Garcia: Conta um pouco pra gente sobre a história do filme e sobre o seu personagem?

Renato Basilla: Bom, como o próprio nome do filme já indica, trata-se de uma menina que nasceu com espinhos por todo o corpo e que contém um veneno que somente a própria é imune. A partir daí se desenvolve a história sobre as relações dela com a família, pessoas, preconceito, medo, julgamento e o quanto se valoriza a casca em detrimento do interior. Eu faço o pai da Kat, que é a personagem principal, meu nome é Rubens.

Um personagem desafiador pois ele se relaciona diretamente com a protagonista em todas as fases e não pode tocá-la, precisa sempre permear suas atitudes contra a raiva e frustração que ficam bem contidas, porém nítidas com sutileza, porque precisa dar amor, carinho e um apoio muito grande pra filha, que precisa enfrentar o medo, a falta de compreensão humana e um preconceito arraigado, carregado nojentamente por parte dos cidadãos ao redor dela.


E você considera esse o maior personagem da sua carreira de ator? Qual foi a sua emoção ao ser convidado? 

Basilla: Acredito que sim. Fiz alguns muito instigantes mas esse é mais completo e como é um dos protagonistas o envolvimento e a preparação são mais intensos naturalmente. Fui chamado inicialmente pra fazer o papel de diretor da escola onde “Kat” estuda, mas por desistência do ator que estava no papel do pai dela, e o Irajá Lima, um dos produtores do filme, me fez o convite para fazer esse outro personagem o que me deixou bastante feliz e satisfeito.


Você falou de outros personagens? Essa é a sua estreia no cinema? Fale um pouco pra gente sobre a sua carreira nas telas?

Basilla: Antes de mais nada e acima de tudo, amo cinema. Estou chegando próximo do filme independente de número oitenta desde 2011. Destes, 5 são longas metragens como esse da “Menina...”. Algumas participações em séries como “De(s)encontros do Rodrigo Bernardo que foi ao ar no Canal Sony, em “O Negócio” da HBO e “Gigantes do Brasil” no History Channel.


E nessa carreira árdua, porém com grandes vitórias, você também fez muito teatro, conta um pouco pra gente sobre essa experiência? 


Basilla: Sim, especialmente nos últimos quatro anos, completados no dia 27/07 na “Cia Mas Porquê?” de teatro infantil. Fiz teatro também na Escola de Atores Wolf Maya e depois com os amigos de lá mesmo levamos o espetáculo “A Capital Federal” pro Festival de Curitiba em 2008; em 2010 fiz parte do elenco de “Quarto do Nada” de Fernando Ceylão dirigido por Lucianno Mazza e em 2014 entrei pra “Cia Mas Porquê?” de teatro infantil onde fiz muitos textos diferentes com destaque para “A Bela e a Fera”, “Frozen” e “Pocahontas”, entre outras.


E o que representou pra ti esse trabalho no teatro infantil, com as crianças? Tem uma energia diferente? 

Basilla: É incrível trabalhar com crianças pela sinceridade e energia delas


E TV, você fez séries, como já disse, mas tens uma postura legal pra TV, até mesmo pra dramaturgia, como "galã". Te atrai a possibilidade de um dia fazer TV, fazer novelas quem sabe? 


Basilla: Olha, com certeza atrai por se tratar do ramo da dramaturgia mais desenvolvido (Globo) no país, mas não sou fanático por isso, ou não é meu foco principal. Obviamente não desperdiçaria uma oportunidade dessas que poderia, inclusive, divulgar e impulsionar meu trabalho para centros diferentes no país.



Eu te conheci como locutor esportivo, na WebRádio Gol & Rock (clique), o que me remete a dois outros caras que venceram em funções distintas no ramo da comunicação, o Marco Antônio que é um dublador dos melhores do Brasil e também locutor e o Carlos Alberto, dublador do Homer Simpson, que é também apresentador do Esporte Interativo. Como você vê essa carreira "paralela" como locutor? 

Basilla: Quem trabalha como artista no Brasil precisa ter múltiplas funções e aptidões pra conseguir sobreviver dignamente, principalmente no circuito independente, e pude aliar o trabalho com a voz que amo fazer desde os tempos de vocalista da banda de metal “Vorace”. Comecei em 2011 como locutor comercial no Estúdio Dublamax do meu amigo SÍlvio Puertas, depois dublagem e ano passado fiz o curso de Locução Esportiva no Senac Scipião onde conheci os amigos que hoje estão comigo na web radio Gol&Rock. Um agradecimento especial ao professor Gomão Ribeiro por acreditar em mim apesar da minha idade não ser a “padrão” para se começar algo, ainda mais nesse país.

Além do mais, sou maníaco por esporte e trabalhar com futebol é e sempre foi algo que quis fazer, um lugar onde sempre quis estar. Agradeço ao Rodrigo Tognato da Gol & Rock pela confiança e parceria. Sou afilhado do grande Geraldo José de Almeida e isso por si só já é muito inspirador.


Um grande tabu no esporte é o fato de que todos torcemos. Como você lida com isso nas transmissões?

Basilla:  (Risos)... Acho até que lido bem, no momento da transmissão encaro com bastante responsabilidade e respeito por quem está ouvindo, portanto não dá muito pra torcer ou se posicionar. A não ser em algumas escalas onde você, o comentarista e o repórter torcem pro mesmo time e este está perdendo... Aí rolam umas cornetadas mais ácidas, (risos). Então eu lido bem, antes de sermos praticamente qualquer coisa na vida já somos torcedores, portanto temos que ter bom senso e não negar o óbvio. 


Voltando a falar do filme, está em que fase, ainda em pré produção, em filmagens? 

Basilla: Na verdade já está na fase de pós produção, sendo editado, filmamos agora em julho e esperamos que a edição fique pronta amanhã! Ainda faremos a finalização na Irlanda e então acreditamos que estará pronto em 2019. 




E já há uma programação pra que o filme seja lançado, uma data no ano que vem? 

Basilla: Ainda não. Essas coisas são mais com os produtores, a Universo dos Livros que editou os livros da Fabiane Ribeiro está junto conosco também e então ainda haverá muitas ações de divulgação e marketing atreladas. Estaremos dia 11/08 na Bienal do Livro de São Paulo divulgando o filme, por exemplo. 

Nos próximos cinco anos, como você enxerga a sua carreira? 

Basilla: Espero ainda estar fascinado pelo que faço, cheio de sonhos e novos projetos, sou muito grato e feliz por ter escolhido esse caminho e quero aproveitar cada segundo, cada quilômetro do percurso.


Qual a pergunta que você gostaria de ter respondido e eu não fiz? 

Basilla: Acho que talvez sobre as condições dos profissionais da arte no Brasil. É importante se posicionar a favor da sua profissão, dos seus parceiros profissionais e da falta de uma política de carreira para os artistas que envolvesse aposentadoria e auxílio aos menos afortunados. Nosso sindicato é inoperante e manipulado, portanto sem a união de todos fica difícil mudar o “status quo”.


Nessa então eu emendo outra pergunta, se fala muito da "Lei Rouanet" e muitos até com desrespeito a arte em si, de que o Estado "nada tem com isso", o que você pensa do mecanismo e como ele poderia na sua opinião ser mais eficaz?

Basilla: Penso que é o mecanismo certo com o povo errado. Você só vê gente que tem "estofo" artístico e de produção ser favorecido pela lei, não quem realmente precisa mostrar a cara, além desse suporte financeiro. Porque eu penso isso? (como dizia Salvador Hugo Palaia, ex-Presidente do Palmeiras) Porque aqui tudo tem cunho político, politicagem e jogo de interesses. Simples assim.


Seu recado final para os nossos leitores e o público? 

Basilla: (Com um relógio de bolso balançando à frente dos leitores:) Assistam “A Menina Feita de Espinhos”, assistam “A Menina Feita de Espinhos”, assistam... (risos), um grande abraço a todos e tenho a impressão de que irão se surpreender com esse filme.



Deixamos mais que aberto o convite para uma nova entrevista, tanto quando do lançamento do filme, como para novos trabalhos, agradecemos grandemente pela entrevista. 




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Imagens: Acervo do entrevistado. 


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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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