Irmãos Gomes bem que tentaram, mas grupo político movido a fisiologismo fechou com o “Santo”
Considerado bom quadro político por parte do eleitorado,
sobretudo do espectro à esquerda, o candidato à Presidência da República pelo
PDT, Ciro Gomes, na figura de seu irmão Cid Gomes – articulador da campanha
pedetista -, bem que tentou colocar a perder seu discurso convincente, mas, no
final das contas, saiu do campo de negociação partidária sem se entregar. O chamado
“Centrão”, grupo de partidos políticos que, apesar das alterações entre seus
membros ao longo dos anos, detém forte influência na pauta do Congresso
Nacional desde a Constituinte, preferiu o pindamonhangabense GeraldoAlckmin (PSDB-SP) (clique!) ao também nascido em Pindamonhangaba, porém
radicado no Ceará, Ciro Gomes (PDT).
Do alto de seus 60 anos de idade, Ciro já governou o estado
e a capital do Ceará; esteve na esplanada dos ministérios nos governos Itamar
Franco e Lula; busca a Presidência da República pela terceira vez; carrega
discurso forte e apresenta programa de governo pró-desenvolvimentista e
satisfatório em vários pontos, como a manutenção de programas sociais e a
preocupação com o patrimônio público brasileiro. Para Ciro, a pré-candidatura à
Presidência se encerrou na sexta-feira (20), marcada pela convenção nacional do
PDT e a confirmação de seu nome como candidato da legenda na corrida ao
Planalto.
Ciro incumbiu à coordenação de sua terceira postulação ao
Planalto ao seu irmão, o também político Cid Gomes. Cid, em nome de um arco de
alianças em torno da candidatura de Ciro, tratou de conversar com todas as
legendas possíveis, independente da direção ideológica que algumas carregam, e
recorreu ao PT, PSB e PC do B enquanto as notíciasdavam conta de negociações com DEM, PR, PP, PRB e Solidariedade, partidos queconstituem o “Centrão”. Dada as negativas de PT, que, pela força política
junto ao eleitorado, decidiu pela inscrição do ex-presidente Lula como
candidato no próximo dia 15/08, e do PC do B, que se coloca como torcedor por união
em torno de um candidato assumidamente de esquerda – ou progressista, como
preferir -, Cid trabalhou para que a candidatura de seu irmão representasse algo,
mesmo que viesse a ser o aclamado centro político à direita, já que, na
política, a definição para o termo centro tem lado. Além
do status de “candidato de Centro”, Cid buscava tempo de Rádio e TV para a candidatura de seu irmão. Hoje sem coligação, Ciro Gomes (PDT) tem 0:28s, em dois blocos diários, para o seu programa eleitoral.
Com exceção do DEM, todos os outros partidos do bloco
estiveram na base dos governos petistas e Cid, representando seu irmão, parece
ter almejado o modelo conciliador que levou a sigla da estrela vermelha, hoje,
lutar pela libertação de sua principal figura política, presa há mais de três
meses. A estratégia política de coalização, apesar de necessária, mostrou-se
verdadeira máquina de destruir figuras políticas e ideais.
Para o bem de Ciro e de seu eleitorado, que ameaçou tomar
para si o que de pior carregam os militantes pró-mito: a repressão ao
contraditório, o bloco que deu sustentação ao Partido dos Trabalhadores e
depois o traiu com o apoio ao presidente-nosferatu e sua desastrosa agenda
político-econômica anuncia no dia 26/07, pela manhã, a aliança junto ao PSDB e
a candidaturado peso-morto político Geraldo Alckmin (clique!).
De acordo com matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, os caciques do bloco,
que Ciro buscou aliança e que agora dará sustentação à Alckmin, são alvos de 13
inquéritos por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, além de hastearem
bandeiras que vão desde a precarização das relações de trabalho, com a
terceirização irrestrita e a contrarreforma trabalhista, ao desmonte do
patrimônio público brasileiro nos leilões de áreas do Pré-Sal e da matriz
energética do País.
Ciro está de volta à esquerda – ou ao progressismo, como
preferir - que ele, com todos os recentes rumores, parece ter relutado
representar. Em campanha pelo estado do Maranhão, o candidato participou do
programa Resenha, da TV Difusora, e
disse que o ex-presidente Lula só “tem
chance de sair da cadeia se a gente [candidatos à esquerda] assumir o poder e organizar a carga. Botar
juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar
para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político”. Para quem foi cobrado por não ter assinado o
manifesto online que pede pelo direito à candidatura de Lula, Ciro, com a
posição, demostrou vontade de retomar negociações com seu campo.
Ciro e Cid retomam as conversas, agora sim por “hegemonia
moral e intelectual”, buscando emplacar a candidatura pedetista como a de
unidade do campo à esquerda. Ainda à emissora de tevê maranhense, Ciro afirma
que “gosto muito do Lula, mas só porque
gosto muito, ele vai apontar outra Dilma. O Brasil está em um momento muito
difícil, precisando de pulso, liderança, autoridade até para corrigir a carga”.
Com a indefinição ditando os caminhos, a política brasileira
se aproxima das eleições com dificuldade no coser das alianças. Caso não tivesse
confirmado sua candidatura em convenção partidária, não estranharia, a essa
altura, Ciro como vice de uma chapa encabeçada pelo ex-presidente Lula. Hoje,
apesar de o nome de Ciro ainda não ter sido registrado no TSE, essa chapa seria
possível apenas em caso de cessão da cabeça em uma eventual chapa por parte do
lado petista, que é improvável pela força eleitoral do partido.
Ao menos Ciro deixou a “alta nata de tudo o que não presta”,
segundo o candidato do PSL, para Geraldo Alckmin (PSDB), que, com essa aliança,
é “o governo Temer sem o Temer”, de acordo com o ex-prefeito de São Paulo,
Fernando Haddad (PT).
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