O impeachment de
Dilma foi consequência, entre outros fatores, de uma denúncia. Logo, o
denunciado Temer, se houver pressão, pode cair.
Já está na Câmara dos Deputados a denúncia por obstrução a Justiça e formação de organização criminosa, pelo “Quadrilhão do PMDB”, contra o presidente Michel Temer. Isso quer
dizer que Temer está mesma situação da ex-presidente Dilma Rousseff: denunciado
com a possibilidade, se não detiver de votos suficientes para arquivar a
denúncia e haver pressão genuinamente popular, de ser "impichado".
Claro que o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
autor das duas denúncias contra Temer, não carrega o prestígio e força de um
grupo com integrantes como Miguel Reale Junior, Janaína Paschoal e Hélio Bicudo
– os protocoladores do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff. Ele, no
máximo, disparou flechadas vislumbrando uma possível candidatura nas próximas
eleições ao governo de Minas Gerais. Além, dos equívocos na amarração do acordo
entre a Procuradoria-Geral e os delatores Joesley e Wesley Batista, que
imunizou os irmãos donos da J&F.
As duas denúncias apresentadas, a primeira por corrupção
passiva e agora por obstrução a Justiça e formação de organização criminosa,
são mais explícitas e didáticas do que as tais “pedaladas” que levaram Dilma ao
ostracismo. Aliás, esta incompreensão por parte considerável da opinião pública
a respeito das motivações envolta do impeachment, em muitos casos com o
discurso de que a ex-presidente teria saído por conta de uma corrupção que
vemos não ser exclusivo do Partido dos Trabalhadores e não pelo rotineiro crime
de responsabilidade fiscal, serviu de combustível para um levante expressivo da
população brasileira. Milhares de pessoas foram às ruas e Dilma caiu.
Quando na época do impeachment, boa parte dos veículos
midiáticos difundia o afastamento da ex-presidente vinculado às informações que
iam aparecendo com o avanço das investigações. Muitas delas sem relação com a presidente ou
com o seu governo.
No caso de Michel Temer e seu (des)governo, os mesmos
veículos midiáticos pouco expõem o elevado grau das denúncias e dos dados trazidos
por elas. São escândalos de corrupção tratados como não sendo escândalos. O papel em elucidar e explicar foi alterado, por posicionamentos
políticos, obviamente, e agora se resume a comentar as exigências regimentais
para se arquivar a denúncia – o número de votos necessários – e a explícita
compra de votos favoráveis ao presidente em troca de cargos e liberação de
emendas, como uma banalidade típica brasileira.
Este ano, as denúncias trazem áudios, vídeos e documentos
que sustentam os pontos apresentados pelo Ministério Público Federal contra,
desta vez, o presidente Michel Temer e seus dois ministros, Moreira Franco, da
Secretaria-Geral da Presidência da República, e Eliseu Padilha, ministro chefe da
Casa Civil. Sem aqui mencionar os outros denunciados, que já estão presos.
Para impedir o avanço da denúncia na Câmara dos deputados, assim
como já tinha feito na primeira por crime de corrupção passiva, os defensores
de Temer cobram por mais favores e cargos. E isso é muito contraditório, já que
um dos crimes apontados na denúncia é por formação de organização criminosa,
quando o presidente Temer teria comprado deputados com favores e cargos em
empresas estatais.
Caso a denúncia seja aceita - improvável – pela Câmara e
seria enviada de volta ao STF para a investigação e o julgamento do presidente
que seria afastado por até 180 dias. Rodrigo Maia (DEM-RJ), deputado federal e
presidente da Câmara, assumiria a presidência e, caso o presidente seja condenado,
teria de convocar eleições indiretas com candidatos apresentados pelos
congressistas.
Já pensando neste cenário, o ex-ministro da Defesa, da Ciência
e Tecnologia, dos Esportes nos governos Lula e Dilma, Aldo Rebelo (PSB-SP),
deixou o Partido Comunista do Brasil (PC do B) e se filiou ao Partido
Socialista Brasileiro (PSB), para formar uma chapa com o presidente da Câmara,
deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), em um possível afastamento de Temer. E isso,
acredite, é pior que Temer e seu (des)governo. Teríamos um acordão entre um partido
de ascendência totalitária – DEM descende da ARENA, partido de sustentação a
Ditadura Militar – e um partido dito socialista em busca de quê?
Há comentários de que Aldo Rebelo, por ter sido ministro da
Defesa e transitar com facilidade entre os progressistas, seria o nome das
Forças Armadas, a mesma que já admitiu uma intervenção militar caso necessário.
O enredo é o mesmo de Dilma Rousseff, com o diferencial de
que o presidente Temer, pode não ter aprovação popular, mas também não conta
com oposição popular. E seus parceiras, a tal governabilidade, mesmo tendo a
transmissão da sessão pelo prosseguimento ou não da denúncia garantida pela “Platinada”,
não devem se opor a vontade Temer em arquivar mais essa denúncia e permanecer
no poder até o fim do próximo ano.
Para ele cair, basta - e realmente é só isso - pressão
popular.
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