Ele voltou...


O hiato não o fez perder o brilhantismo em compor e cantar, e, muito menos, abalou seu espírito de manifesto. À revelia dos mais desafortunados, os recentes desmandos governamentais alimentaram o credo de que as instituições, antes tratadas como inabaláveis, são frágeis e, impostoramente, necessitam de reformas para continuarem, agora mais do nunca, mantendo o bem-estar das pérfidas alianças. 
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)

Mas ele voltou. Com o seu Tua Cantiga, o Julinho da Adelaide, no período de Ustra,Geisel e Costa e Silva, ou Chico Buarque de Hollanda abriu mão do tempo sabático ( sem lançamentos desde 2011) para, sob o romantismo ardente da paixão, convocar-nos a estarmos a disposição da democracia, mesmo quando o “vigia se alvoroçar”


Patrono de Cotidiano, Pedro Pedreiro, Cálice entre outros lirismos, Buarque vem com Tua Cantiga no mais esquizofrênico dos momentos: quando se revoltam por mudanças em PIS/CONFINS e brincam de “pique-esconde” com as desigualdades latentes. Aliás, “pique-esconde” que se limita a pejorar a luta por direitos e contra a desigualdade de vitimização ou de parte de um programa ideológico-partidário.


Tua Cantiga é um canto a democracia que, em tempos, anda desacreditada e, por conta de um “desalmado”, chorosa “deixa cair” o lenço no aguardo do impulso democrático capaz de largar mulher e filhos, e de joelhos segui-la.


É Chico sendo Buarque desde sempre. 

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Claudio Porto

Jornalista independente.

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