Na noite desta sexta (2), foi realizado pela RedeTV, em parceria com UOL, Veja e Facebook, o segundo debate desta corrida á Prefeitura de São Paulo. O encontro foi mediado pelas competentíssimas Mariana Godoy e Amanda Klein e contou também com a participação de jornalistas dos três veículos de comunicação que participaram do evento realizando perguntas aos candidatos, com réplica de 15 segundos, algo que (ao menos pra mim) é inédito e com perguntas da população, o que é uma inovação já adotada no debate anterior e de suma importância.

Desta vez o confronto entre os candidatos foi mais tenso que no Debate BAND (Clique), muito pela conduta de João Dória, que adota á cada dia que passa um tom de campanha mais agressivo, crendo que com isso irá crescer nas pesquisas. Mas também por respostas firmes como as de Haddad e um debate onde se falou mais do plano federal e de questões ideológicas que no primeiro, por razões óbvias.

Não se destaca positivamente a atuação dos jornalistas convidados. Tagliaferri como sempre foi bastante preciso nas suas colocações (foi praticamente o único jornalista que debateu a cidade), mas no questionamento em relação ao Uber ficou uma certa sombra e a conversa ficou um tanto ríspida. Diogo Pinheiro se ateve mais a questões técnicas. E (como já esperado) Pedro Dias Leite exagerou em questões ideológicas, o que acaba não contribuindo ao espectador.


Como sempre fazemos, vamos falar rapidamente algumas ideias sobre temas da cidade que podem ser melhor desenvolvidas pelos candidatos para a melhoria da cidade:


Educação - Como já dissemos no primeiro debate, é preciso investimento em escola de tempo integral e sem aprovação automática aproveitando a grande estrutura dos CEUs que existem na cidade e construindo novos. Aliás, os CEUs são subaproveitados desde o fim da gestão de sua criadora. Diminuíram muito as atividades realizadas neste espaço, isso voltou a ter fôlego apenas no fim da gestão atual, que investiu nas "Fábricas de Cultura", ótimo investimento, mas onde há CEU, não precisa haver esse novo equipamento, os CEUs comportam essas atividades e os CELs e CDMs também podem ser utilizados sobretudo em atividades de esporte e lazer, criando uma cultura esportiva e inclusiva na cidade.

Aliás, esses três equipamentos públicos podem ser explorados 24 horas por dia, podem ajudar até no problema dos "pancadões", com atividades artísticas, shows, cinema, teatro, atividades que á médio prazo podem ajudar a melhorar essa questão.


Mobilidade Urbana: Bem, as realizações dessa gestão tiveram extremos de qualidade. Foi muito positiva a criação da rede Noturna, que atende entre 0 e 4h os usuários da madrugada, até então quase abandonados com linhas esparsas pela cidade e longos intervalos. Dória que cogitou acabar com isso por "ser caro para os empresários, voltou atrás e disse que quer fazer parceria com o estado para que Metrô e CPTM operem também na madrugada. JAMAIS ocorreu e temo que não ocorra, até pela necessidade operacional.

Por outro lado, depõem contra a atual gestão algumas Ciclovias e corredores de ônibus sem planejamento. Porém, Marta cita a "necessidade" de se fazerem corredores de ônibus na Radial Leste e na Celso Garcia. Garanto-lhes, NÃO HÁ ESPAÇO. Ou ela novamente não cumprirá essa promessa se eleita (havia prometido isso na campanha vitoriosa) ou essas avenidas ficarão ainda mais caóticas do que são, pois não tem faixas para tal.


Segurança: Realmente a Prefeitura não pode fazer muito, dada a responsabilidade constitucional pela segurança pública ser dos governos estaduais. Mas algo pode ser feito. Realmente na zona leste citada por Haddad houve sim a implementação da iluminação led. Medida importante e se aliadas á câmeras inteligentes ajudará muito no combate á criminalidade. Porém se pode fazer mais, a GCM hoje, como bem colocou Erundina não cumpre o seu papel. A GCM pode e deve fazer ronda no entorno dos equipamentos públicos da cidade, melhorando assim a segurança da população.

Vale citar rapidamente essa ideia da descentralização da cidade (não é o primeiro pleito onde se fala dela) em colocada em prática pode ajudar muito a cidade em todos os aspectos. Mas por mais incentivos fiscais que a prefeitura possa dar, empresas instaladas no centro há décadas não migrarão para as periferias. Nesse sentido é importante o programa de moradias no centro, que já vem colhendo frutos. Mas também é importante uma reestruturação da COHAB e de programas de moradia popular na cidade, citadas por Russomanno e de uma forma mais geral, por Erundina.


Agora vamos a avaliação das atuações de cada candidato, na ordem em que estavam posicionados no estúdio.


Marta Suplicy (PMDB) - A postura da candidata melhorou em relação ao primeiro confronto, onde ela parecia um tanto "sonolenta". Se colocou de forma clara, objetiva. Algumas escorregadas como a já citada em relação á mobilidade, mas foi uma participação interessante, assim como a que a candidata tem tido no programa eleitoral, onde ela tem usado bem o seu tempo para enaltecer o que houve de positivo na sua gestão. Tem conduzido com inteligência a campanha no sentido de buscar a diminuição de sua rejeição, através de uma nova postura. O ponto negativo é que ainda faltam propostas mais concretas.


Luíza Erundina (PSOL) - E graças a recomendação do TSE, de que mesmo com "baixa" representatividade parlamentar, candidatos que estejam bem nas pesquisas participem dos debates. Erundina teve o direito de participar do debate. Nada mais justo, afinal é uma mulher guerreira em todos os sentidos, que deu sua vida inteira em nome das causas sociais e que mesmo num partido sem tempo de TV, mesmo com uma candidatura pouco veiculada na mídia, tem chances reais de ir ao 2º turno, muito pela lembrança que a população tem de sua gestão e de sua atuação política.

Por outro lado, Erundina foi um tanto dispersa, faltou algo de mais concreto em suas respostas. Pautou-se muito por questões ideológicas (como dificilmente deixará de ser) o que pode ter afetado a ideia de debater a cidade. Mas nesses debates ideológicos saiu-se bem, mesmo ante a forte dialética do atual prefeito. Para os próximos confrontos é esperar que ela mantenha o que foi positivo e seja mais concreta, para seguir tendo chances de avançar ao 2º turno.


Celso Russomanno (PRB) - É inegável a trajetória de Russomanno com repórter popular, atuando na defesa dos direitos do consumidor, é um político habilidoso e independente de questões ideológicas e de estar num partido que é braço politico do grupo Record/Universal, é um nome interessante com posições fortes.

Falta um pouco mais de objetividade e conhecimento (por incrível que pareça, afinal ele se coloca como usuário) dos serviços públicos. Como por exemplo na questão do transporte, onde ele desconhece o fato de que a maioria dos coletivos da cidade já tem câmeras para o reconhecimento facial. O que ocorre é que muitos ainda não usam o bilhete que contem o cadastro com a foto do usuário, o que dificulta a fiscalização. Falta ainda mais objetividade em suas propostas, "fazer funcionar direito reduzindo gastos" fica ainda um pouco distante do entendimento coletivo.


João Dória (PSDB) - Foi um tanto (pra ser comedido) desagradável a participação deste candidato no debate, sempre partindo para o ataque, para a ofensa, gerando um clima pesado, com colocações que nada acrescentarão á discussão dos problemas DA CIDADE. Dória tem adotado uma postura de ataques e de propostas mirabolantes com "belos nomes" em sua campanha. Esse tipo de político que "aperta a mão das pessoas e lava a mão em seguida", que "beija criancinhas e limpa a boca", que faz propostas mirabolantes que SABE QUE NÃO VAI CUMPRIR já está "manjado" pela população, isso não terá efeito prático. O candidato precisa repensar sua estratégia, não é desespero e varinha mágica que o colocarão no 2º turno.


Olímpio (SD) - O candidato melhorou um pouco em relação ao primeiro debate (não que isso signifique muito), conseguiu se colocar com um pouco (bem pouco) mais de clareza. Apesar de ainda faltar muito para entendermos suas colocações. Outro que ataca bastante, mas dele não é surpresa. Quando confrontado com sua história política, não teve o que responder. Aliás, nem ele, nem o partido. Até por que, o SD é o "Partido do Paulinho" e a única figura pública positiva que nos vem á mente com tal nome é o ex-jogador do Corinthians e da seleção.


Fernando Haddad (PT) - Nós temos falado bastante sobre erros e acertos de sua gestão, não por preferência (longe disso) e sim por que ele é o prefeito, a vidraça, quem está sob avaliação. É ele quem comanda a cidade, obviamente se faz o comparativo. Entre erros e acertos de sua gestão e postura, vale comentar como sempre a sua dialética. Se coloca muito bem, até quando questionado sobre a manobra política que levou Temer á Presidência, se posicionou de uma forma muito correta. É um nome que o PT pode seguir observando, visando sua reconstrução.

Por outro lado, o prefeito tem criado uma imagem excessivamente positiva de sua gestão. Vale pra ele o mesmo que já citado aqui, a população não acredita mais em ideias mirabolantes, em administrações que se vendem como perfeitas. Há uma linha muito tênue no funcionamento positivo ou negativo desse tipo de tática, que Haddad deve observar.



Vale observar que novamente ficaram de fora: Ricardo Young (REDE), Levy Fidelix (PRTB), Altino (PSTU), Henrique Áreas (PCO) João Bico (PSDC). Devido a não-representatividade parlamentar de seus partidos.



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Foto: FolhaPress. 



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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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