A desonestidade do programa denominado “Escola sem Partido” já fica explícita na adoção da palavra "partido", com intuito de obter a adesão de incautos. Esse projeto, que está em tramitação e alega combater a doutrinação marxista nas escolas, é estupidez de uma direita delirante que desconhece (ou finge desconhecer) a realidade do país em que vive, ao almejar substituir o que imagina que seja uma ideologia em sala de aula por outra ideologia, uma ideologia conservadora.

Esmiuçarei alguns tópicos que elucidam bem esse tema:

1 – Já que a doutrinação é marxista, me diga quantas pessoas você conhece que saibam o que é materialismo histórico e dialético, mais-valia e divisão social do trabalho.

2 – É possível haver doutrinação marxista onde vigora um Ensino Médio voltado à preparação para a competitividade do mercado de trabalho?

3 – Outro pretexto aludido é que são abordadas obras de Marx e não de teóricos liberais. Logo, presume-se que essa turba sequer frequentou uma escola, pois a disciplina “Economia” não faz parte dos planos de estudo do Ensino Fundamental e Médio. Marx é lecionado, porque além de um economista, trata-se de um filósofo e sociólogo. Quer estudar economia? Vá para a faculdade!

4 – As maiores doutrinações a quais somos submetidos desde o momento em que nascemos são a cristã (internalizada em nossa sociedade desde a atuação dos jesuítas no Brasil) e a consumista (presente constantemente em propagandas na TV). São essas as ideologias soberanas e jamais a vi sendo contestadas. Em razão disso, é necessário que o papel da escola seja, realmente, o de estimular o pensamento crítico, pois caso contrário o que prevalece é o pensamento dominante.

5 – Pra finalizar, brindo-lhes com essa máxima de Paulo Freire, um dos pensadores mais notáveis na história da Pedagogia mundial: “Não existe imparcialidade. Todos são orientados por uma base ideológica. A questão é: sua base ideológica é inclusiva ou excludente?”.
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