Olá amigos da velocidade! O segundo fim de semana de grande prêmio da temporada 2015 da Fórmula 1 foi concluído. O local, a Malásia. Terra de incertezas, onde a única certeza é que, em algum momento do fim de semana, vai chover. Certamente não haveria local mais simbólico para o acontecimento desta madrugada brasileira. Aonde aconteceu o que ninguém esperava, Sebastian Vettel só não fez chover, e com uma atuação brilhante, derrotou a dupla da Mercedes em condições normais de pista! Um triunfo histórico, um início de temporada espetacular, e um momento pra ser lembrado durante toda a carreira do alemão. A crônica de hoje tem como astro principal o menino Seb, a ascensão de uma Ferrari bem diferente de como ficou conhecida, e a história de um domingo especial. Vamos à ela:

Vettel comemora com equipe vitória histórica na Malásia
A corrida começou a ser definida bem antes da largada. O desempenho da Ferrari era rápido desde os treinos livres, Räikkönen colocou o bólido italiano na segunda posição na sexta-feira, algo inesperado até mesmo pelos fãs do time de Maranello. No sábado, veio a chuva. Raikkönen ficou preso no tráfego e caiu no Q2 por 0.3 segundos. Já Vettel conseguiu um excelente tempo e avançou. Na última fase, com pista parcialmente molhada, o alemão ficou a menos de um décimo de segundo da pole, e colocou-se ainda na primeira fila! A atmosfera estava criada, o show estava por conta do alemão...

Era chegada a largada, momento mais aguardado deste fim de semana. Quando as luzes vermelhas se apagaram, não houveram grandes incidentes. Hamilton manteve a ponta, Vettel tratou de defender-se do compatriota Rosberg, mantendo-se assim as três primeiras posições. Especialistas e arrojados, os brasileiros ganharam boas posições no começo da prova. Massa chegou a aparecer no quinto lugar, Nasr subiu quatro posições e era 12º. O único prejudicado na primeira curva foi Maldonado, aliás seria uma corrida complicadíssima para o piloto da Lotus. Com um pneu furado, caiu para o último lugar, e por lá ficou, durante todo o restante da corrida.

Ainda nas primeiras voltas, os dois carros da Sauber seriam protagonistas. Primeiro, Nasr tocou com Räikkönen em disputa por posição, pior para o finlandês, outro pneu furado. Na volta de número quatro, foi a vez de Ericsson aparecer. Depois de uma boa qualificação e até então um excelente 8º lugar, o sueco perdeu o controle na primeira curva, quando buscava ultrapassagem sobre Hülkenberg. Sua Sauber foi parar na caixa de brita, o que originou o primeiro (e único!) safety-car da prova.
Preocupados com o calor excessivo e o desgaste dos pneus, a maioria dos pilotos optou pela primeira parada durante a bandeira amarela. Vettel não. As Mercedes foram no mais recomendado, um stint longo com os compostos duros para apenas no final da prova voltarem ao pneu médio. A mudança de estratégia bagunçou as posições em pista, mas Vettel manteve-se na liderança.

Quando o carro de segurança apagou as luzes e voltou ao pit, Hamilton e Rosberg encontravam em quinto e nono lugares, respectivamente. O bom rendimento da Ferrari aliado à perda de tempo das Mercedes em ultrapassar os oponentes resultaram numa consistente vantagem de 10 segundos. Aí você pensa "ok Ricardo, mas Vettel tem uma parada a menos". Acontece que o alemão administrou os pneus e a vantagem como ninguém. Permaneceu até a volta 18 com o mesmo jogo e uma vantagem equivalente. Já Hamilton, àquela altura piloto ainda favorito a vitória, começava a sofrer com o desgaste dos compostos mais duros, que não duravam o esperado.

Assim que voltou à pista, Vettel começara a diminuir a vantagem do inglês, forçando-o a parar novamente. Aí o jogo virou. A Mercedes era derrotada  na estratégia e via, pela primeira vez, uma vitória em condições normais de pista, ameaçada...
Verstappen: um talento em construção
Atrás do trio a corrida seguia. Räikkönen vinha em recuperação com a Ferrari, fazendo o básico. Virava o que o carro permitia e, tamanha superioridade da equipe com relação aos adversários, possibilitava a chance do finlandês não só entrar na zona de pontuação, mas procurar um lugar ainda melhor.Dentre os destaques, figurava Max Verstappen. Com apenas 17 anos, o holandês não sentia a pressão de um Fórmula 1, e fazia belas manobras na busca por um melhor lugar no grid. A notável evolução da McLaren também era presente, claro, ainda a passos miúdos. Com o carro mais rápido, Button e Alonso figuravam na zona de pontuação em algumas oportunidades. Dentre as decepções, se destacavam Lotus e Williams. Depois de uma temporada péssima, a Lotus prometia novidades, mas mesmo de motor Mercedes, lutava apenas por pontos com Romain Grosjean. A Williams de Massa e Bottas, depois de uma temporada de volta aos holofotes, mostrava até mesmo um retrocesso no carro. Sem brigar com a Ferrari, sua principal adversária, corria isolada dos demais, figurando em quarto e quinto lugares, sem chances de pódio. O time não evoluiu aspectos que já lhe prejudicavam no ano passado, como o mal desempenho em condição de chuva e os erros de estratégia e na própria execução do pit-stop.

Voltando à luta pela vitória, Vettel e Hamilton se encontravam em situações equivalentes, com o mesmo pneu médio, que fora colocado em ambos os carros em voltas em sequência. E, a maior surpresa, pra quem esperava que aí, o domínio da Mercedes fizesse efeito, se enganou. A Ferrari de Vettel virava o mesmo tempo da Mercedes de Lewis Hamilton, e a diferença se mantinha na casa dos 10 segundos. "Ah, mas Vettel ainda tem que usar o pneu duro, já Hamilton pode continuar com pneus médios, que eram cerca de 1 segundo mais rápidos por volta, até o fim da corrida". Sim, era esse o panorama da prova, mas... o dia era especial!
Vettel parou e colocou os pneus duros. Pouco depois, o então líder Hamilton também foi ao pit-lane, maz voltou com os mesmos pneus duros!! Sim, o rádio dizia que o inglês sofria com problemas de desgaste, e justificava a escolha com base no "desempenho" de Rosberg, que segundo o engenheiro, era mais rápido no momento! Havia algo de errado com o bólido do inglês, que agora, praticamente encerrava a disputa pela vitória! Rosberg necessitou de outra parada, e colocou o jogo de pneus médios. Resultado: 1 segundo mais rápido por volta do que Lewis! O ritmo não se manteve e o inglês conseguira se segurar na segunda posição, mas certamente insatisfeito com a estratégia da equipe.

Toque violento entre Pérez e Grosjean: momento de tensão na prova
O fim da corrida reservou algumas emoções adicionais no meio do pelotão. Pérez tocou perigosamente em Grosjean, que perdeu o controle e rodou na curva que antecede a reta oposta. Um acidente que poderia tomar proporções bem mais graves com um pouco mais de azar por parte do francês. Hülkenberg também se envolveu num incidente com Kvyat, mas sem culpa no cartório... não foi exatamente o que a FIA viu. A punição veio não só para Pérez, mas também para Hülk, completando mais um fim de semana tenso para a Force India.

STR e RBR protagonizaram a briga mais interessante do meio do pelotão. Com pilotos arrojados dos dois lados, a equipe satélite mostrou uma boa evolução, e terminou com os dois carros à frente da equipe principal, revelando um dos destaques da prova, Max Verstappen. Certamente, outra grande "surpresa" da corrida foi Kimi Räikkönen. O finlandês que caiu para o último lugar no início da prova, superou todos os adversários, com exceção do companheiro de equipe e das duas Mercedes, e conquistou um grande quarto lugar! A performance de Kimi só exalta ainda mais a fase atual da Ferrari, um time inspirado, motivado, e principalmente, veloz.

Bandeira quadriculada em Sepang para o primeiro de todos, Sebastian Vettel, da Ferrari! A emoção foi tanta que o alemão não conteve as lágrimas, assim como Maurizio Arrivabene, diretor da equipe e figura importantíssima na nova fase da Scuderia. Os dois trocaram palavras em italiano ainda pelo rádio, festejaram no pódio e ainda festejarão muito mais na noite malaia! Hamilton e Rosberg ilustravam a frustração da Mercedes, o melhor carro, a melhor equipe, mas nem por isso, o melhor resultado.


Vettel e o troféu: depois de um ano, o reencontro
Grande vencedor do dia, Seb imitou o tradicional gesto de Michael Schumacher durante a execução do hino italiano nas vitórias da Ferrari. Ah, que saudade de ouvir aquela melodia. Os fãs do esporte à motor agradecem ao feito do grande Vettel que correu na Malásia, e esperam por muitas outras vezes ouvirem a bela melodia italiana ao fim de mais um GP. Grazie Italia, Forza Ferrari!   
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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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