Cidadãos amigos, chegou o momento culminante deste 1º Turno, (ou "TransTurno", como diria José Simão), o embate final entre os postulantes aos governos Estaduais, na véspera do dia (hoje) em que se encerra a campanha eleitoral na TV, o debate promovido pela TV Globo, especificamente falando de SP, foi o mais quente da campanha, acho que foi o momento culminante da tentativa de levar a eleição para o 2º turno, protagonizando até mesmo uma "dobradinha"entre Skaf e Padilha, o candidato Petista que inclusive no início da campanha atacou bastante o candidato PMDBista, na intenção de chegar ao 2º turno, mas que com o tempo se mostrou uma tática errônea, visto a força política do atual Governador, que também atacou o principal adversário e construiu um caminho que até a penúltima rodada de pesquisas parecia bastante sólido no rumo de uma vitória já neste domingo, mas que foi levemente ameaçado pela queda na última rodada de pesquisas e a pequena elevação, tanto de Skaf como de Padilha.

E temos de constatar o fato de que esse foi o momento onde aos 45 do 2º tempo, os adversários conseguiram colocar o atual  governador contra a parede, principalmente na questão da água, e na morosidade dos avanços, movimento tardio, mas que se tiver eficácia, pode proporcionar um 2º turno, que daria emoção e possibilidades á população. Já que a postura séria e sóbria de Alckmin, que agrada uma grande massa conservadora do eleitorado, não é suficiente para promover a agilidade necessária dos avanços que SP merece, esse é o meu ponto de vista, apesar de respeitar o Governador.

O Cesar Tralli é que me assustou um pouco, parecia cansado, triste, desmotivado, parecia a Patrícia Poeta apresentando o JN, muito estranho.

Vamos agora analisar a performance individual de cada candidato:

Laércio Benko (PHS)


Eu sinceramente me surpreendi positivamente com o vereador Laércio Benko, ele que nasceu no PV, foi um dos fundadores do PHS, elegeu-se vereador em uma legenda então ínfima, quando ele mostrou ideias, propostas, mostrou que tem nível para debater, para pleitear o cargo de Governador de SP, à parte dessa chatice de "Nova Política", uma nova política cheia de chavões e alianças escusas, o candidato tem sim boas propostas e contribuiu quando debateu-as, para o processo eleitoral.

Porém há uma clara tensão no candidato que aparece quando ele decide apostar em algo típico da Velha Política que é a tal "Transferência de votos", ele tentou escorar-se, na candidata Marina Silva durante todo o pleito e não conseguiu, ao contrário, permitiu neste debate que Padilha desconstruísse ainda mais a imagem da candidata, e com tal postura, como as perguntas que fez a Skaf nos outros debates, que inclusive fizeram com que no texto sobre o Debate Paulista na Record (Clique), eu sugerisse ao candidato do PMDB, que citasse o fato de que o partido pelo qual Marina é candidata aliou-se á Geraldo Alckmin, e inclusive tem o vice, Márcio França na chapa, então, os que querem construir uma base aliada com Marina, vão construí-la votando nos parlamentares que apoiam o governador. Isso é nova política? Eu honestamente penso que todos foram até elegantes com ele, por que se citassem tal fato, ele perderia o chão, não teria mais como atirar com sua metralhadora giratória. 

O erro de Benko foi esse comportamento, mas a avaliação dele tirando esse detalhe, é sim positiva.


Gilberto Natalini (PV)


Mais uma vez o candidato do PV foi muito bem, muitos me indagam que ele teria dificuldades de discurso, dificuldades no sentido de que ele não tem textos prontos preparados por marqueteiros e assessores, ele tem ideias, planos, e compilar isso no curto tempo de resposta não é tarefa tão fácil como os candidatos "de Elite" fazem parecer. De todo modo, penso que as ideias de Natalini e do PV, ficaram bem claras nesse pleito, surpreendeu positivamente o fato do PV ter projetos para todas as áreas, não apenas para as que englobam o Desenvolvimento Sustentável. Mas se olharmos por outro prisma, no atual momento, toda forma de se pensar em desenvolvimento, deve acompanhar uma política sustentável, talvez por esse fator, a modernidade que o PT apresentou nesse pleito, um partido que certamente sairá mais forte do que entrou, desse processo eleitoral.

Gilberto Maringoni (PSOL)


Na minha visão a melhor participação do candidato do PSOL nos quatro debates que vimos, três deles analisados aqui. A gente sempre colocou que o candidato se colocava bem, de forma didática e firme, só que faltava além de diagnosticar, também propor, nesse ele diagnosticou, propôs, tocou em feridas, colocou contra a parede o Governador, foi engraçado (e honesto) ao falar da praga que é o financiamento privado de campanhas. Lembrou na irreverência até mesmo o inesquecível Plínio de Arruda Sampaio, que certamente é um espelho para todos no PSOL, assim como o xará, conseguiu também fincar suas ideias e contribuiu de forma muito positiva para o processo democrático.


Walter Ciglioni (PRTB) 


E não é que eu percebi uma mínima reação, 1% do candidato do PRTB, ele conseguiu gaguejar um pouco menos, conseguiu usar um pouco melhor o seu tempo, pouco demais ainda para quem tem a chance rara de pleitear uma função como o Governo de SP.


Paulo Skaf (PMDB)


O candidato começou bem, Skaf tem uma postura bastante sóbria, se coloca bem, tem propostas. Mas claramente pareceu sobretudo nos blocos intermediários do debate um tanto abatido, resignado até diria eu, pois a missão de brigar contra um governo que tem deficiências não deveria ser tão árdua quanto é, isso deve realmente causar um baque. Mas do meio para o final ele se recuperou, "uniu-se" à Padilha nos ataques à Alckmin, onde o enquadraram, sobretudo na questão da água e do transporte, união essa que caso haja 2º turno deve se oficializar, haja visto que o PMDB é da base do Lulismo e que seu patrono inclusive já teceu elogios á Skaf ao longo do pleito, e é natural que haja essa troca de apoio em eventual disputa de 2º turno. 

O saldo da participação de Skaf tanto na campanha como nos debates é positivo, é uma pena que a propaganda negativa, pareça no nosso juvenil processo eleitoral ter mais efeito do que a propositiva.


Alexandre Padilha (PT)


Me surpreendeu positivamente a postura de Padilha durante o pleito, ele é preparado para debater, para se dirigir á população, tirando Dilma (e é uma opinião pessoal, por que ela é Presidente e caminha para o 2º mandato, o que pode invalidar a minha opinião), o PT mostra grande habilidade política e que não dá tiro no escuro, o eleitorado Paulista é muito restrito, com isso as correntes de Centro-Direita sempre tiveram vantagem sobre as de Centro-Esquerda, em raros momentos essa lógica se inverteu, inverteu-se na eleição passada, em SP, mas os Paulistanos parecem claramente arrependidos da chance que deram á Haddad. 

Me desagrada um pouco e vale também para Skaf, o fato de que as críticas duras (e justas) ao Governador, raramente eram feitas no debate direto, e sim em dobradinhas, isso dá ao eleitor a concepção de ataque gratuito, prejudicando o argumento.


Geraldo Alckmin (PSDB)


"Eles" conseguiram, talvez de forma tardia, mas encurralaram o Governador contra as cordas no debate, era "porrada" de todo lado, argumentada, factível, justa. Afinal, há muitos projetos, há muitas ideias, as falhas estão na execução, como na questão da água, como na questão da segurança, como na questão da saúde, etc. Há sim Governador, uma grande morosidade na gestão, que é perante o eleitorado "compensada", com uma postura firme, que passa confiança, eu não escondo que (apesar das discordâncias) acho Alckmin um político habilidoso, e que teria mais força eleitoral que Aécio Neves, mas o PSDB fez sua opção, inclusive um dos postulantes ainda era Serra, e tem grandes chances no maior colégio eleitoral do país.

Desta vez, o Governador não conseguiu sair com eficácia dos ataques adversários, isso ficou muito claro, e ainda apelou para uma postura que sempre critico na Presidente, que é; Apropriar-se do Estado. Nenhum administrador personifica o Estado, quando se faz uma crítica á administração Paulista, não se faz uma crítica á São Paulo, e sim a forma com que o governo é conduzido. Ninguém deve apropriar-se do Estado, ele é do povo, é o povo que decide o seu destino. É o mesmo que faz a Presidente, quando se vangloria do trabalho da PF, que não pertence á um Gabinete (à menos que estejamos num Regime Ditatorial, quero crer que não estamos), a Polícia Federal pertence á sociedade, e apenas à ela, deve satisfações. Portanto, não esperava de um governador que sempre mostrou-se tão sóbrio, tal postura.


Avaliação

O grande fato é que o Alckmin já em processo de queda foi colocado contra a parede, e sob argumentos irrefutáveis, o PSDB trabalhará duro para que a eleição termine em 1º Turno, pois vive um "dilema" semelhante ao que o PT vive em nível Federal, assim como quem vota em Aécio, não vota em Dilma. Quem vota em Padilha, não vota em Alckmin, esse é um detalhe que muitos analistas não percebem, ou fingem não perceber, temos com essas três frentes partidárias um cenário muito mais aberto que em outros momentos históricos. 


Quero encerrar esse texto com um balanço geral das ideias de políticas públicas que apresentamos ao longo deste pleito em nível Estadual, opinem sobre as proposições:


Água e Meio Ambiente - A questão da água é um problema muito sério ocasionado em parte sim pela estiagem. Mas é evidente que não se pode botar isso apenas na conta da seca, os candidatos citados atacaram de forma dura e justa, a questão da privatização de 49% da Sabesp, de fato são sim, especuladores, abutres, que tem lucrado sobre algo que não pode ser tratado como mercadoria, que é a nossa água, sempre disse aqui que quando se privatiza algo é ilusório e utópico crer em reestatização, estamos em 2014, as coisas não funcionam dessa forma, mas no caso da Sabesp é preciso recomprar essas ações de forma urgente, para que todo o recurso proveniente do consumo seja revertido em investimento, e não para o bolso de especuladores, como já dito.

E como deve ser esse investimento, emergencial, o grande problema da atual gestão (que eu considero séria, e que projeta adequadamente) é tirar do papel aquilo que se projeta, é fazer as obras necessárias para tornar realidade as necessidades da população, que são sim refletidas em seus projetos. Então o que deve ser feito em regime de urgência: Modernização da nossa rede de tubulação de água, afim de evitar que 20% da água continue se esvaindo em vazamentos, Interligação entre todos os reservatórios de SP e construção de novos reservatórios em áreas estratégicas e investimento nos mais diversos métodos de reuso da água. E a longo prazo, modificar a nossa rede de esgoto, para que haja o tratamento correto e não o descarte em rios, e que nestes seja feito um trabalho de despoluição sério, para que até 2030, tenhamos nossos principais rios limpos, e servindo a comunidade.

Ainda falando em meio ambiente, temos que ser justos, os novos prédios da CDHU estão contando com uso da energia solar, é preciso expandir cada vez mais isso, e estender isso á uma proposta de Reforma Urbana, além de fomentar crédito para os que querem contar com essa tecnologia, precisamos investir em energia limpa, Solar e Eólica, evidente que isso é um papel maior do governo Federal, mas as gestões Estaduais podem contribuir nesse processo. Se fazem também necessários investimentos maiores em reciclagem, reuso de resíduos de construção na construção de moradias populares (sem empreiteiras e incorporadoras envolvidas) para que um dia possamos efetivamente acabar com esse mal que destrói o meio-ambiente que são os aterros (lixões).

Além disso, é importante avaliar a ideia do aproveitamento da Bio Massa, na suplementação de energia, um trabalho que deve ser feito em conjunto com o Governo Federal, independente de quem esteja no poder.


Segurança Pública - Vejam, o Detecta é um ótimo projeto, mas por que será que se toma a iniciativa de implementá-lo justo em época de eleição, após 20 anos comandando SP? Evidente que soa eleitoreiro, por tal razão sou favorável á ser adotado como norma, o afastamento do cargo de quem pleiteia reeleição 3 meses antes do início da campanha eleitoral, mas esse é um assunto para Reforma Política (clique)e temos de falar de segurança.

É preciso implementar um sistema como o Detecta (independente do nome) de forma justa e verdadeira, é preciso humanizar a polícia, sem demagogia de desmilitarização, é necessário que a polícia tenha uma doutrina militar, mas é preciso que ela seja parceira da população e contra os bandidos, e não como age hoje em alguns casos, com uso excessivo da força contra cidadãos comuns, e não respeitando o direito de livre manifestação e de ir e vir, como temos visto constantemente, é preciso que cada tipo de operação tenha o equipamento adequado. Exemplo; não dá pra fiscalizar comércio ilegal com arma letal, no máximo o teaser já é suficiente, aliás, sou favorável ao fim do cacetete, que remete à tempos sórdidos de tortura, o teaser é um equipamento elétrico de choque que utilizado apenas uma vez contra o provocador, imobiliza-o fazendo com que não sejam necessárias vexatórias cenas de cacetadas no lombo de quem quer que seja.

Outro registro importante que precisa ser feito, não é necessário que haja a unificação das polícias para que haja a integração das atividades, está bem claro qual atribuição é pertinente à qual polícia, Militar, Civil e Científica,a integração deve se dar na interligação dos sistemas, e no melhor diálogo entre elas, é preciso investir em inteligência, papel de Delegado é instaurar processos e coordenar ações, papel de investigador é auto-didático, e papel de militar é estar junto a comunidade na prevenção e combate ao crime. 

É preciso também extirpar a corrupção de seio policial (pessoal do RJ sabe particularmente bem do que estou falando) para isso é preciso melhor qualificação, inclusive vocacional, e plano de carreira de verdade, valorização dos policiais, policial é policial, se tiver que trabalhar à mais, que trabalhe na operação delegada, e não para empresas privadas, para isso é preciso que compense para ele financeiramente, e que ele tenha um armamento no mínimo igualitário ao dos bandidos, coisa que não ocorre hoje nas grandes metrópoles.

E é preciso um combate muito mais firme as facções criminosas, fora e dentro das prisões, é deprimente que o sinal de celulares funcione melhor na cadeia do que em nossas casas, é muita incompetência, ou seria conivência? Uma das duas opções é a correta.

Habitação - Esse é um tema que nos é muito caro, e que debatemos aqui recentemente; Reforma Urbana (clique)há condições de reduzir consideravelmente o déficit habitacional nas grandes metrópoles do Brasil com o fim da especulação imobiliária, evidentemente que indenizando os proprietários, mas os entes federativos precisam deixar de ser tão omissos nessas questões e ainda acusarem frentes de esquerda de lotearem os movimentos de luta por moradia, afinal, se os governos não fazem a intermediação entre as camadas mais pobres da população e o poder público alguém precisa fazer, e é hora do Estado acabar com esse intermediário, assumir a sua responsabilidade,parar de receber dinheiro de empreiteiras e incorporadoras, e fazer uma Reforma Urbana que efetivamente atenda as necessidades de uma parcela sofrida da população, que tem de criar seus filhos com menos de 700 Reais ao mês. E falam tanto na questão dos movimentos sociais, em NENHUM LUGAR DO PLANETA, ocorrem tantos incêndios em favelas como em SP, e para nossa surpresa (ou não) meses depois nessas áreas surgem grandes empreendimentos imobiliários, coincidência? 


Nossa função de alertar e contribuir para a sociedade não termina com o fim do pleito, ao contrário, seguiremos criticando o que é errado, parabenizando o que é correto, e sobretudo fiscalizando e colocando ideias perante a sociedade.

Lembrando que comentaremos o debate presidencial, os resultados de domingo, e os cenários de 2º turno em SP e no Brasil. 


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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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