Minha última crônica foi sobre o empate sem gols contra o Atlético-MG, considerado por mim um resultado satisfatório, dadas as enormes dificuldades de encarar esse time no seu traiçoeiro campo do Horto, em Belo Horizonte. Passado esse jogo, houveram mais três: Santos na Arena, Chapecoense também na Arena e Fluminense no Maracanã.

Em cada um desses jogos, sinceramente, eu não tive condições de fazer crônicas individuais. Porque foram jogos pobres tecnicamente e que retratam a mesma constatação: o Grêmio tem a melhor defesa do campeonato e um dos piores ataques. A melhor coisa que eu fiz foi esperar 3 jogos para colocá-los todos em um só texto, já que foram jogos idênticos no seu transcorrer. Dá até para dar a dica para as pessoas que fazem apostas nos resultados das partidas: jogo do Grêmio fora da Arena marca 0x0, jogo do Grêmio dentro da Arena marca 1x0 pro Grêmio. São os resultados normais que tem acontecido desde a volta do Felipão e o seu esquema pragmático, muito parecido com o utilizado pelo Renato em 2013. O jogo contra o Santos foi daqueles de dar calo nos olhos, aonde o Grêmio, a rigor, teve apenas 2 oportunidades de gol e o Santos não teve nenhuma. O resultado não poderia ser outro senão um 0x0 chocho, onde o único "destaque" do jogo foi o reencontro da torcida do Grêmio com o goleiro Aranha, que será abordado ainda nesta crônica. O jogo contra a Chapecoense só aconteceu uma coisa: o gol chorado do Dudu, aonde ele pegou um rebote, chutou a bola a gol, bateu no calcanhar do zagueiro, na trave e entrou. Ou seja, até mesmo quando a bola entra, é parindo uma bigorna. Valeu pelo resultado de 1x0, porque futebol simplesmente não existiu. O jogo contra o Fluminense foi aonde o Grêmio fez a sua melhor apresentação nessa série analisada nesta crônica: o time, enfim, teve alguma criação de oportunidades de gol, encarando o Fluminense de igual para igual no Rio de Janeiro. Mas, mesmo assim, o nosso ataque de fome não conseguiu colocar a bola para dentro do gol e mais um 0x0 apareceu na nossa conta.

Eu gostaria de entender como este time ainda consegue lutar por um G4, porque não é possível um time sem ataque, que tem uma dificuldade tremenda para fazer um mísero golzinho, estar numa posição dessas no campeonato. Eu não tenho o que reclamar da nossa defesa, desde que o câncer Werley foi extirpado do time o Grêmio não sofreu mais gols. Já são 7 jogos seguidos sem que o Marcelo Grohe precise buscar a bola no fundo das redes. A dupla Rhodolfo e Geromel deu estabilidade, consistência defensiva e segurança ao time. Agora, o nosso problema está no meio-campo que é incapaz de criar e faz o ataque do Grêmio, literalmente, jogar por uma bola. Eu não posso criticar Barcos ou Lucas Coelho por terem uma mísera chance de gol por jogo e não converterem, isso é contra a lógica de um bom time de futebol. Dudu é o chamado triatleta: corre, pedala e nada. Também é chamado por mim de "falso perigoso", pois sempre deixa o torcedor na expectativa de sair alguma coisa de produtiva dos seus pés e, na hora H, acaba não saindo nada. Ele tem vontade, é esforçado, mas não adianta, a sua limitação é flagrante. Luan tem lampejos de bom jogador, mas ultimamente tem sido um jogador displicente e dispersivo. Giuliano veio para arrumar o meio-campo e decepcionou até o momento. Não posso cobrar armação de jogadas de volantes como Riveros, Ramiro, Matheus Biteco, Walace e Fellipe Bastos, a função deles em campo não é essa, caso contrário, não seriam volantes. Eles fazem o que podem e até dão alguma contribuição, mas longe das necessidades do Grêmio. É bom Felipão começar a pensar em alguma coisa nesse sentido, porque essa coleção de 0x0 e 1x0 sofrido pode não ser suficiente para nos colocar na Libertadores de 2015. Se bem que o nível técnico do nosso campeonato está tão sofrível, tão abaixo do chão, que é exatamente por isso que eu ainda acredito na classificação.

Amanhã (26/09) será o julgamento do Pleno do STJD sobre a exclusão do Grêmio da Copa do Brasil por causa do episódio de racismo cometido por uma meia dúzia DEVIDAMENTE IDENTIFICADA contra o goleiro Aranha. Espero que esse Pleno tenha um mínimo de vergonha na cara e permita que Grêmio e Santos DECIDAM EM CAMPO quem deve avançar na competição, que faça um verdadeiro julgamento e não um circo armado para satisfazer uma opinião pública hipócrita e falso moralista. E sobre o reencontro da quinta-feira passada, pelo campeonato brasileiro e que terminou num modorrento 0x0, o Aranha mais uma vez foi tendencioso, tecendo comentários lamentáveis. Ele generalizou, chamou TODO O POVO GAÚCHO E TODA A TORCIDA GREMISTA DE RACISTA, sendo que nós repudiamos essas coisas, e ele queria ser recebido como? Com churrasco na porta da Arena e flores no gramado? Ele que tivesse medido as suas palavras quando aconteceu aquele episódio lamentável. Eu, Leo, não chamei ele de macaco, mas ele, Aranha, me chamou de racista. E ele fez isso com todo um povo apaixonado de 8 milhões de pessoas, do qual EU ME ORGULHO de fazer parte. O Grêmio tem o seu hino composto por um negro, tem na sua bandeira uma estrela para homenagear um jogador negro, tem diversos ídolos negros que ajudaram a construir a nossa história de glórias, tem inclusive jogador negro que sofreu racismo dentro de campo (para quem não lembra, Jeovânio foi ofendido racialmente por Antônio Carlos num jogo entre Grêmio x Juventude, em 2006) e a torcida tricolor comprou a briga para o seu atleta, defendendo-o e dando-lhe apoio contra isso. E aí vem um zé-ninguém desses, que não é nada no futebol brasileiro, que só jogou em times pequenos até chegar ao Santos, querer nos colocar esse rótulo? Vaiamos o Aranha SIM, e vamos vaiá-lo sempre. Eu mesmo fiz questão de vaiá-lo pessoalmente. Porque, ao contrário da vazia explicação dele (a suposta concordância da torcida com o que aquela meia dúzia fez), nós vaiamos o mau-caráter que nunca fez nada de importante pela causa negra e que apenas queria os seus 15 minutos de fama. Uma causa dessas poderia ter um destino bem mais nobre caso esse cidadão usasse um pouquinho só de inteligência. Se ele não quisesse apenas aparecer, não tivesse GENERALIZADO como fez, eu tenho certeza que passaria despercebido no jogo de quinta-feira. Esse tal de Aranha fez o Grêmio levar um carimbo injusto, que não condiz com o nosso pensamento e a nossa história. Teve o tratamento que pediu e mereceu. Essa história já encheu o saco, os culpados foram identificados e vão responder perante a Lei por isso, a tal da Patrícia, inclusive, teve a sua vida pessoal virada do avesso por causa desse incidente, com direito a ameaças de estupro e morte, e a casa que nem é sua (e sim alugada) incendiada por gente que só perpetua o ódio e a maldita luta de classes, e tudo isso por causa das palavras infelizes, para dizer o mínimo, desse goleirinho de araque. Chega de responsabilizar o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense pelo episódio, até mesmo porque eu desafio alguém me mostrar algum clube no Brasil que faça mais campanhas REPUDIANDO O RACISMO do que o nosso. Que o Grêmio seja recolocado na Copa do Brasil, dispute com o Santos em campo a classificação e siga a vida. Os responsáveis identificados que acertem as contas com a Justiça. Ah, só para lembrar: tem jogo domingo contra o Botafogo, também no Maracanã, e espero que o Grêmio, enfim, faça as pazes com o gol, porque do jeito que os jogos estão acontecendo o torcedor sofre o tempo inteiro.
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