Amigos, seguindo com a nossa cobertura no viés analítico (lembrando que ela terá também o viés propositivo, com o (Reformas Necessárias) após comentar o Debate Paulista na BAND (Clique), vamos aqui falar sobre o Debate Presidenciável, na mesma emissora, um debate na minha opinião um tanto pobre, teve o velho "toma lá da cá" de "o meu governo foi sensacional", "não, tu está na Ilha da fantasia". Chavões políticos e ideologismo, entre mortos e feridos, Marina e Aécio foram centrados e colocaram a Presidente contra a parede.

Para começar, Mitre é um gênio do jornalismo e da TV, foi uma tática inteligente permitir que candidatos fossem perguntados e comentassem duas vezes. Porém, eu vejo isso uma manobra de espetáculo televisivo que desprivilegia a democracia, uma vez que no atualmente perverso sistema político, somente as candidaturas que tem ao lado a mídia e o poder econômico das grandes empreiteiras, conseguem espaço para apresentar suas ideias, conseguem tem efetivamente chances de vencer a disputa, e o Brasil fica nessa eterna polarização (outro chavão, mas uma verdade) citado por Marina Silva. 

Dos jornalistas questionados sobre a qualidade do debate, eles que me desculpem, mas o único realmente sincero foi Boris Casoy, que corajosamente falou das "escorregadelas" dos ensaboados candidatos, houveram muitas respostas genéricas, e outras que completamente fugiam as perguntas. A escorregada de Dilma na réplica sobre o controle da mídia, foi bem clássico dela. Mas como já dito, o debate serviu para mostrar que alguns dos candidatos estão preparados para a campanha e os próximos debates, mas não foi esclarecedor. Porém é importante dizer, que os candidatos aceitaram essa regra, portanto, é também dos desprivilegiados essa responsabilidade. Vamos agora as análises individuais.

Luciana Genro (PSOL) 

Devido a regra por mim já criticada ela teve muito pouco tempo para falar, essa é a grande realidade, e ela foi a única que até de forma engraçada, reclamou disso. Porém, ela teve oportunidade de confrontar Dilma e Marina, e saiu-se muito bem, conseguiu colocar suas ideias e algumas contradições que essas duas candidaturas tem. Ela pecou um pouco no viés ideologista, porém é algo importante para setores do partido, inclusive um deles representado na platéia por Jean Willis, e o PSOL tem isso encrostado no seu programa, o que acaba por vezes afastando a população, mas apesar de restrições que tenho à ela e ao ideologismo, ela cumpriu bem o seu papel no debate, como colocado por ela mesma, substituir Plínio de Arruda Sampaio, não é tarefa fácil.

Aécio Neves (PSDB)

Acho que foi até a Marina, que comparou Aécio Neves à FHC, eu confesso que me passa essa impressão mesmo, (e isso pode ser considerado um elogio, ou uma crítica, depende de quem lê) me parece que FHC entrou na fonte da juventude, vendo Aécio debater, claro que menos didático que o Ex-Presidente. 

O fato é que o candidato Tucano se portou bem, mostrou segurança, mostrou bom jogo de câmera, porém faltaram ideias, propostas, o foco sempre foi mostrar o que estava errado, e falar de MG, mas houve pobreza propositiva, algo muito grande precisa acontecer para reverter o atual quadro demonstrado nas pesquisas, e não está parecendo que há um caminho para que isso aconteça.

Levy Fidelix (PRTB) 

Levy já se tornou uma figura folclórica, ele não é nenhum garoto, sabe se colocar, tem ideias conservadoras, das quais discordo, e penso que esse eleitorado, que votava no Malufismo, e em outras frentes conservadoras, se dissolveu e se sente órfão, e por ele não é atingido. E grande parte da população não entende essa conversa gerencial que ele sempre entra de falar do orçamento, uma pena, mas a população não entende, muita coisa precisa mudar para que o orçamento público entre no debate de forma que a população entenda a sua relevância. 

Em uma coisa eu concordo com o candidato, é preciso interligar o Brasil através do sistema ferroviário. Mas isso não interessa as grandes empreiteiras e ao setor aéreo, isso não acontecerá, ao menos a malha ferroviária de cargas precisa ressucitar de forma urgente.

Dilma Rousseff (PT)

Vejam como são as coisas não é, sem a maquiagem dos publicitários no programa eleitoral é difícil entender o que Dilma coloca, isso pode até fazer com que uns sejam simpáticos à ela, por que supostamente ela "não tem o velho talento para a retórica política", mas isso que é o pior, ela não consegue após 4 anos administrando o Brasil, se colocar de forma compreensível para a população, e faz o tempo todo o discurso retórico, fugindo dos temas, e falando somente do Brasil que é vendido em seu programa eleitoral (aliás, que coisa brega, que náusea). Portanto, na minha visão a participação da Presidente no debate foi escorregadia, não esclareceu absolutamente nada, e para quem viu o debate e tinha dúvidas em relação à ela, essas dúvidas cresceram ainda mais.

E se permitem, vou além, Dilma é fruto da transferência de votos de Lula, isso pra mim é muito claro, ela não tem efetividade no debate, ela tem sérios problemas quando não tem o TP à seu favor, e sim, ela é uma gerente, mas tanta coisa acontece abaixo do seu nariz, tu contrataria uma gerente como esta para uma empresa sua? Fica a reflexão. 

Everaldo (PSC) 

Eu não vou usar a alcunha "Pastor", pelo posicionamento que tive no 1º texto dessa cobertura de eleições, sou favorável ao Estado Laico, contra o fundamentalismo (sou Cristão/Deísta, mas sei separar as coisas), sou contra o voto de alcunha, contra o curral eleitoral. Dito isto, vamos ao campo político. O candidato parece não ter propostas efetivas, e é um ultra-conservador, que pretende entregar o Brasil nas mãos do capital privado, isso é um crime contra a população, o capital privado não está nem aí com o povo, não tem a obrigação de servir, tudo que é entregue na mão do capital privado, é alvo de lucro, afinal, uo que motiva as empresas é o lucro. O Estado Minimo pretendido pelo candidato é um crime contra a população e a privatização de nossas riquezas, e da necessidade do povo, é entregar a população nas mãos dos interesses internacionais, é alugar o Brasil, pior, vendê-lo. 

O Brasil já cometeu erros demais nas privatizações, e não adianta vir com conversa vermelhinha de "Reestatizar, despropriar", o leite foi derramado e é muito difícil obter isso de volta, é preciso enxugar a máquina, e voltá-la as necessidades básicas da população, fechar o ralo da corrupção, e fazer com que os programas de transferência de renda aliem o fomento profissional, seja no campo ou na cidade. Investir em Educação Pública, e não nas fábricas privadas de diplomas como acontece hoje. Enfim, o candidato não tem propostas, e quer abster o Estado, de atender as necessidades da população, é lamentável, sorte que como já disse, essa parcela conservadora do eleitorado, abriu um pouco a mente. O Estado Mínimo somente é possível em sociedades de 1º mundo, e há um caminho muito longo para que possamos chegar lá. 

Eduardo Jorge (PV) 

Eu conheço o Eduardo, não de hoje, ele tem um longo trabalho na área da saúde, na defesa do meio-ambiente, na implementação de políticas públicas que atendam aos interesses da população. Mas a sua participação folclórica, no debate infelizmente o colocará em descrédito. O candidato em SP, Natalini, se saiu muito bem nos dois primeiros debates, (no do SBT rateou um pouco sobre a questão da água) mas de modo geral foi propositivo, conseguiu apresentar de forma sóbria e inteligente as ideias do PV, o que não ocorreu com Eduardo.

Vejam, nós tivemos dois grandes gênios um de Esquerda e outro de Direita; Plinio de Arruda Sampaio e Enéas Carneiro, e por mais que eles fossem estudiosos, fossem gênios, conhecessem profundamente as questões sociais Brasileiras, e apontassem soluções para elas de forma enfática, porém equilibrada (no caso de Eneas, no debate, no Horário Eleitoral era uma epifania) eles eram colocados pela mídia de forma folclórica por ter uma visão diferenciada do bla, bla, bla de sempre e colocar isso de forma enfática. Imaginem quando alguém coloca ideias muito agressivas, muito duras, e não as fundamenta, dá margem para o descrédito, eu creio que o candidato arriscou em seguir a linha "Maluco Beleza", e pagará o preço por isso, o PV vai ganhar crédito de alguns, e perder o crédito de muita gente por essa manobra mal-calculada.

Marina Silva (REDE/PSB) 

Vejam, a candidata Marina se portou bem no debate, daquela forma que conhecemos, soube se esquivar bem dos ataques, soube se dirigir ao eleitor com maestria. Só que vai o meu grande questionamento à ela, ela fala tanto de "nova Política" e costurou por velhos métodos a sua participação nesse pleito junto ao PSB. Ela critica tanto os velhos métodos, mas usa chavões, como se colocar como o novo, e apontar para a polarização, visto que o PSB flerta com essa polarização, o PSB quer tornar-se o 3º elemento da polarização, e não democratizar de fato a política, dando o mesmo espaço para todas as candidaturas, acabando com o financiamento privado de campanhas (falarei sobre isso na 1ª edição do Reformas Necessárias) e aí sim possibilitando talvez uma clausula de barreira que seja justa com todas as posições ideológicas do Brasil, e não uma cláusula e uma Reforma que simplesmente matará as forças politicas que não tem o apoio do capital, favorecendo o que? A velha política. Então, são essas e outras contradições, além da falta de propositividade que eu critico em Marina Silva, mas é inegável que o cenário é plenamente favorável à ela e digo mais, só um fato novo (que não se vislumbra) pode a derrotar nesse momento, o efeito Lula de transferência de votos, já age, e ainda assim Marina encosta no 1º turno com luz própria (não vejo como comoção essa porcentagem, ela já tinha um bom eleitorado, e ele cresceu na faixa dos indecisos, e dos Pró-Nulo) e tem estopo para crescer ainda mais.

O que não mata fortalece, e Marina soube escorregar bem de algumas situações, não deixando nem perceptível a escorregada, como no confronto contra Genro, onde saiu pela tangente com o apontar de dedos para o que ela considera ser o "Radicalismo Esquerdista". Marina se saiu bem no Debate, tem luz própria e não precisa clamar por Eduardo (o que pode ser até um tiro no pé) e já começa à bater o desespero nas candidaturas de PT/PSDB, vamos ver quais providências Lula vai tomar, para evitar uma derrota de sua apadrinhada Dilma, e se elas terão resultado.


Neste texto já foi possível ter uma pitada da visão de Brasil que tenho, no Reformas Necessárias, vocês conhecerão muito mais dessa visão, convido-os à estréia.

O eleitor comum, o não-militante fanático, tem total liberdade democrática para opinar e de fato, debatermos o debate, opine!.

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Foto: AFP
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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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