Gilson Kleina deu adeus, ontem, ao Palmeiras. Ele foi demitido após uma sequência de três resultados negativos, contra Fluminense (1 a 0, em casa), Flamengo (4 a 2, fora de casa) e Sampaio Corrêa (2 a 1, fora de casa).
Gilson Kleina pegou o boné: ele foi demitido após 105 jogos no Verdão
 A verdade é que Kleina, que ficou 20 meses no Palmeiras, não apresentou resultados suficientes para seguir à frente do time. Com todos os percalços e limitações que o Verdão tem, seria de se exigir melhores resultados. Pois vamos, portanto, aos números.

Ele teve 105 jogos no comando do Verdão, dos quais venceu 56. Um retrospecto que supera os 60%. Só que, desse total, 38 jogos foram na Série B. Que, convenhamos, não pode ser parâmetro para o Palmeiras.

O treinador chegou para tentar evitar a queda no Brasileirão. Não conseguiu. Portanto, falhou. Montou o time e fez a sua obrigação: venceu, com sobras, a Série B. O que não prova rigorosamente nada. Se fosse um treinador absurdamente ruim, o Palmeiras subiria. E provavelmente seria campeão. A diferença de receita e elenco do Verdão para as outras equipes da Série B é a razão. Se fosse um treinador maravilhoso, o Palmeiras também subiria.

Que o elenco que ele encontrou é carente, não há dúvidas. Mas, nos principais torneios que jogou, ele fracassou. Na Libertadores de 2013, o Palmeiras fez o suficiente para passar, com sustos, da primeira fase. Mas sucumbiu ante o Thihuana, do México. O resultado foi normal – o Atlético Minieiro, campeão da Libertadores naquele ano, só não foi eliminado pela mesma equipe, na segunda fase de eliminatórias, porque Victor pegou um pênalti aos 45min do segundo tempo. Resumindo, Gilson não foi nem bem, nem mal. Fez o esperado.

Paulo Nobre, presidente do Palmeiras: demissão sumária
No Paulista de 2013, o Verdão caiu nas quartas de final ante o Guarani. O aceitável, pelo elenco, seria que o Verdão fosse pelo menos até às semifinais. O treinador, portanto, ficou abaixo do objetivo. No Paulista de 2014, nova queda, dessa vez na semifinal, novamente para um time do Interior, o Ituano. De novo, o resultado ficou aquém do esperado. A equipe brigaria por título e chegar à decisão era obrigação, ainda mais enfrentando dois times do Interior - Bragantino, nas quartas, e Ituano, na semi.

Na Copa do Brasil de 2013, Kleina encarou o Atlético Paranaense. Após vitória em São Paulo, sofreu uma derrota onde foi completamente massacrado pelos paranaenses no jogo de volta. Embora o Furacão estivesse com um time acertadinho, e a derrota não tenha sido de se espantar, o torcedor do Alviverde tinha o direito de esperar mais. Na pior das hipóteses, sendo generoso, o resultado não foi um absurdo, mas também não foi, nem de longe, acima do esperado.

O mesmo se pode dizer das três derrota que custaram a cabeça de Kleina. Perder para o Fluminense por 1 a 0, em casa, é um resultado compreensível. A derrota para o Flamengo, no Maracanã, também. E até mesmo o jogo contra o Sampaio Corrêa pode ser encarado como normal – o São Paulo, semanas antes, também perdeu por 2 a 1 para uma equipe nordestina na Copa do Brasil. O que pegou, nesse caso, foi a forma que a equipe se portou nas partidas.

Resumindo a geleia-geral, Kleina, na minha opinião, não é um mau técnico. Mas também não se mostrou capaz de tirar nada além, nada a mais de seus comandados. Para treinar o Palmeiras nessa situação, é preciso alguém que, de algum modo, supera as enormes limitações do Verdão e faça o elenco render. A mim, parece que Gilson Kleina nunca teve esse perfil. Era mais de fazer o arroz com feijão, ficar na média.
Dorival Junior é um dos nomes na mesa

OPÇÕES
 A grande questão, no entanto, é a falta de profissionais no mercado. Sejamos honestos: poucos treinadores com alguma expressão aceitariam os R$ 220 que Kleina ganhava no Verdão. Esse valor é pago apenas para promessas ou nomes que, após perderem espaço no mercado, querem recomeçar suas carreiras. Nenhum profissional de ponta virá ao Verdão para ganhar isso.

Até o momento, não vejo um nome que seja capaz de mudar a situação do Palmeiras. Dorival Junior caiu com o Fluminense no ano passado. E não parece que tem o perfil de tirar leite de pedra. Vanderlei Luxemburgo, outro cogitado, não faz um trabalho de relevância há pelo menos seis, sete anos. E, além de ter um salário caro, costuma encher o elenco com jogadores “apadrinhados”, causando um verdadeiro rombo por onde passa. Para um time com as limitações financeiras que o Palmeiras tem, não parece uma boa alternativa.

Vanderlei Luxemburgo, o velho profexô: opção arriscada
A solução, portanto, seria apostar em um nome jovem, que tenha ambição de entrar para o cenário nacional dos grandes técnicos. Mais ou menos o que se fez com Gilson Kleina. Esperando, obviamente, um resultado diferente. A pergunta é: há nomes com essa característica no mercado? Eu, pessoalmente, não creio. O único que eu vejo com essas características, e que seria uma boa indicação há alguns meses, é o atual técnico do Fluminense, Cristovão. Antes de fechar com os cariocas, seria um bom nome.

Embora ache a saída de Kleina inevitável, e até saudável – não dá para esperar o barco ir à pique para depois mudar – não acredito que a troca, no fim das contas, fará muita diferença. O Palmeiras, em minha opinião, vai continuar brigando para não cair. E corre sérios riscos de buscar a tricampeonato da Série B. Como também corre de ser eliminado pelo Sampaio Corrêa. No momento, inclusive, diria que os nordestinos são favoritos para avançar.


 Para que isso não ocorra, terá que vencer os jogos contra os concorrentes diretos e torcer para ter o elenco completo o máximo do tempo possível. Porque falta elenco e falta qualidade ao Verdão.


Compartilhe:

Eduardo Schiavoni

Deixe seu comentário:

0 comments so far,add yours