Retornar noticiar ou discutir a morte de mais um torcedor de futebol, por culpa da selvageria de poucos, é para mim e para muitos que são apaixonados pelo esporte, algo desgastante e tremendamente constrangedor.

Embora as estatísticas apontem que, em cada cem grandes aglomerações festivas, é passivo que ocorra um grave acidente, podendo ser fatal ou não, isso não nos submete a questão de possibilitar entender o que os leva a tal atitude. Uma coisa é o acidente em si, outra coisa é a provocação da mesma.

O que nos faz perguntar é; o que leva tal sujeito ter como ponto de ação, tal atitude que acarreta a morte de colegas que compartilham do mesmo evento esportivo?

Ou então, que demônio é esse, que em sã consciência (nem tão sã assim) tem a audácia de ir até o banheiro do estádio, retirar um vaso sanitário, seguir até a ala do corredor de torcedores e, arremessá-lo abaixo, onde se encontra uma aglomeração de outros colegas?

Ficamos e estamos indignados, e isso nos faz pensar; Teríamos coragem de ir ao estádio para assistir um jogo de futebol? Muitos teriam. Que mal há? Trata-se apenas de um jogo de futebol - pensariam, mas, jamais terá conjugação mútua.

E o que pensam as autoridades?

Em relação a toda e o crescimento da violência no futebol, é tema de debate antigo nos gramados brasileiros. Muitas leis já foram criadas, porém, insuficientes para conter o fato no país. Projeto de lei para criar penas mais rígidas para atos violentos no esporte está mais de cinco anos na comissão de meio ambiente e defesa do consumidor, porém, foi alterado com a exclusão da obrigatoriedade de cadastro de todos os torcedores, ficando a obrigatoriedade apenas para membros de torcidas organizadas, que já está ultrapassada, pois estas torcidas foram extintas. Se não foi, ao menos deveriam.

Percebo que não há um trabalho de prevenção. Somos caricatos e prezamos pelo imediatismo. Queremos as coisas resolvidas assim que ocorram os fatos. Não conseguimos visualizar a situação antes que ocorra. Certas situações são fatos contados e recontados.

O que agrava mais ainda a preocupação é o fato de dois dias depois do ocorrido, as autoridades do país cobrar através de “Twitter” (Twitter?), a severidade e mais segurança nos estádios, juntamente com instalação urgente de delegacias especializadas nos estádios. Com esta significante preocupação, o que nos preocupa ainda mais é o que está por vir, e o que vem é algo bem grandioso e muito mais danoso.

Segundo pesquisas, o Brasil lidera o ranking de mortes em confronto no futebol. Nos últimos dez anos, 42 torcedores morreram em conflitos dentro, no entorno ou nos acessos aos estádios de futebol. Os dados foram contabilizados e estudados pelo sociólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universo, Mauricio Murad, baseado em dados fornecidos por jornais, revistas e rádios. Essa constatação deveria ser uma grande preocupação para um país que vai abrigar um grande evento como a Copa do Mundo, pois de todos os problemas que tem o País, uma das principais preocupações é a segurança pública ultrapassada.

Quem sabe este evento vem justamente, para fecharmos o ciclo obscuro da violência e por um ponto final às banalidades da violência dentro dos estádios, ou no mínimo, cuidar um pouco mais da segurança da população no seu momento mais feliz e também no seu dia a dia.

PUBLICADO POR ADINÃ LEME 

Crônica publicada no dia 09/05/2014 - jornal “O Regional”http://portal.oregional.net/  e no blog "Tom do Esporte"http://tomdoesporte.blogspot.com.br/
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André Luís de Freitas

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