Muito se discute sobre a interferência urbana em estátuas e monumentos, mas já pararam para se perguntar o motivo dela ocorrer? Hoje em dia o principal público de museus é o escolar, são raríssimas exceções os que não apresentam esse tipo de público como sua parcela maior de visitantes. São jovens e crianças que algumas vezes frequentam museus na primeira etapa da vida. Porém, a desigualdade é presente e nem todos tem essa educação sobre o patrimônio.


Eu estudei minha vida toda em escolas públicas e fui apenas duas vezes em museus durante todo meu estudo e sempre o mesmo, mal sabia que Porto Alegre tinha mais de cinquenta museus, ou que o Rio Grande do Sul é um dos estados com mais museus no Brasil, isso tudo fui descobrir na faculdade de Museologia. Portanto, que ligação patrimonial eu teria com a cidade se não tivesse sido educado sobre ela?

Sei que o tema é delicado, mas me coloco no lugar de um jovem sem noções sobre o patrimônio, que ligação ele teria com um estatua de um general do Século XIX? É quase uma incoerência cobrar de alguém com pouco acesso ou que não consegue se expressar ter cuidado com objetos da elite ou que celebram conquistas desconhecidas para muitos. Um exemplo é o centro de Porto Alegre, ao andar hoje por lá percebo cada canto histórico que ele tem, foram várias aulas que tive nele, até mesmo sei que um museu de percurso corta o centro da capital, mas e todas as pessoas que andam por lá, será que sabem?

Acredito que antes de discutir a pichação ou qualquer forma de degradação ao patrimônio deveríamos discutir como e o motivo que ocorre isso, deveríamos ir na base da questão, levar o conhecimento para as crianças e também questionar os patrimônios que temos, são todos eles válidos? Devem todos ser preservados? Me questiono sobre isso, e como exemplo utilizo as estátuas de grandes figuras escravagistas, essas merecem destaque em grandes avenidas? Não vejo motivo em uma sociedade que tanto busca evoluir, mas não olha ao redor ou o seu passado.

Fonte: https://wsimag.com/pt/cultura/648-feira-do-livro-de-porto-alegre

Não busco a destruição ou apagar a história, acredito que toda história deve ser conservada, porém o principal sobre o passado deve ser a problematização e não a celebração. Devemos ter uma educação para o povo sobre o que está no seu cotidiano, não basta apenas uma parcela da população saber o que uma alegoria significa em um monumento, toda a população deve questionar a origem dela.

Porto Alegre é só mais um exemplo, mas acredito que em todas cidades do país temos isso, o busto de um homem que poucos conhecem, e ainda é menor o número dos que se importam. Apenas a educação mudará, seja para retirar um monumento e expor apenas em museus ou para conservar e reconhecer a importância, o patrimônio, seja ela qual for, deve em primeiro lugar ser conhecido e assim será preservado.

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Sobre a Coluna

A coluna O Mundo é um Museu é publicada sempre às sextas-feiras.

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Pablo Barbosa de Oliveira

Sou Museólogo e Escritor. Escrevo sobre cultura na Revista Pauta e no Portal Jovens Cronistas. Criador do Museu de Instagram do IAPI. Fã de Fantasia e Sci-fi.

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