O presidente do Brasil está no seleto grupo de chefes de Estado que negam a gravidade da pandemia causada pelo novo coronavírus. O Brasil tem caminhado para um abismo sem fim diante das narrativas dúbias que agravam a maior crise sanitária enfrentada por nossa geração. As ações dos estados e municípios são fragilizadas diante da defesa negacionista do governo federal. As medidas de distanciamento social são frustradas diante de um discurso infundado de cura ou baixa letalidade da Covid-19, resultando na instabilidade e insegurança do retorno as atividades sociais.



Já são quase seis meses de uma pandemia que se instala e devasta famílias inteiras por todo o Brasil, grandes e pequenas cidades, de norte a sul do país, enfrentam uma crise sanitária nunca vista por nossa geração. Parte ou grande parte do cenário instável brasileiro vem sendo causado pelo presidente Jair Messias Bolsonaro e seu discurso negacionista. Desde o início da chegada da Covid-19 no País, o presidente vem minimizando a gravidade do vírus, para ele não passa de uma “gripezinha”. Logo que contaminado usou sua condição para minimizar a doença, além de defender o uso da Cloroquina, medicamento que vem sendo alvo de duras críticas por parte da comunidade científica mundo afora, incluindo a Organização Mundial da Saúde - OMS.

No Brasil, o ministério da Saúde traçou diretrizes para uso do medicamento, uma delas é a assinatura de um termo de responsabilidade para o uso da Cloroquina, o que causou indignação na comunidade científica brasileira. Primeiro porque tanto os pacientes quanto os familiares estão vulneráveis, assustados, sem informações suficientes para decidir se usam ou não o remédio, segundo porque os estudos que o Ministério da Saúde utiliza para embasar o uso são duvidosos, tanto o estudo francês quanto o chinês são acusados de burlar fases do processo de testes, além de omitir informações cruciais que afetaram o resultado final do estudo.

O isolamento social e as medidas de higiene ainda são os “remédios” mais eficientes para combater a Covid-19. O Brasil tem sofrido ataques de narrativas sem unidade, geradoras de protocolos precoces para a reabertura de seus comércios e atividades afins. Cidades como Feira de Santana na Bahia, Caxias do Sul no Rio Grande do Sul, Aracaju em Sergipe, entre outras, abriram o comércio e precisaram retroceder em suas ações, perceberam que ter apenas leitos de UTI disponíveis não era suficiente para retorno das atividades.

O abre e fecha das cidades, nos leva a questionar: será que o debate acerca do retorno não deveria acontecer quando o cenário fosse de endemia? Nesta perspectiva o vírus estaria em uma localidade específica, com maior condição de controle ou erradicação. Será que haverá fatores contingenciais suficientes para assegurar a reabertura enquanto o cenário for de pandemia?

Essa insegurança e o caos em que o nosso País está mergulhado tem relação direta com a falta de gestão do presidente Bolsonaro. Se houvesse sintonia entre governos federal, estadual e municipal, o isolamento social teria sido mais eficiente, a pandemia já teria perdido força e, nós, não estaríamos registrando mais de mil mortes por dia em todo o Brasil.

As medidas e ações tomadas pelo presidente reforçam para cada um de nós que ele está do lado do vírus. Quando Bolsonaro sanciona leis com vetos significativos, influenciando negativamente as ações de prevenção, ele afirma estar contra nós brasileiros. Por exemplo, afirmar que não é necessária a utilização de máscaras em igrejas e templos, em escolas ou em presídios, é se aliar à morte e não à salvação de vidas. Inclusive, defender que detentos não usem máscaras revela uma ação clara de “Necropolítica” por parte de Bolsonaro.

Foto: Gabriel Paiva
A população carcerária vive em situação insalubre, em celas superlotadas, ambientes propícios para proliferação do vírus, sem o uso das máscaras haverá um surto geral da doença. Mas, isso não é tudo, além dos vetos na Lei 14.019/2020, houve vetos no plano emergencial de combate à Covid-19 em territórios indígenas e quilombolas, Lei 14.021/2020. O fornecimento de material de higiene, água potável ou desinfecção sanitária de aldeias foram cortados da lei.

Outro problema que fortalece o domínio do vírus no Brasil é a falta de insumos hospitalares, de analgésicos utilizados para intubação dos pacientes a máscaras de proteção para os profissionais de saúde. As redes sociais e os jornais estão repletos de denúncias da inércia do poder público diante da gravidade do cenário pandêmico em que vivemos.

Assistimos de maneira dócil uma guerra que tem custado milhares de vidas de nosso povo, de um lado a ciência, o bom senso, a valorização pela vida e os profissionais de saúde, do outro, o presidente negacionista e as forças genocidas do obscurantismo bolsonarista.

O resultado dessa guerra insana é o fortalecimento e domínio do vírus em diversas cidades do Brasil, que afunda em uma crise econômica e de saúde sem precedentes.

Sobre a Coluna

A coluna Brasilis é publicada sempre às quintas-feiras.
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Alexandre Pereira

Eu sou Alexandre Silva, natural de Alagoas, mas resido em Salvador – BA, terra que tem me dado “régua e compasso” para seguir firme e forte, na luta por uma sociedade mais igualitária. Ainda sobre mim, sou Graduando em Humanidades pela Universidade Federal da Bahia, curso que me desafia a enfrentar as problemáticas de uma sociedade multifacetada, segregada por uma profunda desigualdade social. Nossos textos buscarão provocá-los a problematizar questões que afetam nossas vidas, mesmo que pensemos que não, tudo está interligado, tudo nos diz respeito, se assim não fosse não seriamos uma sociedade. Obrigado pela companhia e vamos problematizar!

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2 comments so far,Add yours

  1. De forma objetiva e clara é possível perceber o descaso do Presidente da República. Em vez de tomar atitudes realmente corretas como Chefe de Estado, ele atrapalha e incentiva o Genocídio. Uma mente perversa, calculista que foca no próprio umbigo e somente no vitimismo politico em reforçar perseguição, em vez de agir e proteção a Nação. Vergonhoso tê-lo como representante do Brasil.

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