Imagem do site oficial da AD São Caetano


Recentemente, o São Caetano, que hoje está na série D do futebol brasileiro, comunicou que não disputaria a competição em 2020 por dificuldades financeiras decorrentes da paralisação do futebol, devido à crise proporcionada pelo Coronavírus. O comunicado foi emitido no dia 22 de abril, mas no dia 6 de maio voltou atrás da decisão e agora quer sim, disputar a quarta divisão do Brasileirão. Talvez os mais novos não lembrem, mas o "Azulão" já disputou até final de campeonato brasileiro e Libertadores, mas hoje vive uma crise sem fim.

Vamos relembrar agora alguns feitos do São Caetano e conhecer um pouco mais sobre o clube:


Nome: Associação Desportiva São Caetano
Apelido: Azulão
Maior rival: Santo André
Fundação: 04 de dezembro de 1989
Estádio: Anacleto Campanella
Capacidade: 16.744 lugares
Localização: São Caetano do Sul, São Paulo

2000: "PRAZER, SÃO CAETANO! NÃO SE ASSUSTEM, MAS VOU SURPREENDER VOCÊS!"

Foto: Maurício Lima


O São Caetano até os anos 90, era apenas mais uma "pequena" equipe do futebol brasileiro, até participar da Copa João Havelange em 2000 (um dia abordaremos sobre essa polêmica e bagunçada competição). Em 1999 o clube disputou a segunda divisão do Brasileirão, liderou bem a primeira parte do torneio, mas caiu diante do Santa Cruz.

Na Copa João Havelange, o Azulão entrou no módulo B da competição (equivalente à segundona do Brasileiro) e o surpreendente aconteceu: o São Caetano avançou ao mata-mata do campeonato brasileiro após ficar em segundo lugar no módulo B, ficando atrás apenas do Paraná Clube, para quem perdeu na decisão do módulo. Poucos no Brasil sabiam, mas o inacreditável estava prestes a acontecer: a "febre" azul estava apenas começando!

Foto: AllSport/UK/ Getty Images
Nas oitavas de final, o primeiro grande obstáculo do São Caetano, comandado por Jair Picerni, foi o Fluminense. Seriam dois jogos; um no Rio, outro em São Paulo. O favoritismo era todo do Flu, afinal, quem eram Silvio Luiz, Daniel, Serginho ou até mesmo... Adhemar? Resultados? No jogo de ida, no estado de São Paulo, 3 a 3. Na volta, em pleno Maracanã lotado, com a torcida contra, o São Caetano venceu o favorito Fluminense por 1 a 0, com um gol de falta dele... Adhemar. O Brasil começava a conhecer o São Caetano e as suas desconhecidas joias, além do trabalho excepcional de Jair Picerni.

Nas quartas o São Caetano enfrentaria outro gigante do futebol brasileiro: o Palmeiras. Mesmo diante do Verdão, os atletas do Azulão não se intimidariam: 4 a 3 pro Azulão na ida e empate por 2 gols na volta (após estar perdendo por 2 a 0). O São Caetano estava na semifinal!

Na semifinal a próxima vítima seria o Grêmio, de um garoto chamado Ronaldinho. Na ida, 3 a 2 para os paulistas; na volta 3 a 1. O São Caetano estava classificado para a final diante do Vasco, de Romário e companhia. Bom... na final o Azulão acabou não resistindo. Após um empate na ida em 1 a 1, o Azulão não resistiu ao tumultuado jogo de volta; aquele... da famosa queda do alambrado em São Januário. A final foi jogada para janeiro e parece que aquilo acabou tirando o ritmo "insano" que o São Caetano havia imposto diante dos seus adversários anteriores. No Maracanã, 3 a 1 para o Vasco e o sonho do primeiro título do clube do ABC acabava ali.

2001: MAIS UMA VEZ VICE, PORÉM, MAIS UMA VEZ DANDO MUITO ORGULHO À SUA TORCIDA!

Foto: Arquivo Pessoal - Cocito


Em 2001 o São Caetano repetiria aquilo que fez em 2000. Mantendo uma boa base do time de 2000 (perdendo uma ou outra peça da campanha anterior), o São Caetano faria história mais uma vez no Campeonato Brasileiro.

Após uma primeira fase fantástica, somando 18 vitórias, 5 empates e apenas 4 derrotas em 27 jogos, com 48 gols marcados e apenas 25 sofridos (melhor defesa), o São Caetano se classificaria novamente para as quartas de final do Brasileirão. Nas quartas, o adversário foi o Bahia e o Azulão empatou sem gols - agora, o São Caetano tinha a vantagem de jogar por empates, devido à melhor campanha da primeira fase - o que colocou o surpreendente time paulista em mais uma semifinal, agora, para encarar o Atlético Mineiro. Na semi, o São Caetano derrotou o Galo por 2 a 1. Mais uma final assegurada pelo São Caetano!

Na grande final o adversário foi o Atlético Paranaense (antigo nome do clube). Foram dois jogos. Na ida, na Arena da Baixada, 4 a 2 para o clube do estado do Paraná, com aquele famoso show do artilheiro Alex Mineiro. Na volta, derrota mais uma vez, agora por 1 a 0. O São Caetano caía em mais uma final. O Atlético levantava o seu primeiro "caneco" de campeão brasileiro!

2002: O "QUASE" HISTÓRICO CONFRONTO CONTRA O REAL MADRID NO MUNDIAL DE CLUBES. QUASE...


Dois mil e dois foi mais um daqueles anos míticos para o Azulão. Após dois vices nacionais e duas campanhas históricas, foi a vez de encantar a América. O São Caetano viria a disputar a grande decisão daquele torneio que é até hoje, a maior cobiça dos clubes brasileiros: A Taça Libertadores!

O São Caetano avançou ao mata-mata da Libertadores após se classificar na primeira fase num grupo que tinha Cobreloa-CHI, Cerro Porteño-PAR e Alianza Lima-PER. Foram quatro vitórias e duas derrotas. E passaporte garantido para as oitavas.

Nas oitavas a vítima do surpreendente São Caetano foi Universidad Católica-CHI, com uma vitória suada nos pênaltis após dois empates em 1 a 1. Nas quartas o adversário foi o tradicional e gigante Peñarol do Uruguai; será que o pequeno clube do ABC Paulista abaixaria a cabeça? Jamais! Após derrota no jogo de ida por 1 a 0, o Azulão se recuperou e bateu os uruguaios por 2 a 1, levando a partida para mais uma decisão de pênaltis e para mais uma inacreditável vitória e classificação. Era a hora da semifinal; era a hora de enfrentar o América do México, time de melhor campanha da primeira fase! Mais dois jogos; vitória por 2 a 0 na ida, em São Paulo e um heroico empate em 1 a 1 no México. O São Caetano estava escrevendo mais um belo capítulo de sua, ainda pequena, mas rica, história.

Na grande decisão, talvez era para ser o jogo "mais tranquilo", contra o Olímpia do Paraguai. Entre todos os que enfrentou, aquele Olímpia era o que menos assustava, mas como no futebol não existe vitória certa e cada jogo deve ser enfrentado com seriedade, o Azulão amargaria mais um vice. Sim, talvez aquela foi a final mais amarga do torcedor do São Caetano e de milhões de brasileiros, que por algum tempo, o assumiram como uma espécie de "segundo clube".

Lembram do que eu disse anteriormente? O jogo "mais tranquilo"? Bom, eu não quis menosprezar o time que na época era bicampeão da Libertadores e que estava naquele ano tentando o tri em pleno centenário. Não quis diminuir a grandeza do Olímpia. O jogo deveria ser tranquilo pela situação particular daquela final. Tudo porque o São Caetano conseguiu algo histórico e fantástico. Conseguiu o mais difícil: venceu o Olímpia "lá" no Paraguai por 1 a 0. Bastava um empate em São Paulo e na volta o Azulão ainda abriu 1 a 0!!! Título garantido, certo? Errado! O Olímpia virou o jogo e levou a decisão para os pênaltis.

O São Caetano chegou àquela final após vitórias históricas em penalidades, mas aquela tinha um sabor amargo. O título estava nas mãos, tão fácil... tão simples. Mas tudo foi por água abaixo após perder nos pênaltis por 4 a 2. O Olímpia era tri; o Azulão novamente amargava um vice. A chance de enfrentar o poderoso Real Madrid no Mundial de Clube foi pelo ralo... mas é claro, que de qualquer jeito, a derrota não apagaria a campanha histórica e sensacional do São Caetano durante toda a Libertadores daquele ano. Apesar da derrota... ainda assim... parabéns ao Azulão! Parabéns aos seus guerreiros que fizeram sim, história mais uma vez!

2003-2004: O AZULÃO VAI DO CÉU AO INFERNO; DA HISTÓRIA AO "CHOQUE" DA PERDA DE UM ATLETA



O subtítulo acima explica tudo. Em 2003 o São Caetano não se abalou pelo vice-campeonato da Libertadores e fez mais uma bonita campanha no Brasileirão, um respeitado quarto lugar. Em 2004, após tantos vices, o São Caetano finalmente conquistaria um título. O título paulista, após bater o Paulista de Jundiaí na grande decisão (eliminando, é claro, grandes times nas fases anteriores).

Foto: Fernando Santos - Folha
Do céu ao inferno. Do título paulista a morte do zagueiro Serginho, em 2004. O São Caetano fazia mais uma bela campanha no Brasileirão e vinha forte brigando por mais uma vaga na Libertadores, quando num São Paulo x Azulão, no Morumbi, o zagueiro Serginho caía desacordado no gramado. A morte do zagueiro abalou o país e o clube; aquela morte causaria mudanças profundas no futebol brasileiro e na história do clube. O São Caetano, ao término do campeonato, perdeu pontos e foi para as últimas posições da tabela. Posições estas, que o clube passaria a se acostumar em frequentar. O Azulão nunca mais seria o mesmo. Em 2006 veio o rebaixamento à série B e consequentemente, o clube do ABC não seria mais o mesmo e nunca mais estaria entre os melhores do país.

Na temporada atual, devido a pandemia do Coronavírus, o clube chegou a desistir da disputa da Série D, mas voltou atrás e conta com a torcida e patrocínios para fazer uma participação honrosa e tentar o acesso à Série C.


Ok... o São Caetano não ergueu taças nacionais ou internacionais, mas o clube entrou para a história. Não conquistou títulos, mas por vezes encantou aos brasileiros. Conseguiu se tornar uma espécie de segundo time de muitos de nós. Fez história mesmo sem vencer. Entrou na galeria daqueles times mágicos que não ergueram troféus, mas que de alguma maneira fizeram história e que são lembrados até hoje, com carinho, por cada um de nós. 




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André Luís de Freitas

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