Na semana em que relatório apontou o óbvio, o descalabro da desigualdade social, o presidente denunciado e sua corja querem impor reformas, não aceita a vontade da maioria e fica se fazendo de “cachorro morto”
 
Cabelos grisalhos, do alto de seus 77 anos, o Elias, não o volante do Atlético Mineiro e muito menos o profeta do Monte Carmelo, mas o Elias que é presidente de uma república, cada vez mais colônia, na América do Sul, parece viver no mundo da lua, não o programa da TV Cultura, mas o mundo da lua já velho, criado por uma operação intitulada de “Operação Condor” que está no currículo escolar na área de História, mas que nem todos têm acesso por se tratar de "doutrinação ideológica", quando bem trabalhada e ensinada.  
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)

O Elias é Temer, e aprendi isso após as recentes denúncias contra ele. Nunca se ouviu tanto o nome completo de um presidente da República como agora em meios aos escândalos – não propagados com escândalo pela mídia - de corrupção envolvendo Temer, que é Elias, e parte considerável da classe política. 


Em meio a mais uma denúncia contra o presidente Temer e dois ministros da atual esplanada, Eliseu Padilha da Casa Civil e Moreira Franco da Secretaria-Geral da Presidência da República, e outros políticos já presos, a sucursal brasileira da ONG britânica OXFAM, a OXFAM Brasil, divulgou esta semana um relatório que veio a corroborar com o que a maioria sente na pele. E não há nada mais sentimental, ou carregado de sentimentos, que este “sentir na pele”.  Há um contingenciamento no orçamento da União e quem está “sentindo na pele” são os precarizados apontados no levantamento.


A manchete de que “Seis bilionários têm mesma riqueza que 100 milhões de brasileiros mais pobres” , quando a população brasileira está em torno de 207 milhões de brasileiros, portanto, segundo o levantamento, este número trata-se de pouco menos que a metade da população brasileira, é explicável, contestável e, espero, revoltante. Entre os seis bilionários, temos um banqueiro, Josefh Safra, proprietário do banco Safra e representante da classe bancária, a menos investigada pelas tantas investigações em andamento no País, Ermirio Pereira de Moraes do Grupo Votorantim, Eduardo Saverin, proprietário da franquia brasileira do Facebook e três executivos – Carlos Alberto Sicupira, Marcel Hermmann Telles e Jorge Paulo Lemmann - da AB Inbev, a AMBEV, responsável pela produção de tudo o que líquido, inclusive água mineral, no Brasil. De acordo com a revista Forbes, os seis juntos acumulam R$ 277 bilhões em patrimônio. 


O relatório diz que um brasileiro que recebe um salário mínimo por mês – R$ 937 – teria de trabalhar quatro anos ininterruptamente para equiparar-se ao que ganha o 1% rico em um mês, pouco mais de R$ 45 mil, e 19 anos ininterruptos para igualar a renda média mensal do 0,1% mais rico – em torno de R$ 215 mil por mês. 


A OXFAM diz que 5% dos mais ricos recebem, em um único mês, o mesmo que 95% da população. Talvez seja esta a razão para números, alarmantes, do Banco Mundial que apontou em fevereiro passado que, até o fim deste ano, 3,6 milhões de brasileiros deixarão a classe baixa e voltarão à pobreza extrema, já com mais de 16 milhões de pessoas.
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)

Traçado esse raio-x da “Distância que nos une” da OXFAM Brasil, que foi tachado como “pesquisa de esquerda” pelos do cabresto,  o (des)governo Temer para combater este panorama, além de pouco investir e muito vender, tornou facultativos direitos trabalhistas, anunciou a privatização de mais de 55 empresas estatais, anunciou o leilão de áreas para exploração de energia e gás no Pré-sal, sem a participação da Petrobras, e contingenciou orçamentos de pesquisas científicas e tecnológicas. E, se continuar da maneira que está, sem intervenção ou algo parecido, o arrepio consome o corpo, magro e mirrado, do brasileiro mais pobre que se lembra do “Teto de Gastos” com previsão para a sua implantação efetiva no próximo ano, com redução do orçamento em áreas sensíveis como educação, saúde e programas sociais que são angulares para reverter o quadro exposto pela OXFAM


No Congresso, deputados e senadores tentam “reformar” a política, não esta responsável por criar um fosso gigantesco de desigualdade, mas os mecanismos que os elegem. Após o fim das coligações já a partir das eleições municipais de 2020, substituídas pelas federações que servem como nova roupagem para as coligações, e a cláusula de barreira para distribuir benefícios como o fundo partidário baseado no comportamento dos partidos nas eleições, eles também criaram um fundo bilionário para o financiamento de campanha com R$ 1,7 bilhão que serão remanejados das deduções fiscais dadas as TVs e Rádios na veiculação de propagandas partidárias fora de época eleitoral. 
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)

Quando eles não estão fazendo política para si mesmos, eles são convocados pelo Executivo, do presidente denunciado, a votarem pautas como o REFIS para o setor empresarial, a mudança de status no corpo ministerial para dar prerrogativa de foro a Moreira Franco, também denunciado e secretário-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República – nome extenso e desnecessário para o bom ou mau andamento do Estado -, ou imposição de reformas como a já aprovada “Reforma Trabalhista” e a no horizonte “Reforma da Previdência”, ou anistia a empresários que dão calote no INSS, que colocam sobre jugo do povo os custos de uma suposta crise financeira. 


Pelas comissões do Congresso, discute-se de maneira rasa temas como a redução da maioridade penal. O discurso é tão raso que trata a redução como solução ou método de amedrontar adolescentes e jovens que cometem crimes. A visão simplista garante que a redução seria eficaz, já que estes jovens “responderiam” como adultos em um sistema penal que, nem mesmo, os adultos “respondem”.   


Haveria mais presos, apenas isso. Seriam presos, cumpririam suas “condenações” – 40% dos presos no sistema carcerário brasileiro são presos preventivos, sem condenação determinada -, e voltariam à realidade segregadora, o mesmo ambiente, sem nenhuma mudança, em que viviam antes do cometimento de crime.
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)

A cada movimento político do atual Congresso, ou do (des)governo, percebe-se que mudar os aspectos de desigualdade no País, com pautas que levam à sério dados como os trazidos pela OXFAM, quase não são mencionados. Eles se fazem de “cachorro morto” e vão tratando somente de assuntos relacionados à politicagem instalada na Máquina Pública.


A manutenção do status quo, o descalabro da desigualdade, é uma opção e, enquanto políticos, uma escolha política. 


Assim como aceitamos ( e precisamos) críticas e sugestões, por isso a importância de se comentar sua opinião, seja sobre o conteúdo ou o artigo, da forma que for mais conveniente, pedimos que, também, compartilhe, retweete, republique nosso material pelas redes sociais!




    


Compartilhe:

Claudio Porto

Jornalista independente.

Deixe seu comentário:

0 comments so far,add yours