Olá fãs da velocidade! Chegamos em Cingapura vivendo talvez a semana mais agitada do ano na Fórmula 1: Sainz na Renault, STR-Honda e McLaren-Renault foram os temas que esquentaram ainda mais o campeonato, que tinha seus líderes separados por apenas 3 pontos. Numa corrida que prometia ser a ideal para Vettel e a Ferrari, a chuva veio para bagunçar tudo o que havíamos imaginado até então, e nos proporcionou uma das melhores corridas do ano. Fique com nossa crônica sobre o GP de Cingapura 2017:



Mesmo com a persistente chuva no circuito de Marina Bay, Charlie Whiting optou por não declarar a prova com chuva, permitindo aos pilotos escolherem com qual tipo de pneu largariam, e vetando também a possibilidade de largada atrás do SC. E cá entre nós, uma decisão pra lá de acertada!

Com todos os carros alinhados no grid, chegou o momento que todos esperavam: a largada! Surpreendentemente, Vettel e Verstappen pularam mal, ao contrário de Kimi Räikkönen, que viu um espaço e tentou colocar por dentro de Max, ao mesmo tempo que Vettel empurrava o holandês para dentro. Não deu outra: Verstappen foi quase "ensanduichado" pelas Ferrari, com Räikkönen abandonando ainda na primeira curva e levando consigo Fernando Alonso. Poucos metros depois, Vettel rodou sozinho (muito provavelmente por conta do toque anterior), acertou o muro e teve de abandonar.

Lance pra lá de polêmico e importantíssimo na luta pelo título. Vamos lá: o primeiro ponto a se analisar é de que Verstappen literalmente não tem pra onde ir! De um lado, Räikkönen aparece como um foguete; de outro Vettel não dá espaços. Precisamos entender também que, em nenhum momento, a manobra de Vettel, e tampouco a de Kimi, foram ilegais. Ambos arriscaram muito, porém dentro do limite. A questão é que Vettel não viu (e nem teria como ver) que Kimi tentava a ultrapassagem por dentro. Seb deixou espaço para Verstappen, mas não contava que Räikkönen estava lá, naquele mínimo espaço, e acabou forçando Max a colidir com o finlandês, que depois acertaria Alonso. Logo, não há culpados. Incidente de corrida e bola pra frente!

A batida causou o primeiro SC do dia e deixou o pelotão bem interessante. Hamilton agora era líder, seguido por Ricciardo com o eficiente chassis RBR. Na terceira posição, aparecia o sempre consistente Nico Hülkenberg, consolidando a boa fase da Renault, enquanto Valtteri Bottas vinha um pouco fora de ritmo, apenas no quinto lugar (atrás de Carlos Sainz, que ocupava o quarto posto).

Falando em Sainz e Renault, cabe um parênteses aqui. Nesta semana, o mundo da Fórmula 1 atentou seus olhos aos desdobramentos um tanto surpreendentes da parceria McLaren Honda. Insatisfeita com os péssimos resultados dos últimos anos, a escuderia inglesa (fortemente influenciada por Fernando Alonso - que sequer definiu seu futuro na categoria) decidiu não renovar o contrato com a montadora japonesa, fechando parceria com os motores Renault a partir da próxima temporada. Por sua vez, a Honda não desistiu da F1 e fechou contrato com a Toro Rosso, podendo inclusive fornecer seus propulsores a equipe-mãe, a Red Bull, a partir de 2019. No meio disso tudo, a Red Bull confirmou o empréstimo de seu pupilo (Sainz é piloto do programa de jovens da RBR) à equipe de fábrica da Renault para 2018, no lugar do inglês Jolyon Palmer

É compreensível a perda de paciência (de Alonso e) da McLaren? É! Estamos falando de três anos seguidos em que, uma equipe acostumada a andar na frente, enfrenta um calvário digna de nanica, lutando para marcar míseros pontos no mundial de construtores. É claro que, como os motores atuais são muito complexos, não é tarefa fácil construir um bom propulsor em pouco tempo. Mas reafirmo: três anos andando no limbo é muito para uma instituição tão grande quanto a McLaren. Não se pode esperar muito tempo por algo que, pelo menos por enquanto, não está na iminência de acontecer (no caso, a evolução notável do motor Honda). Com propulsores Renault, a escuderia garante um mínimo de competitividade não visto antes. Provavelmente, não será uma escolha a longo prazo, afinal o contrato só vai até 2020 (justamente quando haverão mudanças na questão dos motores), porém é uma excelente forma de apaziguar as relações com os fãs e principalmente com Fernando Alonso, que a McLaren julga de suma importância para o desenvolvimento do carro.
Resultado de imagem para mclaren honda alonsoSobre Sainz, o menino tem realmente muita consistência, e desde sempre aparenta ser muito centrado e rápido durante as corridas. Casa perfeitamente com Hülkenberg, que é do mesmo estilo. Se a Renault tiver um bom motor e um bom chassi (algo que é perfeitamente capaz de construir), a dupla tem tudo para conseguir excelentes resultados.


À medida que a chuva ia diminuindo, a pista ia secando e os pilotos aderindo de vez ao pneu intermediário. Quando Kvyat acertou a barreira de proteção de ocasionou o segundo SC do dia, Bottas se manteve na pista e aproveitou para ganhar o terceiro lugar de Hülk, que voltaria atrás ainde de Carlos Sainz. Lá na frente, Ricciardo teria mais uma oportunidade de atacar Hamilton, buscando sua segunda vitória no ano. Àquela altura, nós ainda não sabíamos, mas o australiano já sofria com problemas de câmbio, e certamente Daniel teve seu rendimento prejudicado por tal.

O fato é que Lewis estava literalmente voador! Mais uma vez, Hamilton relargou muito bem e pulou à frente de Ricci, que não foi ameaçado por Bottas. O ritmo do inglês era excelente, e logo a vantagem construída se aproximou da casa dos 10 segundos. Um pouco mais atrás, vale ressaltar o fraco desempenho de Valtteri Bottas, que chegou a andar 25 segundos atrás do companheiro de equipe, e 15 atrás de Ricciardo. Tudo bem, a Mercedes não é forte em Cingapura, mas tomar 25 segundos do companheiro, mesmo o companheiro sendo Lewis Hamilton, é um pouco demais, né não??

Com a pista já seca e todos os carros de pneus slick, foi a vez de Marcus Ericsson demonstrar toda sua perícia e rodar na pista, acertando o muro e causando o 3º SC do dia. Mais uma vez, toda a vantagem construída por Hamilton ia embora e a ameaça da Red Bull voltava a incomodar.

Resultado de imagem para hamilton singapore 2017 winCom pouco tempo restando na regressiva de duas horas, a prova acabaria por ser encerrada no tempo limite, tempo este que não seria suficiente para o australiano sequer pressionar Lewis. Vitória (mais uma) maiúscula de Hamilton, a terceira consecutiva e talvez a mais importante do ano. Lewis abre agora 28 pontos na liderança do campeonato, ou seja, mais de uma corrida de diferença, restando 6 provas em disputa.


A essa altura e com essa diferença, fica realmente mais difícil para Vettel pensar em título, mas de forma nenhuma impossível! Malásia, EUA e Brasil são provas aonde vez ou outra a chuva aparece, e mesmo sabendo que Lewis é um monstro no molhado, a chuva sempre traz consigo algum ingrediente a mais. E ainda não podemos esquecer das falhas mecânicas (vide Malásia 2016) que podem mudar completamente o rumo do campeonato. Ainda sobre o campeonato mundial, cabe citar Bottas em terceiro, já sem moral pra lutar pelo título, com 212 pontos; e Pérez, que igualou Verstappen na classificação com 68 pontos ganhos. Ah, e antes de sair criticando Max, vale lembrar que quase todos os sete abandonos do holandês neste ano foram por culpa de terceiros ou falhas mecânicas.

No mundial de construtores, um duro golpe para as ambições da Ferrari, que via grandes chances em diminuir a vantagem da Mercedes em Cingapura. Os italianos levam agora 102 pontos de desvantagem para a escuderia alemã (475 a 373), ficando praticamente fora da luta pelo título mundial. Em terceiro vem a Red Bull, com seus 231 pontos.

Confira a classificação do GP de Cingapura:

Classificação final GP de Cingapura 2017 (Foto: Reprodução )

A Fórmula 1 volta agora daqui a duas semanas, para o Grande Prêmio da Malásia, em Kuala Lumpur.

Newgarden faz corrida cerebral e fatura título na Indy

Resultado de imagem para josef newgarden sonoma 2017Ainda nesse fim de semana, tivemos a decisão da temporada da Indycar Series, em Sonoma, Califórnia. Estreante na equipe Penske, Josef Newgarden chegou ao circuito californiano liderando o campeonato com 3 pontos de frente para Scott Dixon, da Chip Ganassi. Porém, o que prometia ser uma briga de titãs pelo título, nunca aconteceu.

A Penske se mostrou melhor desde os treinos livres, e Dixon penou para conseguir largar atrás do quarteto rival. Newgarden foi pole, seguido de Power, Pagenaud e Castroneves. Já na corrida, o que se viu foi um Newgarden muito diferente do habitual, extremamente cauteloso e suave com o carro. Já na metade da prova, Josef havia usado apenas três dos 150 segundos disponíveis de 'push to pass'! Uma demonstração clara da maneira com que o americano controlava a corrida.

Enquanto Dixon sofria para ultrapassar Castroneves na luta pelo quarto lugar, Pagenaud vinha em uma estratégia ousada no terceiro posto, acelerando tudo o que podia. O francês partiu para uma parada a mais que todo o pelotão, percorrendo todas as 86 voltas do circuito misto em um ritmo frenético.

Resultado de imagem para josef newgarden sonoma 2017No final do último pit stop, Pagenaud saiu poucos metros à frente de Newgarden, e ambos quase se tocaram, no momento de maior emoção da prova! Rivais desde o GP de Gateway (onde Newgarden jogou duro com o francês), Pagenaud ainda sonhava em tirar o título de Josef, mas para isso não bastava vencer. Simon precisava torcer para que Newgarden terminasse, no máximo, em quinto lugar, algo que esteve longe de acontecer durante toda a prova. No fim, vitória de Pagenaud, com o título indo direto pras mãos de Josef Newgarden.


Terminando em primeiro ou segundo em cinco das últimas seis provas, Josef se valeu da agressividade e do talento natural para surpreender até mesmo Roger Penske e derrotar os veteranos da casa. Grande trabalho do menino, que ao que parece, ainda vai dar muito trabalho nos próximos anos.

Nós voltamos no dia primeiro de outubro, com a cobertura do GP da Malásia de F1. Abraço a todos vocês que leram e não esqueçam de deixar sua opinião/crítica/sugestão. Até mais!!
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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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