É deprimente esse assunto ser atual em 2017, mas o racismo ainda está incluso com força em todas as questões mundiais. Na NFL não é diferente. Nessa crônica contarei o mais recente caso de racismo da NFL. 

Existe uma discussão no mundo da bola oval que questiona os motivos que levam o ex-quarterback de San Francisco, Colin Kaepernick, a estar desempregado. Kaep levou o San Francisco ao Super Bowl XLVII e vem de uma temporada irregular, onde chegou a ser reserva para Blaine Gabbert lá nos 49ers. Entretanto, Colin iniciou uma onda de protestos na NFL contra a força excessiva de policiais contra negros nos Estados Unidos. 

Em um jogo da pré-temporada de 2016, o QB recusou-se a ficar de pé durante o hino nacional. Ajoelhado, Kaepernick chamou atenção do país inteiro em seu protesto. Segundo as palavras do próprio jogador em uma entrevista coletiva, ele não ficaria de pé para a bandeira de um país que oprime quem não é branco. Esse protesto repercute até hoje, mais de um ano depois. 

Seguindo Kaepernick, outros jogadores passaram a se ajoelhar durante o hino nacional, mantendo o protesto. Inclusive na primeira partida de volta para a NFL, Marshawn Lynch (running back do Oakland Raiders) ajoelhou-se, nesse domingo (10). O curioso dessa história toda é que os jogadores que protestaram junto com Colin estão empregados nessa primeira semana de temporada. Por que Kaepernick não está em nenhum time, mesmo que existam franquias com quarterbacks inferiores tecnicamente ao ex-49ers?  

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um de seus discursos brincou que nenhum dono de franquia quer ser xingado por ele no Twitter, por contratar Kaepernick. Trump ainda complementou dizendo que não se postar de pé ao hino é falta de patriotismo e um desrespeito à bandeira. Mas será que, se o jogador fosse Tom Brady, Aaron Rodgers, Eli Manning, Drew Brees ou outro quarterback melhor preparado que Kaep, ainda estaria desempregado se fosse pioneiro nesse protesto? Muitos falam que não contratar Kaepernick é um ato de racismo, alegando que o motivo é o protesto, mas a verdade é que Colin Kaepernick não vinha fazendo grandes jogos nas últimas duas temporadas.  

Existe racismo dentro das franquias da NFL? Pode ser que sim. Contudo, alegar que Kaepernick esteja desempregado por conta de seus protestos pode ser uma injustiça. Mesmo assim, com todos os protestos e a repercussão que isso causou, ainda não mudou a maneira como a polícia supostamente trata os afro-americanos.  

No último 26 de agosto, Michael Bennett, defensive end do Seattle Seahawks, relatou em suas redes sociais um caso de abordagem excessiva de policiais em Las Vegas. Após uma confusão onde tiros foram disparados, policiais algemaram Bennett como se fosse suspeito, mesmo o jogador não portando nenhuma arma e estando tão confuso quanto qualquer outra pessoa no hotel onde ocorreu o incidente. Bennett foi a público em uma entrevista coletiva.  

"Eu acho que todos os policiais utilizam força excessiva por causa de racismo? Não, não acredito nisso. Eu acredito que existem policiais que fazem isso por racismo? Sim, nisso eu acredito.", disse o jogador. Na mesma entrevista, Bennett ainda lembrou do caso em Charlottesville. 

Colin Kaepernick se pronunciou sobre o caso em seu Instagram. "Essa violação que aconteceu contra o meu "irmão" Michael Bennett é nojenta e injusta. O que você acha que acontece com as pessoas sem fama e riqueza? Eu me ergo com Michael e eu me ergo com as pessoas.", escreveu Colin.  

É realmente nojento e injusto que, em pleno 2017, racismo ainda seja um assunto atual. Utilizando das palavras do desempregado protestante Colin Kaepernick: o que você acha que acontece com pessoas sem fama e riqueza – quando o assunto é opressão? 

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