Primeiramente, queremos agradecer a todos. A segunda edição com o representante do rival, Grêmio (Clique), teve também assim como a primeira edição, um ótimo número de visualizações. Mostrando que mesmo quase dez anos depois, esta ideia continua sendo pioneira, este espaço de voz ao torcedor é único e tende a cada vez mais crescer.  A entrevista contou com a participação de Mario Magalhães  do Papo de Torcedor do Colorado. E do nosso cronista de NFL e também Colorado Gabriel Lemos.


Nesta segunda edição, já que na segunda tivemos o "Gre", vamos de "Nal", o Sport Club Internacional é representado por Júlia Mallmann Schneider, 22 anos, atualmente morando em Pelotas, Estudante de Direito. 



Qual foi o primeiro momento em que se sentiu Colorada? Se recorda? 

A primeira vez que coloquei os pés no estádio. Muita gente não precisa desse momento, não precisa estar lá pra sentir, mas eu com os meus 10 anos aprendendo a entender o futebol, foi essencial colocar os pés no Beira Rio e sentir que era real. Que não era só algo da televisão. O estádio pulsando, as pessoas, os gritos, palmas, a vibração quando saiu o gol. Até hoje quando coloco os pés lá penso a mesma coisa, que sou realmente colorada e que é o lugar onde pertenço.


Você então vem de uma família de Colorados? 

É dividida. A família da minha mãe é gremista e confesso que se procurar bem dá pra achar alguma foto minha de bebê com roupa do rival. Mas meu pai e a família dele são colorados e foi de onde herdei a paixão


E seus pais convivem bem com essa rivalidade? Houve alguma "disputa" pelo time ao qual iria torcer? Aliás, tem irmãos, há uma divisão? 

Minha mãe não é muito ligada em futebol, eu brinco com ela que é por não entender que ela torce pro Grêmio. Rolava brincadeira de criança, "se tu mudares de time te dou um sorvete". Mas sempre bati o pé que era o Inter e só. Hoje meus pais são separados, os dois tem filhas de outros cansamentos e as três são coloradas. Não posso dizer que não tem dedo meu nisso.. é uma paixão que quero passar pra elas assim como pros meus filhos. Só esperando uma oportunidade adequada pra levar pro Beira Rio


Tu fala sempre da questão do estádio, do Beira Rio. E hoje está morando em Pelotas. Como é estar mais longe do local onde tudo acontece agora? Como tem convivido com isso?

Eu mudei pra Pelotas há 3 anos por motivos familiares. Foi difícil pra mim na época, não conseguia me imaginar longe de um lugar tão importante pra mim. Esse ano tem sido especialmente complicado pelos jogos da série B em dia de semana, já que faço faculdade aqui no período da noite. Mas por incrível que pareça o amor cresceu. Morando longe o esforço é maior. Se gasta mais tempo e dinheiro pra estar presente e às vezes tens que abdicar de outras coisas. Morando em Porto Alegre o jogo era um hábito. Quando me mudei tive que me perguntar o quanto era importante pra mim estar lá. Ter que abrir mão de algumas coisas, perder aula e até mesmo o tempo gasto com deslocamento pode ser complicado, mas naqueles 90 minutos que estou lá todo meu esforço sempre vale a pena


Estar no estádio é fundamental então? 

Pra mim é. Eu não acho que frequentar o estádio te faz mais ou menos torcedor. É uma discussão meio boba que sempre ocorre nas redes sociais, acho que torcedor de verdade é o que ama e apoia em qualquer situação e em qualquer lugar do mundo. Mas o Beira Rio é meu lugar preferido no mundo. É o meu momento, são 90 minutos em que nada mais importa.


Mario Magalhães (Papo de Torcedor INTER): Gostaria de te perguntar, o que você acha sobre o Beira-Rio ter setores sem cadeiras, para que mais pessoas assistam aos jogos em pé?

Eu apoio a iniciativa, com certeza. O setor que gosto de ficar é justamente onde querem retirar as cadeiras e posso afirmar que realmente lá ninguém vê o jogo sentado. Tendo essa opção agrada todos os públicos, além de ser uma opção de oferecer um ingresso ainda mais barato. Entendo que isso requer um planejamento em estrutura e segurança, mas espero que realmente aconteça.


Voltando um pouco, és claramente uma torcedora de estádio. Mas falou aqui sobre as Redes Sociais. A mulher ainda é muito discriminada em relação ao futebol. Você ainda sente isso no estádio e como você lida com isso nas redes? 

Por incrível que pareça, é mais difícil nas redes sociais do que no estádio. É claro que no estádio de vez em quando escuto alguma piada idiota, mas no geral é uma torcida bem aberta à presença da mulher. Hoje somos muitas na arquibancada e espero que isso cresça cada vez mais. É bem mais fácil se esconder atrás de um perfil pra xingar, e discordar de algum homem sobre jogador X ou escalação Y sempre é motivo pra ser chamada de burra e ler um "mulher não sabe nada de futebol". Procuro ignorar esse tipo de comentário e focar no que é bom. Sempre gostei de debater escalação e rendimento de jogador, e sei que dá pra discordar sem denegrir ninguém. Já teve momentos em que quis desistir de expor minha opinião justamente pela discriminação e ofensas, mas aprendi a ignorar e acredito que com a presença cada vez maior nas redes sociais de mulheres opinando sobre futebol vamos derrubar essa visão machista. 


Você acompanha e debate também o momento político do clube? 

Eu nunca acompanhei de perto porque não acreditava que a gestão tivesse tanta influência e poder ou que a política dentro de um clube de futebol fosse tão importante. Eu sou torcedora e pra mim o importante sempre foi o que acontecia dentro das quatro linhas. Sei que é uma visão meio boba e o rebaixamento me mostrou o quanto estava enganada. Só sei sentir vergonha, raiva, nojo da bagunça que fizeram com o meu clube.


Isso então mudou sua visão sobre a política no futebol. Acha que a queda está mudando a mentalidade dos dirigentes? 

Não. Acho que está mudando a do torcedor. Acho que o torcedor percebeu que precisa cobrar e exigir mudanças, postura, transparência. Quem nos trouxe até a série B não se importava com o clube, só em encher os bolsos de dinheiro. Enquanto continuarmos colocando esse tipo de gente no poder o clube não vai pra frente.


É então o pior momento na história do clube? Como é isso, o time é "Campeão de Tudo" e vem uma gestão, até com nomes consagrados e coloca o time na Série B. Qual foi o impacto disso pra ti?

Tudo indicava que a série B chegaria mas, por mais bobo que seja, nunca imaginei. Pelo peso da camisa, a história de garra e até pela minha mania de acreditar até o último segundo, realmente achei que o rebaixamento não viria. Pior do que jogar a B é o caminho até ela. Derrota atrás de derrota, o time sem vontade em campo, o então presidente falando bobagem nos microfones e exalando uma arrogância que não nos pertence.. a agonia da incerteza foi pior do que estar aqui agora jogando a B. 


Falamos sobre o pior, e qual foi o melhor ou mais emocionante momento pra ti como torcedora?

O pior com certeza foi o rebaixamento, foi doloroso ver o que fizeram com o meu clube. Não sei citar um só bom momento porque esse clube me trouxe muita coisa boa. É muito emocionante levantar uma taça de Libertadores ou Mundial. É inesquecível. Mas o Inter x Cruzeiro, último jogo no Beira Rio em 2016 foi o jogo que mais chorei. A torcida venceu o jogo no grito, foi muito especial


Quem é o seu maior ídolo no Inter? 

D'alessandro. É um torcedor dentro do campo, um jogador que acompanhei no Inter desde o início e vi se tornar o ídolo que é hoje. Tem sido um prazer testemunhar e espero poder vê-lo defendendo o Inter por mais tempo. É um cara pra quem eu diria "fica pra sempre".


Gabriel Lemos (Setorista da NFL e Colorado): Acha que a naturalização de D'alessandro é uma mostra de que ele pode seguir no clube após encerrar a carreira? Tu sente ele mais torcedor do Inter que do River hoje?

Espero que sim. Eu adoraria ver ele continuar no Inter, como técnico ou qualquer outra coisa. D'alessandro ama o Inter e sempre vai querer o que é melhor, sempre vai lutar pelo torcedor. Sei que ele tem uma conexão muito grande com o River, acho que o coração dele é vermelho e branco por dois grandes clubes.


E existe algum jogador que tu preferia não ter visto com a camisa do Inter? 

Olha, vários. Paulão, Geferson, Anselmo.. os chamados "caras do rebaixamento".


Mas será que não faltou a eles qualidade, ao invés da vontade? 

O Paulao por exemplo simplesmente abaixava a cabeça em lances de bola aérea. O Anselmo desistia da marcação. Isso pra mim é inaceitável.


Gabriel Lemos: Pra descontrair, por que seu cachorro se chama Nico Lopez

Acho o Nico muito bom jogador, além de ser um nome simples e fácil. Era um jogador em ascensão na época, fazia muito gol.. conheci o Nico nos camarotes do Beira Rio em um dia que ele estava fora da partida e ele foi muito simpático, acabei admirando ele ainda mais. Comecei a brincar que esse ia ser o nome do cachorro e acabou pegando. Hoje ele tem 6 meses e tem muita cara de Nico mesmo, vive no mundinho dele (risos). 


Esse plantel, esse comando técnico e diretivo do Inter. São suficientes pra chegar forte na Série A em 2018? 

Acredito que sim. Temos uma base de time pra 2018. É claro que espero contratações, reforço pra zaga e meio campo principalmente, mas no geral é esse o time. O técnico vem fazendo um bom trabalho e acho interessante dar uma chance pra ele no ano que vem. A folha salarial do Inter é alta, tem jogadores de qualidade.. com bom reforços e muita vontade teremos uma boa equipe em 2018.





Fernando Carvalho

Um grande homem que respeito por tudo que trouxe ao Inter. Mas tomou decisões erradas inclusive em rede nacional que afetaram o clube. Acho que ele tinha uma boa proposta e se perdeu no caminho. Por dinheiro, ganância, não sei. Respeito, mas não quero que volte.


Vittorio Piffero

FDP, ladrão, aproveitador, só sei sentir nojo.


Marcelo Medeiros

Por enquanto, sem grandes reclamações. Fez uma boa limpa no elenco depois do rebaixamento e tem se esforçado pra manter um contato maior com o torcedor. Acho que pode fazer grandes coisas pelo clube. Coloca por ele a mão no fogo? Não, preciso ver mais do trabalho dele. 


Paulo Roberto Falcão

Ídolo. Grande jogador. Lamento muito como foi conduzida a passagem dele como técnico no Inter. Coloca por ele a mão no fogo? Sim. 


Marcio Resende de Freitas

Me custou um título, teve uma atuação ridícula e injusta. Ele disse que errou e se arrepende, acredita nesta frase? Não sei. Não conheço ele como pessoa. Não posso julgar a índole assim. Mas arrependimento não muda a falta de profissionalismo que teve na partida. 


Fernandão

Acho que as palavras pra ele são admiração e gratidão. Eternas. Grande homem, grande jogador, grande capitão. Nos deu o mundo e ficou pra história.


Alguma pergunta que não fizemos e gostaria que tivéssemos feito? 

Acho que não, abrangeu bastante coisa sem ser cansativo, gostei. 


Houve alguma pergunta que fizemos, mas preferia que não tivéssemos feito?

A pergunta que eu gostaria que vocês não tivessem me feito. Vocês "me pouparam". 


Seu recado final pro torcedor, pro time? 

Acho que pro torcedor eu diria que o pior já passou, e que o importante é estarmos juntos apoiando sempre. Como o clube mesmo disse, não é sobre como a gente cai, mas como nos levantamos. E estamos fazendo isso juntos. Pro time diria que essa camisa é muito pesada e que deve ser honrada. Essa torcida é muito apaixonada e merece voltar pra série A. Mas mais do que isso, merece garra e vontade em campo. E parabéns a vocês pela iniciativa. Sucesso! 




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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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