O ex-goleiro, capitão e eterno M1to Tricolor Rogério Ceni foi definido como treinador do São Paulo na última quinta (24), após a abrupta demissão de Ricardo Gomes. Gerou-se em torno da decisão do maior ídolo do clube uma grande polêmica, afinal, todos sabiam que Ceni teria lugar certo na diretoria do clube, que o ofereceria muito mais estabilidade e garantiria uma longa vida dentro do clube. Mas conhecendo Rogério e sua sede de desafios, não surpreende tal decisão, ele se preparou, foi pra fora do país estagiar com alguns dos principais técnicos do mundo e agora coloca sua cabeça na berlinda para tentar dar novo rumo ao clube que ama. Terá sido a decisão certa? O tempo dirá, mas em se tratando de Ceni, é uma decisão desafiadora, nada diferente do que se viu em toda sua carreira.



O primeiro desafio na vida do jovem goleiro foi sair de Sinop, para vir até São Paulo tentar espaço em seu clube do coração, desafio superado.



Posteriormente, o goleiro ganhou espaço após fazer parte do Expressinho de Telê e Muricy, no time titular, quando da saída de Zetti, outra lenda tricolor embaixo das traves e até então dificilmente superável no coração da torcida.




O desafio seguinte de Ceni era inimaginável, obstinado o goleiro treinava faltas e em 97, contra o União São João, Rogério desafiou os limites da sua incumbência como goleiro e fez seu primeiro gol de falta.


Foram no total 132 gols de falta e pênalti, o maior goleiro artilheiro da história do futebol, décimo maior artilheiro do clube, que defendeu a vida esportiva inteira.





Ceni superou também o desafio da longevidade e da fidelidade, esquecidas praticamente no futebol atual, vestiu por 1238 jogos a camisa do São Paulo, recorde absoluto de jogos com uma única equipe, em 25 anos de carreira profissional com uma única camisa


Todos estes desafios foram únicos e superados pessoalmente pelo goleiro, que com os companheiros também superou outros, ganhou inúmeros títulos, enfim. Mas este desafio gera especial atenção e apreensão, como dito inicialmente, o caminho menos tortuoso e que garantiria (ou quase) um longevo vínculo de Ceni com o clube seria a carreira diretiva, uma carreira muito menos volátil e onde apenas uma tragédia pode manchar a imagem de um ídolo, como com Dinamite no Vasco. Salvo isso, menos em um insucesso ou em momentos difíceis, Rogério não estaria nos holofotes de forma direta, a bomba não estouraria nele.

O caso da demissão de Ricardo Gomes após estar prestigiado ilustra bem o momento diretivo do clube e os riscos que Ceni corre, a recente crise política com direito a pancadaria e o também prestigiado Denis sendo sacado do time por decisão de cima, mostram que mesmo Ceni pode em um insucesso, ser alvo de decisões diretivas que busquem tirá-las do foco de críticas. O São Paulo hoje está longe de ser um modelo de gestão, está mais (assim como outros rivais locais, evidentemente) para modelo a não ser seguido, basta analisar tudo que ocorreu nos últimos anos, especialmente neste e o reflexo disso em campo. Ceni poderia ajudar mais diretivamente, dando sobriedade a este diretoria e participando de contratações e da implementação de um modelo de gestão que volte a rememorar os tempos do saudoso Marcelo Portugal Gouvea, dentre outros grandes mandatários que o clube já teve.


Discordo que seja absurdo Ceni assumir o clube por "inexperiência", ele se preparou, cursou, objetivou, sempre foi um líder nato, muitas vezes mais comandante do grupo que os técnicos que o comandaram e agora assume esse grande desafio. Que experiência tinha Zidane para assumir o Real Madrid? A grande questão é a volatividade diretiva do clube hoje, o PROMÍSCUO mercado brasileiro, vejam por exemplo, os casos de Fernandão e Falcão no Inter, quando quem tinha na mão a caneta precisou desviar-se do foco das críticas, não pensaram meia vez na história dos ídolos, os demitiram sumariamente. Ceni está sujeito a isso, esse foi o desafio e essa foi a opção que fez, resta desejar boa sorte e que a diretoria possa dar as condições para que ele faça um grande trabalho, caso contrário, como com qualquer treinador no país, Rogério será o primeiro a ser atingido para que a diretoria desvie o foco de sua incompetência.



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Imagens: GazetaPress. 




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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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