Nos últimos dias, os jornais estão vinculando notícias sobre a nova definição de museus. Essa discussão vem desde 2016, quando foi criada uma comissão para discutir o assunto. É um tema bastante polêmico no meio, porém para mim não há polêmica alguma, mas sim uma briga de ego de uma Museologia velha e excludente que não superou o fim do século XIX.


Diversos países europeus estão contra a nova proposta, muitos acreditam que os museus são locais apenas de exposição de objetos e pesquisa. Querem menos engajamento social e político. Eu sou contra ao que a Europa se opõe, principalmente a França. A situação foi tão tensa para definir a nova proposta que até mesmo um dos membros do Conselho Internacional de Museus renuncio do cargo que ocupava na comissão. Isso é a comprovação de que existe uma onda conservadora que atinge o mundo e até mesmo os museus. 

O mundo não é mais o mesmo desde o século XIX, viver como aquela época é errado, é um erro também não abraçar os novos conceitos e tecnologias. Se a sociedade precisa de uma evolução os museus devem ir junto com ela e não ficar no retrocesso. Um museu que fala para os mesmos públicos é tão inútil como um museu vazio. Declarar valores que estão na moda não é errado, ser fechado e não ver que o mundo mudou é.

A nova definição de museus propõe que “Os museus são espaços democratizantes e polifônicos para diálogo crítico sobre passados e futuros”. A proposta ainda afirma que os museus devem trabalhar “com e para comunidades diversas” além de “Contribuir para a dignidade humana e justiça social, igualdade mundial e bem-estar planetário”, ou seja, uma visão bem mais ampla e dando um caráter social e político para as instituições.

Essa nova proposta não foi aceita, tendo como maior opositor a França. Além disso, países afirmaram que com essa definição, alguns locais que são governados por regimes autoritários terão problemas, mas acredito que isso é fundamental, os museus devem lutar para abrir as mentes fechadas, que seja discutido e que os museus incomodem os paradigmas, assim como, que eles estimulem novos olhares, essa é a Museologia que defendo.

Um dos principais apoiadores da nova definição foram os países do continente africano, um local que tem regimes autoritários, mas mesmo assim defende que os museus devem sim ter evoluções e mudanças de paradigmas. Não apenas se fechar um clube que se alimenta do ego dos mesmos. Devemos ir de encontro com as pessoas e deixar elas dentro dos museus. Se fechar ou lutar por uma definição diferente é um retrocesso.

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Museus não são só espaços expositivos, museu são além. Não descarto as definições cientificas do meio, mas acredito que o principal objetivo dos museus seja com a comunidade. Se fala da dificuldade dos grandes museus de se enquadrar a isso, porém não se discute o motivo deles não se enquadrarem em uma definição ampla.

O nome dessa coluna já expressa meus sentimentos sobre museu. O museu é o mundo, profissionais dessas instituições devem lembrar disso. Não é apenas a luz, o expositor ou o acervo que faz um museu, a peça principal ali é a participação pública e quanto mais amplo mais importante os museus serão.

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Sobre a Coluna

A coluna O Mundo é um Museu é publicada sempre às sextas-feiras.
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Pablo Barbosa de Oliveira

Sou Museólogo e Escritor. Escrevo sobre cultura na Revista Pauta e no Portal Jovens Cronistas. Criador do Museu de Instagram do IAPI. Fã de Fantasia e Sci-fi.

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