Presidenciável quer PC do B e PSB, mas negocia coligação com PR e está no
radar de PP e DEM
Parte da esquerda brasileira o ama pela nostalgia do ser
brizolista. Outra parte não o suporta pelo seu gênio difícil, teimoso e
independente. Fato é que o pré-candidato Ciro Gomes do Partido Democrático
Trabalhista, o PDT, é um “político profissional”, como não cansa de falar em suas
apresentações públicas, e diz conhecer o caminho das pedras preciosas que leva
ao Planalto, apesar de não ter conseguido alcançá-lo quando o pleiteou em 1998 e 2002
ainda pelo PPS. Ciro terminou seu primeiro pleito à Presidência da República atrás de Lula e Fernando Henrique Cardoso, este eleito, e a segunda, já nos primeiros anos deste século, atrás de José Serra, do PSDB, e de
Luiz Inácio Lula da Silva, eleito pelo PT.
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Imagem: Chargista Cícero Lopes |
Se por um lado a principal figura política do País, mantida
presa no prédio da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde o dia
sete de abril, influencia – demais - no debate sobre o papel da esquerda
brasileira na próxima eleição presidencial, a articulação em volta da
candidatura de Ciro também é ponto chave para o futuro, sem exagero, do País. Entretanto,
o presidenciável tem encontrado - e, de certa forma, alimentado – resistência junto
à principal legenda do campo de esquerda do País, o Partido dos Trabalhadores –
PT. Ciro e Gleisi Hoffmann, presidente do PT, não medem as palavras quando o
assunto é a eleição de outubro.
Enquanto
parte da mídia e alguns petistas buscam emplacar a necessidade
de união em torno da candidatura do pindamonhangabense radicado no Ceará, os partidos
oficialmente mantêm ainda diferenças visíveis e rusgas que o eleitorado não tem
deixado passar despercebido. Para tanto, Lula lidera as pesquisas estando preso
e Ciro patina sem alcançar dois dígitos nos levantamentos de intenções do voto. O
restante da esquerda, Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PC do B), com
muito esforço somam um por cento cada.
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Imagem: Chargista Cícero Lopes |
A equipe de campanha do Ciro sonha com o apoio da esquerda
brasileira em uma eventual frente que reúna legendas do espectro, incluindo os
três com pré-candidaturas já lançadas. A vontade é por PC do B, PT e, se possível,
PSOL. Mas, nos bastidores, o ex-ministro de Itamar e de Lula está mais ao centro
do que ele mesmo prega: o presidenciável procurou estabelecer aliança com o PR
de Josué Alencar, empresário e filho do ex-vice-presidente José Alencar, que
comporia a chapa pedetista deste ano, e agora com o PP de Benjamin Steinbruch,
empresário e presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), agora ventilado
como vice de Ciro.
Na mesma semana em que o nome do empresário da CSN ganhou
força, dois dos principais jornais do País, jornal Folha de S. Paulo e O Estado
de S. Paulo, noticiou, entre suas notas, o interesse de parte do DEM e do
PP de apoiarem o presidenciável do PDT em troca da permanência em uma possível
base governista.
Ciro Gomes tenta o apoio do PSB, sem pré-candidatura à
Presidência, e ronda o PC do B, que abriria mão de Manuela D’Ávila para compor eventual
coligação com ele, porém, sem o “lugar ao Sol” da vice-presidência. E mais,
Ciro conta ainda – enquanto candidato – com a impugnação quase irremediável do
registro de candidatura do ex-presidente Lula em agosto e com ela a transferência
de votos para a sua candidatura.
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Imagem: Chargista Kácio Pacheco |
Ao mesmo tempo em que herdaria parte dos votos do
ex-presidente, o presidenciável também elevaria sua rejeição entre petistas que
não aceitam outro candidato que não o Lula, e esquerdistas que enxergam na
articulação do pedetista uma espécie de Déjà Vu.
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Imagem: Chargista Klayton |
Ciro tem boa oratória e aparenta conhecer o que compõe seu
discurso, que, a propósito e curiosamente, não tem deixado os donos do poder no
País – mídia e sistema financeiro, não necessariamente nesta ordem – de “cabelo
tão em pé assim”, como era o esperado. Neste aspecto, lembra muito a
candidatura do sindicalista Lula. Ciro talvez não seja bem o Lula de 2002, mas,
se as notícias se confirmarem – e geralmente se confirmam - anda pecando da
mesma forma no campo das alianças. Mais cautela, Ciro.
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Veja Claudio, eu sou suspeito pra falar do Ciro. Vejo ele preparado desde pleitos anteriores e neste ainda mais. Com todo respeito ao PT e a tudo que Lula fez, a "justiça" do Brasil fez uso de forma ilegal, de regimentos e instrumentos legais para o prender e o tornar inelegível, o TSE certamente barrará o registro de sua candidatura, portanto essa insistência do PT "em Lula" soa como bravata, repito, com todo respeito.
ResponderExcluirCiro tem ideias muito boas, tem um discurso forte e entende de economia, de fazer uma economia que consiga coincidir com instrumentos sociais. Ele sempre prega que dá pra ter desenvolvimento social e ao mesmo tempo fortalecimento econômico. Há quem o considere "radical" e quem não o considere, como tu por exemplo, mas a questão de competitividade eleitoral somada a preparo é no meu entender preponderante nesse caso.
O Ciro tem dito (pra uns até de forma contraditória) que "não existe Centro", existe Esquerda e Direita e nessa linha o DEM e o PR com certeza são Destros, não ponho mão no fogo, mas duvido muito de que se estabeleça tal aliança.
Agora, sobre o moço da CSN muito tem se falado realmente, eu creio que ele perderá muito crédito se fizer tal aliança, inclusive comigo.
Bom, quanto ao discurso e programa de governo, Ciro sabe bem como vendê-los e isso não reduz, em nenhum aspecto, a qualidade de ambos. Ele realmente é um ótimo candidato para um pleito que parece não temer o desastre.
ExcluirMesmo que as suspeitas e dúvidas apresentadas neste artigo pareçam infundadas, é importante expô-las e questioná-las. Lembro que, anterior aos desmandos do espírito (des)governamental (que atingiu os Três Poderes da República, e que este blog não se recusou à repercutir), as más alianças já pareciam irremediáveis e razão para toda a crise de poder do País.
As alianças, como já discutido neste blog em outras oportunidades, levaram, em parte, a maior figura política do País à prisão. A "cautela" é para evitar que mais um bom político se perca nas curvas perigosas das tratativas de bastidor. Ciro é bom e, acredito, não precisa de tais parcerias.
Obrigado pelo comentário.
Tem toda razão, se subverter o próprio discurso e se aliar com setores conservadores, mesmo que se eleja em 2º turno com "apoio" midiático, conheceremos um final ruim para Ciro.
Excluir"Conheceremos um final ruim para Ciro" e a repetição da história, como se o Brasil estivesse condenado à um "loop infinito", um círculo vicioso em que predominam apenas interesses escusos.
ExcluirAgradeço pelo comentário.