São Paulo está mais nova, rejuvenescida no alto de seus 464 anos

Apesar do nome masculino, e santo para os que professam a fé católica, São Paulo é “ela”. É um pronome feminino que não permite-se reduzir a ser “ela” por mera referência ao termo cidade, que é do gênero feminino, mas por carregar consigo a divindade (para os católicos, a mesma que a do patrono) de compreender a multicultura, e fazer disto seu ponto forte, e abraçar, com calor mais que fraterno, todas as maneiras e formas de vida.


Edifício Copan; Foto: Exame
“Ela” é acolhedora, compreensiva, e igualmente desafiadora e exigente. Um enigma que ganha forma nas ruas, avenidas, vielas e becos que a compõem. Apesar de alguns soberbos, em picos de vaidade, hesitarem chamá-la de sua, ela, dona de si, diz no bom latim “Non dvcor, dvco”, ou “Não sou conduzida, conduzo”

O tempo faz tão bem a ela. Ao mesmo tempo que a tristeza em ver alguns de seus filhos ao relento pelas calçadas e esquinas bate de súbito, quase que simultaneamente, a alegria surge com as agitações populares, que não deixam por pouco tentativas antidemocráticas ou “centavos” imperativos, e a rejuvenesce com créditos de esperança de que mudanças significativas são possíveis. Ela acredita na força e na luta dos seus.

Os seus, que saem da “gema”, de outras partes do País e do mundo, para contribuir diuturnamente com a construção e o desenvolvimento que fez, e faz, dela um espaço que transcende a topografia, que recusa definir-se apenas em seus 1.521 km quadrados, e invade o campo passivo de denominação como “entidade”: abstrata, respeitada e única. E isso, acredite, no alto de seus 464 anos. 

É isso. Certamente ela é uma entidade. Para os privilegiados por estarem mais ao Centro, é um estado de espírito com seus espaços de lazer, cultura, arte, culinária, esportes, entretenimento, discussões e eventos de todas, e para todas, as classes e grupos. Para os mais periféricos, apesar de a oferta não ser tão vasta, o estado de espírito e o amor por ela é o mesmo, senão maior que os filhos centrais. Eles compreendem que esta distinção, a espécie de marginalização, é repulsivamente contestado por ela, e que não passa de atitudes políticas propositais de seus temporários comandantes.

Dona de traços únicos e gente de trejeitos peculiares, São Paulo pulsa, ainda que distante do ideal, a democracia que almejamos. Aqui, alguns vivem, outros sobrevivem, e é sobre estes últimos, os menos favorecidos, que estão os olhos atentos da rejuvenescida Sampa. A cada ano que passa, ela fica com ar mais jovial, moderno e com um espírito revolucionário, próprio daqueles com hormônios a flor da pele, garantindo que não aceitará mais injustiça e, principalmente, desigualdade.

Esta é a #MaisSP464 que observamos, sonhamos e pela qual lutaremos. Uma entidade que faz sentirmos diferentes, especiais.

Parabéns, São Paulo! 

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Claudio Porto

Jornalista independente.

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2 comments so far,Add yours

  1. São Paulo consegue provocar quase que instantaneamente inúmeros sentimentos. Há momentos em que nos sentimos abraçados, acolhidos. Outros onde a face da indiferença em relação a desigualdade se faz presente. Desigualdade que por vezes deixa a cidade "feia", triste. Mas quando as luzes artificiais são acesas, ou mesmo apagadas, em suas selvas de pedra e suas pessoas, a cidade resplandece em beleza.

    É importante lembrar o verso daquela canção: "Quem é seu dono, NINGUÉM, São Paulo". São Paulo precisa voltar a ser uma cidade de todos, não de alguns, não vendida a CNPJs que por trás tem CPFs ou ainda, corporações internacionais.

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    1. E,felizmente, ainda há tempo para a mudança.

      Agradeço pelo comentário.

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