Acompanhamento semanal do mandato de João Dória à frente da Prefeitura de São Paulo. O Gestor, como ele bem frisa, tem muito trabalho no comando da maior cidade da América do Sul, e estamos atentos a suas ações. Portanto, todo sábado, trazemos aqui um compilado da semana de Dória, ou "Semana do Gestor".


56ª Semana de resquícios de um relacionamento à check-up no Albert Einstein

O relacionamento acabou. Dória, choroso com o fim do relacionamento que mantinha com a turma do dito Movimento Brasil Livre – que parecia promissor, por ser o que populares consideravam como um “casal perfeito” -, partiu para Davos, na Suíça, onde afogou-se em lágrimas com a ruptura, ainda da semana passada, entre o seu “liberalismo” e o “neoliberalismo” dos garotos do MBL.

A picuinha, ainda por conta da resolução 16, que intensifica as regras para o funcionamento de motoristas por aplicativos, terminou com Dória e os garotos do MBL de lados, agora, distintos, incluindo o vereador Fernando Holiday (DEM-SP), que já disse considerar votar contra os projetos de Dória na Câmara Municipal.

O prefeito esteve em Davos, na Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial de Davos, ao lado de Temer e Henrique Meirelles. Sem compreender que benefícios a viagem de Dória traria para a cidade, senão malefícios pela ausência do prefeito numa semana chuvosa e cheia de problemas com alagamentos, o cronista permite trazer uma curiosidade: Dória viajou 9563 km, distância entre São Paulo e Suíça, com a expectativa de vários encontros e palestras, achou que iria “causar”. Mas foi convidado para apenas um evento no Fórum, assim como o presidente Temer, que comandou uma palestra sem a presença de espectadores.

A viagem não impediu Dória de sancionar o projeto de Lei que renomeia parte da Av. Das Nações Unidas, na Zona Oeste, com o nome da ex-primeira-dama e ex-mulher de Fernando Henrique Cardoso, Ruth Cardoso, no trecho entre a Av. Embaixador Marcelo Soares, na Vila Leopoldina, e a Rua Hungria, em Pinheiros. Esse projeto foi mencionado por esta coluna à época da birra do prefeito em ter recusado inaugurar o viaduto com o nome da, também, ex-primeira-dama e ex-mulher de Lula, Dona Marisa Letícia. Falamos que ele sancionaria e agendaria um cerimonial para a renomeação da via. A sanção ocorreu, e parece que logo menos Dória fará homenagem à ex-mulher do presidente emérito de seu partido, o ex-presidente tucano e “príncipe” da sociologia brasileira, Fernando Henrique Cardoso. 

Os rumores sobre a saída de Dória da Prefeitura para a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, como candidato tucano, aumentaram nesta semana. Com direito a cotados para vaga de vice na composição de chapa com Dória, a ideia em abandonar o Edifício Matarazzo antes de encerrar o mandato, como de praxe entre os tucanos, tomou as manchetes e colunas de jornais. Com uma “deixa” do prefeito, que, da Suíça e em entrevista  ao Jornal da Manhã, da Rádio Jovem Pan, garantiu que o seu partido, o PSDB, não pode abrir mão de lançar um candidato - contradizendo ao pensamento do governador Alckmin, que, neste sábado (27), disse ao Estado apoiar a candidatura do vice-governador Márcio França, pelo PSB, em troca de uma aliança nacional em torno de seu nome à Presidência. O prefeito ficou encabulado com a pergunta sobre sua saída, mas não fez muita questão de desconversar a informação.
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)

Assessores de Dória já analisam possíveis nomes para compor chapa, sendo o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) e o secretário da Habitação de Alckmin, Rodrigo Garcia (DEM), os mais cotados.

A semana ainda foi implantação, ao menos quanto a publicação no Diário Oficial, de novidades na rede de ensino municipal, com a inserção das aulas de programação e ética na internet, e desenvolvimento de habilidades socioemocionais no currículo escolar para o ano letivo que inicia em fevereiro. A novidade anunciada ano passado, foi publicada no Diário Oficial de terça-feira (23). Outra novidade são os “CEUs 21”, com a promessa de laboratórios equipados com computadores, kits de robótica, impressora 3D e tablets. A coluna estará acompanhando o cumprimento destas promessas do, ao menos até abril, prefeito João Dória.

Dória voltou à São Paulo na noite de quarta (24), dia agitado por conta do julgamento de Lula no TRF-4, em Porto Alegre (clique!). Antes mesmo de aterrissar em solo paulistano, o prefeito ainda em suas redes sociais comemorou a manutenção da condenação do ex-presidente pelos desembargadores de Porto Alegre. Numa publicação com “3X0” sobre a bandeira do Brasil e a cor vermelha de plano de fundo, como se estivessem rivalizando (imagem abaixo), o prefeito disse que o "Brasil do bem celebra esse momento histórico". Para Dória, os desembargadores impuseram ao PT “um golpe duríssimo”. Como não estava na cidade, como em boa parte desse pouco mais de um ano de administração, Dória não viu como a região Central, e depois a Paulista, presentearam a cidade em um grande ato pela democracia -onde o povo é soberano -, organizados por apoiadores de Lula.

Imagem: Reprodução / Redes Sociais de João Dória
  
Presentearam porque a nossa São Paulo comemorou, na quinta (25), seu 464° Aniversário. Semana curta, de feriado prolongado, com direito a uma virada de shows e espetáculos, por toda a cidade, em uma festa de 25 horas ininterruptas.

O palco montado pela Prefeitura no Vale do Anhangabaú, o principal daquilo que o prefeito como bom publicitário intitulou de “Festa da Cidade”, recebeu grande público, muito por conta das presenças de Paula Fernandes, Karol Conka e Anitta, ou “Anira” como a cantora é chamada entre os fãs.

A Rede Nossa São Paulo, em parceria com o Ibope Inteligência, divulgou estudo sobre a percepção dos paulistanos com as instituições públicas da cidade. Entre as mais bem avaliadas estão o Metrô, a Sabesp e o Conselho Tutelar, com índices de confiança em 54%, 48% e 45%, respectivamente. A Prefeitura, considerada confiável apenas por 23% dos entrevistados, segundo a pesquisa, terá de “trabalhar, trabalhar e trabalhar”- em alusão ao slogan da administração Dória – muito mais para mudar números críticos, como os de acesso à saúde pública, que pioraram no período entre 2015 e 2017. Segundo a Rede Nossa São Paulo, enquanto em 2015 o paulistano levava 186 dias para intervenções cirúrgicas, ano passado o número saltou para 359 dias. Filas por consulta e exames, saltaram de 82 dias para 160 dias, e 98 dias para 161 dias, respectivamente, de acordo com o estudo.

Outro indicador interesse do estudo é o que mostra a participação dos paulistanos nas instituições. Segundo o levantamento, 92% dos moradores da cidade não participaram das atividades da Câmara Municipal nos últimos 12 meses, com atenção especial à Zona Norte, onde 96% dos moradores não frequentam as atividades da Câmara. A pesquisa ainda diz que mais da metade dos entrevistados não lembra em que votou para vereador nas eleições de 2016. Foram entrevistadas 800 pessoas durante todo o mês de dezembro passado.

O prefeito ainda aproveitou a semana para o “check-up” anual, com exames para atestar suas condições de saúde. Dória preferiu não utilizar do serviço público, em estado crítico, segundo o estudo da Rede Nossa São Paulo, e realizou a tomada de testes no hospital particular Albert Einstein, sob os comentários - pelos emojis, admiradores - do artista plástico, predileto de uma certa casta, Romero Britto.

Imagem: Reprodução / Redes Sociais de João Dória
Aceitamos críticas e sugestões. Para isso, deixe sua opinião na seção "comentários" logo abaixo. Pedimos também que compartilhe, retweete, republique nosso material pelas redes sociais!
  
Compartilhe:

Claudio Porto

Jornalista independente.

Deixe seu comentário:

2 comments so far,Add yours

  1. O detalhe é que a comemoração de Dória da condenação do ex-presidente foi também na Jovem Pan, em meio a gozo de toda equipe, não era uma entrevista sobre política e sim uma confraternização, enquanto no 98.9 da Brasil Atual, se acompanhava a grande manifestação em que pouco depois das palavras de Dória e Villa (olha que chapa "linda") viria Lula a discursar.

    Entrevista onde aliás ele criticou duramente Marcio França, sinal de que mais cadeiras devem voar no PSDB.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Acompanharemos nesta semana os desdobramentos da entrevista do "Santo" ao Estadão reconhecendo que, politicamente, é melhor apoiar Márcio França e deixar de lado a ideia de um candidato do PSDB ao Governo do Estado. E, com isso, o previsível chilique de Dória quando souber que terá de ficar na Prefeitura até 2020, local onde está com muita resistência. ( Por isso, e também pelos nossos bons pitacos, vale convidar a galera para seguir a coluna no Twitter em @Maiss_sp)

      Valeu pelo comentário!

      Excluir