Na última sexta (12), o mundo foi surpreendido (só que não) com o "vazamento" por parte do jornal The Washington Post de que em encontro para tratar da questão migratória no dia anterior, o mandatário estadunidense Donald Trump teria se referido á Haiti, El Salvador, além de países latinos e africanos em geral, mais de uma vez no dito encontro como "shitholes", o que em livre tradução significa "buracos de merda". O dono da Tower veio em seu twitter pessoal no dia seguinte refutar a acusação, dizendo que apenas referiu-se a tais países de "forma dura". Sem qualquer resposta oficial por parte da White House, aliás, Trump brinca com seu mandato, achando que o país e suas relações internacionais são de sua propriedade e não de mandato, lembrando até um empresário paulistano. O agravante nesse episódio, seria que Trump (provavelmente em tom de brincadeira) teria dito que melhor seria se europeus nórdicos fossem os imigrantes, evidenciando ainda mais seu racismo.


O grande "erro" (erro não é proposital, por isso as aspas) no nosso ponto de vista que muitos, sobretudo os simpáticos a políticas conservadoras cometem é crer (ou fingir que creem) que os atos e palavras absurdos proliferados pelo mandatário da nação mais poderosa do planeta e que tem atuação decisiva nas relações internacionais são meras "brincadeiras", são fruto da "liberdade de expressão" de "um cara verdadeiro e sem papas na língua", que "tem direito de colocar suas opiniões o quão duras elas forem".

Ora, quem tem este tipo de "opinião" padece de burrice ou desonestidade, quando não das duas coisas iladas. Não, não se pode achar engraçado qualquer chefe de Estado, ainda mais o chefe do estado norte-americano fazer as declarações que faz, seja com (des)respeito a mulher, seja em relação ás políticas ambientais, seja em seus dogmas, ou por fim e mais grave, na questão humanitária. Trump não é um vocalista de banda dos anos 80, um radialista da madrugada ou um apresentador de Talk Show, do qual se diz algo e se deve achar engraçado ou "fodão". Um estadista precisa ter o mínimo de responsabilidade, ainda mais em sua posição.

No que tange ao "direito a expressão", este deve ser contemplado e exercido desde que no estado de direito, não se ofenda, ou ainda, se busque através desta liberdade, caçar qualquer outra do próximo, isto é um tanto óbvio, mas os repetidores de mantras e caçadores de "mitos" se desapercebem desse preceito um tanto quanto óbvio do exercer dessa liberdade.


É crasso ver que há quem creia que isso não passa de brincadeira ou sinceridade. Trump já deu em suas políticas mostras suficientes de que faz com a caneta, aquilo que sugerem suas palavras. Seja na questão ambiental ou humanitária. Trump é um perigo para a sua e para as demais nações e os que delas migraram para os EUA e em sua medida, é ainda mais perigoso que os alcunhados terroristas, pois o maior terrorismo que pode existir é o de Estado e com tais atitudes, com essa postura racista, além de outras condenáveis, o empresário reforça essa posição ultranacionalista e ultraconservadora.

Mas por que nos meter nisso? Claro, primeiro por que a ofensa não é a um ou outro, é a TODOS os países não-ricos, a todas as populações miscigenadas. Uma crítica estúpida, visto que quem construiu em grande parte os Estados Unidos e até hoje contribui, foram justamente esses imigrantes que foram buscar o "Sonho Americano" e agora são tratados como lixo por este Presidente, eleito pelos setores mais conservadores da sociedade estadunidense, sem a maioria absoluta de votos, como permite o sistema de delegados de lá.


Outro fator que não permite com que se leve isso na brincadeira é que a ascensão de Trump ao poder nos EUA em certa medida viabilizou este tipo de nome na administração pública. Já citamos o exemplo em São Paulo, do atual prefeito, que faz uma "gestão" desastrosa acompanhada aqui pelo nosso cronista Claudio Porto Jr (clique). Mas exemplo mais clássico e perigoso disso é esta figura aí ao lado, Jair, que não é uma figura do empresariado, mas também é um notado ultraconservador, com um grande número de fãs, fãs estes que se dizem "cansados do 'politicamente correto'" e do "patrulhamento contra a 'liberdade de expressão'" e que dentre os tantos absurdos que já disse ao longo de seu tempo como político profissional, disse recentemente que: "Usou seu auxílio moradia quando solteiro para 'comer gente'". 

Evidentemente que esta molecada achou isso engraçado. Não, não é, o efeito de muitas de suas absurdas colocações é este, tal qual o de Trump e aqui até o tosco apelido de "Mito" foi associado a sua imagem. Uma imagem na verdade desagregadora, ultraconservadora, ultranacionalista e ofensiva á maioria, as populações pobres são MAIORIA em nosso país, portanto, o "argumento" de que "Quem é contra Jair tem de "ir se acostumando" por ser um "subversivo de esquerda, defensor de minorias" não é válido, há sim que defender os direitos das minorias. Há sim que legislar sem levar em conta dogmas e doutrinas religiosas, em sendo constitucionalmente o Estado Laico. Mas nesse caso, na questão da Xenofobia e da opressão, não se trata de uma questão de "minoria", é uma questão que envolve a toda a população.


E a população não se pode deixar levar por uma revolta contra o "politicamente correto", ou crer que a violência deve ser combatida através de bang bang, ou ainda que a terra seja quadrada, que o aquecimento global é uma invenção de "subversivos de esquerda", ou ainda que existem raças e castas mais nobres que outras. Isto tem de ser combatido duramente, isto não pode passar, a ignorância e a desinformação não podem vencer, seja nos EUA ou no Brasil.


Leia também CLICANDO AQUI, o texto sobre o tema dos amigos do "Jornal Empoderado"




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Imagens: AFP e Acervo JC. 


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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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