Vamos acompanhar semanalmente o mandato do prefeito tucano João Dória à frente da Prefeitura de São Paulo. O Gestor, como ele bem frisa, terá muito trabalho no comando da maior cidade da América Latina, e estaremos atentos a todas as suas ações. Portanto, todo sábado, traremos aqui um compilado do que o mandatário realizou em suas atribuições.



50ª Semana De “convulsão” tucana à indústria da multa




A quinquagésima semana de Dória à frente da Prefeitura de SP iniciou ainda no sábado da 49ª Semana. O prefeito, que diz ser filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira, o PSDB, desde 2001, certamente, em todo esse tempo não tinha participado de uma convenção tucana tão agitada como a de sábado (09), em Brasília.
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)

No palco da convenção, tucanos reunidos para anunciar o governador e padrinho de Dória, Geraldo Alckmin, como presidente da legenda e, por que não, pré-candidato à Presidência da República pelo partido, na plateia, militantes mais rachados que o próprio PSDB. De punhos cerrados e cadeiras voando, eles, os militantes, extravasaram as várias fissuras do PSDB primavera-verão 2017/2018. Em alas, grupos fechados e irredutíveis, defendem Aécio Neves, alguns defendem o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, outros estão com Dória, e, acredite, há uma ala em defesa do senador José Serra. E o que eles defendem? Indecifrável. Ninguém entende. A briga pelo poder no tucanato é de longa data. 


A parte da “convulsão” que cabe ao prefeito João Dória foi a sua declaração de que não estava tentando se inviabilizar como candidato à Presidência e, se realmente estivesse interessado, teria mudado de legenda para chegar ao Planalto. Foram mais de 40 viagens e 13 títulos de cidadão, aqueles que pensávamos ser “moedinhas”, como as do game “Sonic”, em que o prefeito parecia condicionar sua candidatura ao número de “moedinhas conquistadas”. 

 Vídeo: Reprodução / canal "Mídia Alternativa" no Youtube

E parece que todo o início agitado de sábado (09) em Brasília, na “convulsão”, não atingiu o “espírito natalino” do prefeito. Já em São Paulo, Dória passou à tarde, como se a manhã tivesse sido tranquila, ao lado do “bom velhinho”, no lançamento de 90 ônibus que vão circular, até janeiro, pelas ruas da cidade iluminados por led. 

  Vídeo: Reprodução / canal "João Doria News" no Youtube


Após o ato falho de incompetência quando definiu o Tatuapé, bairro de noites agitadas e m² mais caro que alguns bairros nobres, Dória acordou cedo no domingo e foi à Zona Leste, bairro de Vila Formosa, para a 50ª etapa de seu programa-chefe, o Cidade Linda. Ao menos, a Vila Formosa é mais “perifa” que o Tatuapé.  


A semana ainda foi de pagamento, desta feita, duplo por conta dos vencimentos referentes ao mês de dezembro e o 13º salário. O prefeito, como de praxe, é o primeiro “servidor” da Prefeitura a receber seu pagamento. Ele sempre se antecipa. Desta vez, além de entregar dois grandes cheques – como aqueles de programa de tevê – nos valores de R$ 17.948,50, cada um, as instituições Associação Cruz Verde e Instituição Beneficente Nosso Lar, Dória, publicitário formado pela FAAP, deu o nome de “Entrega do cheque do prefeito” ao exibicionismo feito por ele toda vez que cumpri a promessa de campanha de doar todos os salários.   

  Vídeo: Reprodução / canal "João Doria News" no Youtube


Ainda no início da semana, Dória foi incomodado pelo Ministério Público que abriu investigação para apurar o uso pessoal, por parte do prefeito, do aplicativo “AceleraSP”. Segundo o MP, o aplicativo, que não é de propriedade da Prefeitura, usa do brasão da cidade, divulga ações da própria Prefeitura e promove a conta de Facebook do prefeito, com acesso facilitado por um link incluído no aplicativo, e este é o ponto em que os promotores estão debruçados. 


O prefeito ainda esteve visitando seus vereadores na Câmara, nesta semana. Dória, e sua comitiva, entre eles o investigado – de certa forma, encoberto pela mídia tradicional, que pouco comenta sobre o caso da 48ª Semana - e secretário da Casa-Civil, Bruno Covas, agora responsável pelas negociações com o legislativo municipal. Lá, o programa de desestatização – a comercialização do patrimônio público - parece estar empacado, e isso apavora o prefeito que diz depender, única e exclusivamente, da aprovação do projeto para fechar as contas do ano que vem.


Dória, observando que não há possibilidade de emplacar suas vendas na Câmara – ao menos, não mais para este ano -, aproveitou a semana para avisar que a Prefeitura pretende reajustar as tarifas de ônibus em 2018. Lembrando que o sistema de ônibus da cidade está rodando com contrato emergencial há dois anos, onerando a Prefeitura, que tinha anunciado a regularização do contrato ainda para este ano, pela pasta de mobilidade e transportes, mas não “rolou”. 


Na Câmara, a base do governo trabalha intensamente para que o recesso parlamentar chegue o mais depressa possível. Para tanto, estão evitando o agitado programa de desestatização, aprovando nomes de logradouros e debatendo – com direito a intervenções nada republicanas da GCM – o projeto de “Escola Sem Partido”, a pauta inócua da Câmara, de autoria do vereador Eduardo Tuma (PSDB) e coautoria de Fernando Holiday (DEM), do dito “Movimento Brasil Livre”, o IPES versão séc. XXI.


A visita à Câmara foi a última de um total de 12 realizadas pelo prefeito este ano. Da Câmara, Dória conseguiu taxar serviços de streaming na cidade - Spotify e Netflix, por exemplo -; autorização para criminalizar, sem efeito prático, a comercialização e venda de sprays, à época dos ataques a grafiteiros e pichadores, e, nesta semana, conseguiu que seus “parceiros” empresários usem de uniformes escolares como outdoors, permitindo que patrocinadores estampem suas marcas nas roupas de estudantes da rede municipal de ensino.


Dória encerrou a semana ainda na área de educação. Ele e a Prefeitura anteciparam as diretrizes que serão implementadas na rede municipal de ensino no próximo ano. Entre as novidades no currículo, “robótica” e “habilidades socioemocionais” serão inseridas em escolas que regulam merenda, quando não, são laboratórios para testes como a tentativa com a “ração”. É Dória “acelerando” na educação.
 

Acelerando na educação e na, agora sim, “indústria da multa”. A Prefeitura tornou a fiscalização e punição meramente educativa, a emissão de multa para motoristas que descumprem o Código de Trânsito Brasileiro, em empresa com investidores, ações e perspectivas de lucro em longo prazo. Diferente da administração passada, a de Haddad, a gestão Dória conseguiu o aval do Tribunal de Justiça para a “abertura” da mítica indústria da multa com direito a repassar os “lucros” aos investidores e aplicar valores em operações de recapeamento pela cidade. 


A decisão do TJ, que permitiu a Dória utilizar os valores arrecadados com multas não somente em investimentos com sinalização e pagamento da folha salarial da CET, como prevê o CTB, mas também em programas de recapeamento, foi emitida em março passado, mas as empresas escolhidas pela Prefeitura, todas de empresários “parceiros” de Dória, não fizeram um bom serviço de recapeamento, segundo o Tribunal de Contas do Município. 


O TCM determinou, nesta semana, que as empresas refaçam 70% dos trechos asfaltados, ou reparem sete mil buracos, pela operação “Tapa-buraco” - o “Asfalto Novo” de exageradas campanhas publicitárias nos últimos tempos que, em tese, seria o destino dos valores arrecadados pela indústria da multa.



Em homenagem ao meu editor-chefe e após uma, no popular, “comida de rabo” da Mais SP, Dória passou parte da manhã de sábado (16) trajado com o modelo 2018 da camiseta branca do Cidade Linda - além do coração e dos dizeres "SP Cidade Linda", a camiseta ganhou a frase "Gestão com a População" sob a ilustração de bonecos coloridos -. No bairro de Guaianases, Zona Leste da cidade, o prefeito, além de comemorar seu "niver" de 60 anos, encenou a tradicional passagem de pedras - quando ele e sua comitiva, ao lado de alguns moradores, retiram pedras de entulho uma a uma, passando de mão em mão até o destino final, geralmente uma caçamba -, preparou massa de cimento para reparar calçadas, além de pintar guias.


Com a visita à Guaianases, acredito, o prefeito agora consegue discernir o que é ou não uma região periférica. 


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Claudio Porto

Jornalista independente.

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1 comments so far,Add yours

  1. Mas tenho certeza amigo Claudio, que ele ficou pelo CENTRO de Guaianases, ali perto da estação. Com certeza ele não avançou aos estreitos becos onde a poeira sobe, aonde o Estado (Brasileiro) não chega, algumas áreas inclusive legalizadas pelo seu antecessor. Com certeza não foi ao sub-bairro onde o aparelho público com o qual a população foi "premiada" é uma "Fundação Casa" em frente a uma área residencial, onde a cada rebelião a tensão das famílias (e até a minha, cujo a família sou eu mesmo) é extrema.

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