Programado para ser
um dia de luta contra os muitos equívocos do Governo Federal, a sexta-feira de
paralisações começou a ser sabotada antes mesmo de seu inicio
Ainda era sexta-feira (23) quando uma publicação do jornal Folha de S. Paulo informou que muitos
sindicatos não adeririam os movimentos da ultima sexta (30). A reportagem
explicava que muitos hesitaram por conta das recentes declarações do Governo
sobre a permanência, ao menos por enquanto, da contribuição sindical. Há
negociações para extingui-la gradativamente e isso, infelizmente, já agrada boa
parte dos movimentos sindicais. Isso somado ao compreensível medo e receio da
maioria dos trabalhadores com relação aos seus patrões e a manutenção de seus
empregos suscitou em, apenas, mais um dia de movimentação contrária a Temer e
seu Governo. Para os que não acreditavam ser possível piorar, os ministros do
STF Marco Aurélio Mello e Edson Fachin ainda presentearam os movimentos com prêmios
insensíveis e desoladores.
Na quinta (29), um dia antes da “Greve Geral”, os
metroviários de São Paulo decidiram em assembleia que não participariam dos
movimentos. Os representantes dos motoristas e, os quase extintos, cobradores
de ônibus também já tinham decidido não paralisar na sexta (30) por conta das
muitas represálias da Prefeitura de SP, chefiada por João Dória, defensor das
Reformas que, por meio de multas quase milionárias, vem influenciando as decisões
dos trabalhadores do ramo.
Represálias de todos os tipos enfraqueceram o dia que tinha tudo
para ser de fortalecimento e amostra da luta que o povo, espero que em sua
maioria, tem de travar com os atuais “representantes do Povo”. Com baixa adesão,
a sexta de “Greve Geral” se deu, como de praxe, com pouca repercussão da mídia,
exceto a independente, que se ativeram a publicar, já nos dias seguintes, os
números pífios das muitas concentrações pelo Brasil afora. Pouquíssimas pessoas foram às ruas ou
paralisaram suas produções. Isto, mesmo em meio a uma semana em que as notícias
advindas do Planalto central do País revelaram a obscuridade de todo o sistema
republicano de coalizão. Na segunda (26), o envio da 1ª denúncia contra um
presidente da República em exercício por parte da Procuradoria Geral da República
que acusa Temer, nesta 1 ª denúncia, por crime de corrupção passiva. Na noite,
quase madrugada, de quarta (28), a Comissão de Constituição e Justiça do Senado
Federal aprovou o texto-base da Reforma Trabalhista de autoria do senador
Romero Jucá, “rei das surubas”, um dos maiores acintes ao trabalhador
brasileiro desde a criação da CLTs, em 1943. Na mesma sexta-feira em que alguns
milhares de pessoas foram às ruas contra o péssimo momento da Política
nacional, o ministro do STF, Marco Aurélio Mello, primo de Fernando Collor de
Mello, comete o disparate de não aceitar o pedido de prisão contra o senador
Aécio Neves e, não contente, ainda presenteou o País que manifestava com a
liberação do retorno do senador às tribunas do Senado Federal. O senador que,
para o ministro Mello, é “brasileiro
nato, chefe de família, com carreira política elogiável” saiu ileso da epopeia
produzida pela “Batista produções”, a melhor em gravações.
Ainda na mesma sexta, da tal “Greve Geral”, o ministro,
também do STF, Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo, um
dia após o advogado do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, o da “mala”, ir a
tribuna do plenário do STF, enquanto os ministros discutiam e votavam regras
para homologação e relatoria de delações premiadas, no caso, a do empresário
Joesley Batista da J&F, pedindo ao ministro que revisse sua posição quanto
a prisão domiciliar de Loures. O
advogado expôs ao colegiado a situação, de acordo com ele, desumana de seu
cliente que nem sol estava tomando. Então na sexta (30), o ministro Luiz Edson
Fachin permitiu que Loures, ex-deputado gravado correndo com uma mala em que havia
R$ 500 mil em propina, deixasse a prisão para aguardar as decisões processo em
sua residência.
Estamos tratando de um senador da República, com “carreira política elogiável”¸ gravado pedindo
e ajustando o recebimento de propina, e planejado o assassinato de
interlocutores do esquema. No mesmo pacote, um ex-deputado e ex-assessor do
presidente da República gravado correndo, apreensivo, com uma mala que seria,
segundo as investigações, entregue ao próprio presidente da República.
Presidente este que também foi gravado esquematizando suas obscuras pretensões.
Envolto a tudo isso, o Senado segue aprovando, sem aceitar discussão, a Reforma
Trabalhista que, como tudo indica, tem tudo para ser sancionada ainda este ano.
Após a votação de quarta (28), o projeto seguiu para o plenário do Senado com
pedido de urgência na tramitação, onde precisa passar por dois turnos para a
aprovação.
Me espanta muito, vermos as ruas ou, até mesmo, as redes se
acostumando com as manchetes de “crise” sem demonstrar qualquer tipo de
organização. A pasmaria é espantosa. Temos passado por semanas agitadíssimas
que, diferente da crise econômica, sim, são desmedidas. É algo que margeia,
obviamente sem o mesmo brilhantismo e prazer, o surrealismo de Dali. Se numa
semana em que vimos o que vimos, parte da população preferiu hesitar ou
comemorar a possível manutenção do imposto sindical, invés de cobrar a falta de
controle do País, e ministros da Suprema Corte optando por aliviar para
notórios usurpadores, prefiro não dar uma de Nostradamus e imaginar os próximos
dias.
Realmente, um dos dias mais vergonhosos da história do país, não pela RESIGNAÇÃO da Classe Trabalhadora, até compreensível, mas sim pelos acintes bem citados. É um trágico momento do Brasil.
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