Neste mundo, os
homens são livres para satisfazer suas vontades capitalistas, enquanto o povo
espera um empurrão global para ir às ruas
Em meio ao recesso parlamentar, a Política nacional fervilha
a base de Emendas Parlamentares, aumento de impostos, negociatas com lobby,
encontros em almoços e jantares, planos de demissão voluntária e uso indiscriminado
de jatos da FAB. Festa que deixaria qualquer seguidor de Dionísio radiante de
alegria.
Se já não bastasse liberar pouco mais de R$ 2 bilhões em
Emendas no primeiro semestre, o presidente Temer, de acordo com a ONG Contas Abertas, voltou a destinar,
novamente R$ 2 bilhões, aos parlamentares que aprovaram o parecer pelo
arquivamento da denúncia contra ele. Isso, somente nas duas primeiras semanas
de julho, “coincidentemente” enquanto os deputados federais discutiam o
afastamento ou não do presidente. Protocolada pela Procuradoria Geral da
República, a denúncia tramitou pela Comissão de Constituição e Justiça, onde
foi aprovado o relatório contra o prosseguimento da denúncia, e, na próxima
quarta 2 de agosto, o relatório será discutido e votado em plenário com
transmissão “ao vivo” da global.
O uso indiscriminado de um mecanismo legítimo e
constitucional como as emendas, é um atentado ao senso crítico e intelectual do
povo brasileiro. Temos um presidente da República que se dá ao luxo de, num
país com 14 milhões de desempregados, distribuir aos seus parceiros
congressistas o montante de R$ 4 bilhões em defesa pessoal. Para isso, o povo,
aquele mesmo que, às vezes, vai às ruas manifestar sua insatisfação, parece
esperar um empurrão para deixar as tocas. Entendo que deve ser difícil se
manifestar contra a distribuição de Emendas quando seu candidato à Presidência
da República é um militar aposentado, batizado no rio Jordão, e que está entre
os dez deputados que mais receberam nos últimos três anos, isso sendo representante
de um estado em que professores e outros servidores públicos padecem em filas
por cestas básicas no falido Rio de Janeiro. O “mito” das redes, tido por
alguns como solução para o pleito em 2018, conseguiu a quantia de R$ 15,7
milhões em Emendas, de acordo com dados do Siga
Brasil, portal de transparência do Congresso Nacional.
Já que as Emendas não servem de combustível para movimentos
populares, o aumento de impostos no PIS/CONFINS dos combustíveis, literalmente,
ameaçou uma reação da opinião pública contra o governo Temer. Com a volta dos
patos amarelos da FIESP nas ruas, o povo, em especial os de Terra Dois, se viu lesado com o aumento,
em alguns casos, de 0,50 centavos no litro da gasolina e foi às redes
datilografar besteiróis contra o presidente que, para estes que estavam lá em Terra Dois, só agora mostrou ser
ineficiente. Isso, já passados um ano de muitos acintes, controvérsias e obscuridade.
Para as classes menos afortunadas, o governo Temer mostrou a
que veio antes mesmo do aumento nos impostos. As recentes aprovações,
Terceirização Irrestrita e Reforma Trabalhista, alterando para baixo o
indicador de desempregado, mas em contrapartida elevando indicadores como o da
rotatividade, e as limitações em programas sociais como Minha Casa Minha Vida e Bolsa
Família, incluindo a divulgação de que não haverá reajuste no último,
alertam que Temer não os quer em sua “ponte para o futuro”.
“Ponte” tomada pelos
mais variados lobbies, por isso não há espaço para os mais pobres. Há lobby
querendo tomar conta dos Parques Nacionais, como o Jamanxim, no estado do Pará,
e o fim das demarcações de terras indígenas. Há outros que, liderados por ministros
como o da Agricultura, Blairo Maggi, dono de fazendas produtoras de grãos, a Amaggi, brigam por verbas do Prêmio para o Escoamento de Produto,
incentivo público para equilibrar o mercado de grãos em período de supersafra, distribuído
apenas aos grandes empresários do ramo.
Numa tentativa de compensar todo o desmando e desgoverno e
manter o as alianças, o Executivo inicia o desmonte de empresas e bancos
públicos com inúmeros PDVs (Programa de Demissões Voluntárias) e discursos
cabais, como a falência dos Correios
no mundo do e-commerce, para entrega-los a iniciativa “aliança” privada.
E a propósito: o papo de crise é tão furado que os
deputados, os mesmos das Emendas e conhecidos benefícios, usam dos aviões da
FAB para viajar pelo País. Imagino ser difícil fiscalizar ações como essa
quando o seu presidenciável tem um filho propondo leis que “coíbem o fomento ao embate de classes sociais”. A família “Bolso”
é tão fantasiosa quanto o Incrível Mundo
de Bob.
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