Colegas santistas tristes,

Hoje foi um dia cheio de ironias. Fizemos provavelmente nossa melhor partida no Paulistão, passamos poucos sustos na defesa e, enquanto tivemos Bruno Henrique em campo, fomos um time perigoso. Jogamos bem. Mas, como tem sido costume, o time não conseguiu criar oportunidades claras o suficiente e, num jogo que você precisa ganhar por dois gols de diferença, isso conta. Fomos para os pênaltis e, vejam só a ironia, fomos eliminados pelas mãos do Aranha. Eu mesmo havia comentado isso na semana passada:

"Fico mais tranquilo em disputar pênaltis contra a Ponte porque o goleiro deles é o nosso “querido” Aranha e o nosso... QUE HOMEM!"

Aparentemente Vanderlei é excelente, mas não é à prova de zica de cronista bocudo. Desculpe, Vand.


"Alá vocês saindo do Paulistinha pelas minhas mãos, como a Lei do Ex funciona"

Ainda falando sobre ironias, veja só como é a vida: David Braz fez sua melhor partida com a camisa do Santos em muito tempo. Desde 2015 não via o zagueiro ter uma partida segura, sem sustos, tomou conta do Pottker sem muitos problemas e ainda fez um golaço. Vocês têm noção do que significa ver UM GOLAÇO DE VOLEIO DO DAVID BRAZ COM ASSISTÊNCIA DE MEIA-BICICLETA DO VERÍSSIMO? DEVIA VALER DOIS ESSE GOL! Mas ainda assim ele foi o único desafortunado a perder seu pênalti, e ainda deu o azar que os cobradores da Ponte aparentemente deram ouvidos a este cara* e bateram todos os pênaltis de maneira perfeita, e nós quicamos pra fora do Paulistão.

*Explico: em 2011, após a Seleção do Mano ser chutada da Copa América após perder quatro pênaltis ridiculamente contra o Paraguai, o Globo Esporte publicou esta matéria do professor da USP Ronald Ranvaud (cheguei a ter aula com ele) que explica, através da física, que existe um lugar ideal para se bater o pênalti: alto, no canto, mas não no ângulo - mais abaixo, para evitar que a bola bata na trave. Em suma, nos campos marcados com X na figura abaixo.


Estes lugares são longe o bastante do tanto do alcance do goleiro quanto da trave. E de alguma forma, não vejo os batedores do mundo todo batendo ali. Só vejo gente batendo no canto, ou "treinando" cavadinhas - como se "treina" cavadinha? O único jeito é estudar o goleiro. Se ele pula antes, você bate, senão não. (A menos que você seja um retardado que decida bater uma cavadinha num dos maiores pegadores de pênalti da história, o que não creio que exista jogador Pato o bastante pra fazer.). Mas, enfim, pela primeira vez vi um time que parece ter seguido as orientações de professor Ranvaud. Que pena que não foi o Santos - foi logo seu adversário...

Mais algumas notas, curtas como a nossa passagem nesse torneio triste que só serviu pra deixar nosso ambiente turbulento:

- Guardem esse nome: Rafael Gomes Félix da Silva. Hoje demonstrou todos os defeitos que um árbitro pode ter. Marca muitas faltas gera um jogo truncado, mas não dá cartões. Cometeu três erros grosseiros em sequência: sonegou um pênalti absurdo de Lucca em Bruno Henrique, depois uma entrada forte de Lucas Lima no mesmo Lucca passou sem cartão amarelo e pra arrematar, Cleyson agrediu Veríssimo numa jogada aérea e nem falta foi marcada. Não à toa o jogo se transformou num MMA parecido com Portugal x Holanda – só que sem os cartões. Aliás, realmente sem os cartões. Era pro Cleyson ter sido expulso bem umas duas vezes.

- Que partida do Bruno Henrique! Foi nosso melhor jogador, o time morreu sem ele. Conseguiu ser o ponta esquerda E o ponta direita ao mesmo tempo, causou o pânico na defesa da Ponte, especialmente depois que Nino Paraíba saiu e a Ponte perdeu a agressividade por aquele lado. Vitor Bueno, em oposição, foi o falso ponta – escalado à direita do ataque, não jogou por ali. Nem pelo meio. Nem pela esquerda. Não jogou foi nada mesmo. Mais uma partida patética apática de um dos melhores de 2016. Copete e Hernández pedem passagem.

- Por falar em que partida, devo ser justo: Zeca fez uma exibição muito consistente hoje, tanto no ataque como na defesa. Deu azar em ter seu chutaço defendido por Aranha. 2017 está sendo um ano muito aquém do nosso camisa 37 (que numeração horrível, a propósito) e fico feliz em ver um anúncio de que esteja voltando à sua melhor forma. Nosso ano e nossa Libertadores agradecem.

- Preocupante: Ricardo Oliveira parece estar com uma condição física deficiente já há algum tempo, o que talvez esteja interferindo em seu faro de artilheiro - pois não me parece que falta vontade. Hoje teve duas chances, em uma deu azar de errar o gol por pouco e na segunda não reagiu com a rapidez suficiente para matar o passe forte de Renato. Diga-se, sua má fase coincide com uma deficiência grave do Santos: a incapacidade de furar defesas bem postadas. O Santos sofre muito quando seu artilheiro não está em boa fase.

Se conseguirem, tenham uma boa noite...
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Victor Martins

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