No calor das delações, o Brasil quase não se espanta com aquilo que já se fazia notório


Às vezes a figura do x9, aquele que conta, fala, delata situações em que ele esteve presente em troca, sempre, de satisfações pessoais ou até mesmo de sua liberdade, parece importante para a construção daquilo que aparenta serem soluções e que prometem acabar com os problemas causados pelas situações delatadas, expostas por esses mesmos x9.
 

Ao lado de Moro, as delações premiadas são tratadas, também, como “xodozinhos” da Operação Lava Jato. A opinião pública não tem se espantado com o velho e corrupto mundo político, entretanto a admiração pelas delações cresce à medida que cada fase é concluída, ou melhor, a cada vídeo de delação divulgado. A riqueza de detalhes nas histórias faz crer que, nesse momento, caminha-se para um estágio em que as verdades ganharão publicidade e que daqui para frente, o Brasil, especialmente a classe política, costurará uma manta de pudor para as negociatas que dificilmente deixarão de existir. Mesmo que superficialmente e sem determinar caminhos, o Judiciário vai limpando aqueles que, por excelência, têm a missão de remodelar o sistema de modo geral.  Nesse aspecto, o caótico momento não deixa, de maneira alguma, o eleitor exercer sua já acomodada função quadrienal de votar. 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)


O STF, especialmente o ministro Edson Fachin, tem dado celeridade a sua participação na Operação Lava Jato.  Passaram cinco meses desde que as delações de ex-executivos da Odebrecht deixaram Curitiba e, por citarem políticos com Foro Privilegiado, partiram para Brasília. Desde então houve a tramitação e, recentemente, o relator, ministro Edson Fachin, permitiu que sejam abertos inquéritos contra 98 políticos. 
 
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A decisão do ministro relator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin, em permitir a divulgação sem discriminação nas irregularidades cometidas, fez cair por terra qualquer resquício de empatia com os “representantes do povo”. Logo todos foram condenados e massacrados por estarem na lista que já foi do procurador Janot e agora pertence ao ministro Fachin. Em sua estrutura, a tal lista conta que 4 ex-presidentes da República, 8 ministros, 24 senadores e 39 deputados federais, além de alguns governadores e pessoas ligadas a eles, terão que esclarecer o por que do carinho dos delatores em lembra-los enquanto, a maioria, conversava com Moro. 
 
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Nos áudios e vídeos que circularam em cadeia de Rádio e TV, e principalmente pelas redes sociais, os ex-executivos detalham com clareza fatos que, depois da divulgação, se tornaram sórdidos, já que as obscuras relações mencionadas por eles eram de conhecimento da população. Talvez não soubessem os detalhes, porém sempre existiu o pensamento de que o modo brasileiro de se fazer política é envolvido por maracutaias. 


Boa parte dos pedidos de abertura de inquéritos envolve o famigerado “Caixa 2” ou “Falsidade Ideológica para fins eleitorais” durante campanhas eleitorais, independentemente das esferas. Estritamente nesse pedido, o crime de “Caixa 2” está relacionados a empreiteira, o que não retira da cena corrupta brasileira, os políticos que não integram a Lista de Fachin. Esses, que não foram citados, não serão investigados, mas podem, também, ter recibo valores adicionais de outras empresas, durante suas campanhas. Em seu delação, Emilio Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht, disse que “é impossível encontrar um politico que não tenha sido eleito sem o Caixa 2”. Se houver investigação, não restará nem esses que se vangloriam hoje por não estarem na lista. Eles também terão que prestar contas por seus erros e pelos discursos moralistas, anticorrupção que hoje eles tecem mirando o ano que vem.
 
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Mesmo com o seu nome envolvido e não podendo ser investigado pelo simples fato de ser presidente da República, Temer segue com o olhar firme sobre suas Reformas. Aparentemente, ele tenta dar normalidade ao ar do Congresso que viu os presidentes de suas Casas, Senado e Câmara Federal, também lembrados por Fachin, e se reuniu com os parlamentares para aprova-las em contrapartida as ações do Judiciário. 


Depois da Lista, além das Reformas da Previdência e Trabalhista, o Foro Privilegiado, “Caixa 2” e o projeto de Abuso de Poder também somam-se a pauta do Congresso. 
 
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Por fim, nós, meros brasileirinhos, temos que buscar entender essa conjuntura para retirarmos, enfim, a ideia de que a Política não supera a corrupção e, desde já, nos planejarmos para o ano que vem. Especialmente em relação aos rasos discursos daqueles que estão fora dessa ou de qualquer outra Lista.

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Claudio Porto

Jornalista independente.

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2 comments so far,Add yours

  1. É claro, que assim como Rdorigo Caio virou "herói" por ser o que todos deveriam ser, que é HONESTO, os poucos não delatados usarão o fato de não estarem nessas listas para *agar "moralidade", há que ter cuidado com isso. É claro que sabemos que o empresariado corrompeu o sistema político e fez endêmica a corrupção, mas há que punir os corrompidos e também o curruptor, há que conseguir ilar concretamente as acusações aos fatos, os corruptores, não podem sair como "mocinhos" e "justiceiros" da história.

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    1. Sim. Observemos com atenção os discursos que serão proferidos por aqueles que farão dessa lista um trampolim para interesses pessoais.

      Obrigado pelo comentário!

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