Sem pudor em escolher, o nosso presidente segue com o Brasil parado


Durante oito anos de nossa história republicana, tivemos à frente de nosso país, um presidente metalúrgico, das periferias do Grande ABC, em SP, que, por uma infelicidade, perdera seu mindinho esquerdo manipulando grandes tornos em uma fabrica de São Bernardo. Ele, mesmo sem esse dedinho, sob muita maracutaia e mutreta, desenhou um Brasil aparentemente mais desigual, com a abertura da porteira do crediário e os muitos IPI reduzidos. O atual presidente da República, Michel Temer, até onde sabemos detém todos os seus dedinhos em seus devidos lugares, mas não tem sabido aponta-los de forma correta ou, no mínimo, coesa. Desde que assumiu, nomeou ministros, viu ministros caírem, assim como sua popularidade, se é que é possível usar desse termo para a sua relação com a população brasileira, viu seu nome, por vezes, em uníssono nos depoimentos de envolvidos na Lava Jato, corre o risco iminente de ter a consumação do Fora Temer, pelo TSE, e, na ultima semana, resolveu mudar-se para o Alvorada, mas, assim como as ações precedentemente citadas, não foi uma  decisão acertada, tanto que poucos dias depois voltou para o Palácio do Jaburu. 
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram)


Assim que apontou o inicio do ano, o “drama infernal” vivido pelo Presidente já ditava que 2017 não seria tão diferente de 2016. Crise penitenciária e morte de ministro do STF em janeiro, mudanças no Ministério da Justiça enquanto policiais militares faziam greves por alguns estados brasileiros, saída inesperada nas Relações Exteriores e pedido de licença por causa de próstata, assustaram até o finalzinho de fevereiro, e andamento acelerado do julgamento de cassação da Chapa Dilma-Temer, no TSE, além, é claro, dos assombrosos depoimentos dos ex-diretores da Odebrecht, deixam Temer horrorizado e tenso para o março que acaba de se iniciar. Três belos e requintados primeiros meses para um Presidente da República. 


José Serra, senador pelo PSDB de São Paulo, inesperadamente escreveu uma carta, longe de ser um Pero Vaz, pedindo exoneração do cargo de chanceler brasileiro, com justificativa em suas antigas dores nas costas. Desde maio do ano passado, Serra cumpria com as atribuições de ministro das Relações Exteriores e vinha fazendo um trabalho intenso em barrar investidas brasileiras em países, em sua maioria, de governos ditatoriais, como Cuba, Venezuela e Bolívia, que foram, durante os treze anos de governo petista, países economicamente e ideologicamente parceiros. Temer, sem muita demora, apontou seu dedo para Aloysio Nunes Ferreira, também senador do PSDB de São Paulo, para a vaga do correligionário, Serra. Aloysio, contrapondo seu passado de ex-guerrilheiro e integrante do Partido Comunista, era até então líder do Governo no Senado Federal e ferrenho defensor das mudanças estruturais que Temer pretende impor ao Brasil. A partir da próxima terça (07), quando tomará posse do Itamaraty, terá a missão de continuar divulgando uma selecionada e, no mínimo, manipulada imagem do Brasil.    
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram)

Assim como Aloysio, outro que tomará posse na próxima terça (07), será o deputado federal pelo PMDB do Paraná, e amigo das antigas do ex-deputado, Eduardo Cunha, Osmar Serraglio. O deputado foi outro escolhido a dedo pelo Presidente Temer para assumir o comando da pasta da Justiça e Segurança Publica deixada pelo, agora, ministro do STF, Alexandre de Moraes. A escolha, depois da negativa do ex-ministro do STF, Carlos Velloso, para o cargo de ministro da Justiça, estremeceu o Presidente que se viu enrascado em seguir o que o seu partido exigia: a escolha de Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) para a vaga. Ou colocar um nome que sairia do consenso politico, sempre em nome da governabilidade, entre os dois principais partidos do Governo, PMDB e PSDB. Em tese, Serraglio seria esse nome, mas assim que Temer o anunciou, a base do PMDB se revoltou, abriu-se uma pequena ruptura e ameaças de boicote foram proferidos de todos os lados. O movimento democrático é bem inconstante.
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram)

Semana passada, o susto veio do TSE. Herman Benjamin, relator do processo que pede a Cassação da Chapa Dilma-Temer, a pedido do PSDB, ouviu o depoimento de Marcelo Odebrecht, presidente da maior construtora do Brasil, a Odebrecht. Esse depoimento vazou, e os assuntos oriundos das conversas comprovaram o que todos imaginavam: a construtora agia como os coronéis da Republica Velha, bancava todos, por vezes através de caixa dois e escolhia a dedo os que poderiam fazer, de forma exitosa, a ligação entre a empreiteira e o Governo. Uma enorme teia de negociatas que, infelizmente, provocaram essa crise política/econômica. 


Na conversa, Marcelo explicitou que pagou propina para boa parte das campanhas presidências de 2014. O curioso é que, o processo comandado pelo TSE foi um pedido do PSDB de Aécio Neves, derrotado em 2014 e que “denunciara” inúmeras irregularidades na campanha de Dilma e Temer. Realmente, segundo o senhor Odebrecht, houve muitas irregularidades na campanha, mas não foi algo estritamente à Dilma, mas também a ele próprio. Aécio, de acordo com Marcelo, também tinha um caixa dois em sua campanha.  


Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram)


Infelizmente, assim como os outros ex-presidentes, Temer está muito enrolado e suas escolhas evidenciam isso. Nem mesmo escolher uma boa morada para sua família, seus dedos conseguem fazer. Sem explicar ele e sua família mudaram-se do Jaburu para o Palácio do Alvorada, mas, mesmo já tendo colocado telas em todas as sacadas do Palácio por conta do Michelzinho, também inexplicavelmente, poucos dias depois  voltaram ao Palácio do Jaburu. 
Compartilhe:

Claudio Porto

Jornalista independente.

Deixe seu comentário:

0 comments so far,add yours