Bacco, bacanal,
suruba e birra, tudo o que embala Romero Jucá
Vinte dois anos atrás, Dinho e o singular grupo musical, Mamonas Assassinas, lançavam o tal do Vira Vira. Semana passada o senador, presidente
do PMDB, 1º ministro a cair no Governo Temer, investigado pela Lava Jato,
lembrado por parceiros em delações, amigo de Calheiros e Sarney, Romero Jucá
(PMDB-RR) usou-se de um termo, no mínimo, estigmatizado como sinônimo das
festas que Bacco, divindade romana,
realizava 186 a.C. , conhecida mundialmente por bacanal ou suruba. Dinho, em 1995, cantarolava que tinha sido
convidado para essa “tal suruba”, mas
enviara a famigerada Maria para desbravar . Já o senador, em declaração dada ao jornal
Estado de S. Paulo, sobre o possível
fim do Foro Privilegiado, chamou atenção e utilizou do melhor termo para
retratar a farra que eles fazem à frente de uma Nação. “Se acabar o foro, é para todo
mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada”, comentou o senador que não quer nada selecionado, já que, como
bem dizia os Mamonas, nessas festas “passar a mão na bunda” não
tem problema, é comum, mas em contrapartida, chegar a reclamar que “ainda não comi ninguém” é
chato e quebra qualquer tipo de chamariz.
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Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram) |
A questão
muito mal interpretada pelo presidente do partido do Presidente da República
não é passível de qualquer alarde. Discursar sem preocupação, sem pudor virou
tendência na classe política. O que até pouco tempo era, por vezes, a única
ação minimamente bem feita, elaborada, de repente sumiu, tornou-se extinto.
Na discussão
aceita pelo STF em relação ao Foro Privilegiado, um projeto que prevê mudanças
nas regras do Foro, mexeu diretamente com os parlamentares, em especial Romero
Jucá. Ele, homem de um rico currículo, é o líder do Governo no Congresso e parece
que tomou para si, assim como em outras oportunidades, a atribuição de defender
a classe de modo geral, uma espécie de Super herói de vitimas que estão longe
de serem vitimas. Ano passado chegou a ser, mesmo que por alguns dias, o
relator do PL 280, encabeçado pelo ex-presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), que pretende classificar
como abuso de autoridade as ações de investigação do poder judiciário, como
extraviar áudios de conversas envolvendo suspeitos, assim como houve no caso do
senador cassado, Delcídio do Amaral. Semana passada, antes de falar sobre a tal
suruba, Jucá protocolou, sem quase nenhum apoio de outros senadores, uma PEC
que permitiria aos presidentes do Senado e da Câmara que eles não fossem
investigados por atos cometidos anteriores aos mandatos, assim como já acontece
com o Presidente da República. A PEC foi retirada rapidamente da pauta, mas
assim como o PL 280, do abuso de autoridade, permeiam pelos corredores para o
momento apropriado. A existência dessa prática se confirma quando o líder do
Governo no Congresso vai a tribuna do Senado, discursa contra a imprensa e recorre ao PL 280
como retaliação ao Poder Judiciário, caso eles resolvam bater de frente ao
interesses do Legislativo.
Mesmo com toda essa
predisposição de Romero em tentar barra qualquer ação que prejudique a estabilidade
subversiva da classe política, eles, os políticos, buscam, pelo menos a luz da mídia,
não estar relacionado a essas tentativas. E isso não pegou muito bem na
alcateia, gerou certa birra de Jucá. O líder do Governo adiantou que não terá
voto por bancada em seu partido, o PMDB, durante a votação da Reforma de
Previdência, assim que ela chegar ao Senado. Isso deixou o ministro, com Foro Privilegiado, Moreira Franco muito irritado.
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Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram) |
Nessa suruba, ou melhor, política brasileira, nós somos “Maria”
cantada pelos saudosos Mamonas.
Romero, Calheiros, Maia, Cunha indiretamente, agora Eunício e o Presidente
Temer, estranhamente são os comandantes de uma boa e resistente canoa, que eles
tentam, de toda forma, fazer furos para afundar.
NOTA
O senador Romero Jucá
(PMDB-RR), dias depois, visto que pegou mal, pediu desculpas por ter usado o
termo que rendeu artigos por todos os canais jornalísticos.
Espetacular a sacada dessa ilação com "Vira Vira" dos Mamonas. Boa!
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