São Paulo, 25 de Janeiro de 2017


Trago noticias da aniversariante. Anda cansada, exausta, trabalha dia e noite. Não para, sabe? E mesmo correndo, casou-se recentemente com um empresário. Estão em lua de mel. Marido sai cedinho todos os dias, vai trabalhar enquanto ela tenta, de todas as formas, cuidar dos seus. Dizem que já passam dos doze milhões. Imagina cuidar de tantas formas diferentes de enxergar, pensar e agir. Mas ela segue firme, rígida, desbravadora e com aquela imposição de quem, como já sabemos, não é “conduzido, mas conduz”.  Com muitas dificuldades, passou o ultimo ano buscando formas, promovendo ações e esperançando os que estavam ao redor, aqueles que dela precisam. Perdeu amores, paixões, genuinidades, figuras, peculiaridades de peças que faziam do seu quebra-cabeça diferente, especial. Até pouco tempo comentava o ar de tristeza e saudade da Av. São João, com a partida de Peixoto. O vazio dos arredores da Paulista pela ida de Goulart. Ou, a solidariedade, amor e fraternidade do valente eterno dono da Sé, Dom Paulo Evaristo Arns. Ficou triste e, sem mais, chorou a dor que um singelo, porém heroico senhor das entradas do Metrô da região central, a provocou. O saudoso Luiz ou Índio. Um “filho” querido e que, perfeitamente, representa os seus principais modeladores, os que ajudam a, de certa forma, construí-la. 

Sempre que chega o vigésimo quinto dia de janeiro, ela é capaz de irradiar a luz que só a sublime belezura da autenticidade é capaz de promover. Promoção que se compara a de dois padrecos, que iniciaram sua idealização. Geralmente é nessa data que ela recorda, carinhosamente, de Manoel e Anchieta, seus, mais que amigos, seus pais. O padre da Cultura chegou a falar que não a queria como São Paulo, um homem “muito careta e reacionário”, quando foi “entrevistado” pelo cronista Mario Prata, em “Entrevista uns brasileiros”. Conhece-la e não ama-la e admira-la é como atravessar o deserto do impossível. Suas conquistas são mais que chamarizes para a persistência em acreditar. Está aí algo que ela não permite que os seus percam: a esperança de que com ela, as coisas, podem até não serem boas, mas que de coração aberto e mãos unidas, com pares formados, as boas situações têm tudo para cerca-los.  

Sempre entre as primeiras, única do país, essa é a aniversariante que proíbe os seus de se esconder e não enfrentar o mundo. Sob as diferenças cresceu. Sob as dores fortificou-se. Sob o amor vive. E mesmo que o país todo esteja de férias, enquanto aqui é só trabalhar, São Paulo com todo defeito, te carrego no meu peito. 


Termino com Tom Zé e a sua, ou nossa, São São Paulo

São São Paulo quanta dor

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Claudio Porto

Jornalista independente.

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1 comments so far,Add yours

  1. Bem colocado o texto, falando sobre o momento, falando sobre perdas recentes. A história da fundação de São Paulo é menos bela do que seu povo sugere, mas o que importa é essa cidade, é toda essa gente que São Paulo abraçou após tirar da mão o punhal.

    Que haja cada vez mais amor e cada vez menos dor em SP.

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