O acidente aéreo que vitimou, entre outras pessoas, o ministro e relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, na ultima quinta (19), tem disseminado, desde o ocorrido e da forma que foi, inúmeras teorias que, até que se provem as reais causas, beiram a conspiração. 

Imagem: O.RIBS ( usuário @o.ribs no instagram)

Relatos de testemunhas extraoficiais, muitos moradores e turistas que estavam em Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro, relatam que o bimotor Beechraft C90 GT King Air, estava bem próximo da cabeceira da pista do antigo aeroporto da cidade, quando recuou e, ao fazer a volta, estourou ainda no céu e caiu no mar próximo da praia. Ainda segundo relatos, o avião estava voando baixo e chovia muito no momento do acidente. Além da espessa névoa que geralmente se forma em regiões litorâneas. 


Especialistas em aviação civil falam que pousar no aeroporto de Paraty é muito complicado. Por ficar em uma espécie de vale, em que uma das cabeceiras da pista fica na praia e a outra no pé da montanha que cerca a cidade. Além das montanhas, a pista é bem estreita e fica bem próximo de casas. O aeroporto, do século XX, não conta com torre de comando e não tem estrutura para receber aviões pilotados por instrumentos – maneira mais utilizada por pilotos em situações como as do acidente: a falta de visibilidade. O curioso é que, uma reportagem do G1, diz que o piloto, Osmar Rodrigues (56), teria dado palestras para outros pilotos ensinando dicas para realizar o trajeto São Paulo – Paraty. O acidente que ocorreu por volta das 15 horas, vitimou além do ministro Teori e o piloto Osmar, mais três pessoas. Entre essas pessoas, o amigo de Teori, Carlos Alberto Filgueiras (69). Ele era dono da rede de hotéis Emiliano e amigo do ministro desde 2012, quando o relator, que era viúvo, precisou se hospedar em um dos hotéis de Filgueiras em São Paulo, enquanto acompanhava a esposa em um tratamento médico. Teori estava indo junto ao amigo passar alguns dias na casa de Filgueiras na cidade. 


Filgueiras era dono de um dos 66 aviões do mesmo modelo, o Beechraft C90 GT King Air, existentes no Brasil. Avião capaz de transportar até oito pessoas, contando tripulação, e que custa por volta de R$ 8 milhões. O Cenipa (Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão submetido a FAB, o MPF e a Policia Federal estão investigando as causas do acidente. Mesmo especialistas, pilotos e testemunhas explicarem as dificuldades do pouso no aeroporto de Paraty e as condições climáticas como justificativa para a tragédia, os órgãos terão de revelar o que houve na cidade litorânea. Na sexta (20), a FAB encontrou um gravador de voz, que não chega a ser uma caixa preta, já que aviões como o que caiu não tem a obrigação de ter esse armazenamento de conversas, mas que pode conter algo que ajude nas investigações. 


Como uma das vitimas foi ministro e relator da Lava Jato no STF, que um dia antes de sua morte já tinha notificado e convocado os delatores para irem a Brasília essa semana, confirmar que não houve coerção nos atos dos depoimentos, para assim homologar as delações que envolvem por volta de 300 políticos, o acidente não tem sido, pelo menos por parte da opinião pública, tratado como um acidente, mas sim, uma sabotagem. Na tarde da quinta (19), dia do acidente, o senador do PSD do Mato Grosso, José Medeiros, estava reunido com o presidente Temer quando souberam da possibilidade do acidente com Teori. Assim que ele saiu do encontro com Temer, correu ao seu Twitter e postou uma mensagem enigmática. Como a informação da morte do ministro foi divulgado pelo filho, Francisco Zavascki, perto das 18hrs e o post do senador foi por volta de uma hora antes, às 16h58min, isso rendeu nas redes e só aumentaram as desconfianças sobre o acidente.

Tweet do Senador José Medeiros (PSD-MT); Imagem: Reprodução/Instagram


Outra informação que mexeu com as redes e, segundo alguns jornalistas, é uma das linhas de investigação da Policia Federal, é o tal gráfico de visualização da suposta foto do avião, do mesmo prefixo, que matou o ministro. Na sexta (20), jornalistas tiveram acesso a uma tabela com detalhes de visualizações de uma foto do bimotor de Filgueiras, tirada em 20/03/2014 e publicada no site JetPhotos.net . O portal é um banco de dados com informações de aviões de todos os tipos. Lá, usuários compartilham fotos e informações sobre modelos e montadoras de aviões. Assim como nas redes sociais, criam perfis, publicam fotos e fazem books das aeronaves. 
 
Imagem: Reprodução/JetPhotos.net


A curiosidade é que a foto foi tirada em 2014 e publicada ano passado, exatamente dois anos e um dia depois, trata-se do mesmo avião destruído no acidente. De prefixo PAPA Romeu Siena Oscar Mike PR-SOM, o avião foi fotografado no aeroporto de Brasília e a Policia Federal, de acordo com alguns jornalistas, investigará os acessos a essa publicação no JetPhotos.net, que até o final do ano recebeu apenas 497 visitas, mas que no dia 03 de janeiro, 16 dias antes do acidente, recebeu incríveis 1.885 consultas . Em apenas um dia, o número de visitas mais que triplicou. Mesmo a publicação não oferecendo muitas especificações do bimotor, a PF investiga esses estranhosos números.
 
A fala do balãozinho, acredite se quiser, é do próprio ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha; Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram)

Depois das opiniões de José Medeiros e Eliseu Padilha, nenhum pensamento, até que se provem as causas, deve ser desconsiderado. 


Link para a página de controle de tráfico do JetPhotos.net  http://www.jetphotos.net/photohistory.php?id=8227524
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Claudio Porto

Jornalista independente.

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1 comments so far,Add yours

  1. É complicado entrar nesta seara, em relação ao que foi citado, estranho é e sempre ficará essa dúvida. Mas em relação a Medeiros, já se sabia que o avião que havia desaparecido era o que transportava Teori no momento do tweet, não é prudente teorizar em cima dessa postagem. A própria mídia veiculou amplamente que Temer teria vivido "Três horas de angústia" até o anúncio oficial da morte de Teori.

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