Peessedebistas novamente são citados numa delação premiada da Lava Jato. Será que dessa vez alguma coisa ou cabeça vai rolar?

Mais uma vez, políticos do PSDB foram citados numa delação premiada. Dessa vez a conversa entre os agentes da PF e um investigado por crimes de corrupção, não foi qualquer conversinha. A ultima delação vazada foi a de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da construtora Odebrecht. A delação teve seu conteúdo vazado e divulgado pela imprensa na ultima semana. De acordo com o que foi publicado, Cláudio teria citado ao menos 51 políticos de 11 partidos, e entre esses os nomes dos grandes caciques do partido de FHC. 

Da esquerda para a direita: José Serra, ministro das Relações Exteriores.Aécio Neves, senador e presidente do PSDB, e Geraldo Alckmin, Governador de SP; Foto: VEJA 


Não é de hoje que os peessedebistas são lembrados pelos convidados da PF em Curitiba. Em março do ano passado uns dos primeiros presos pela Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef, falou em delação que o senador Aécio Neves (PSDB- MG) teria recebido propina quando foi diretor da estatal Furnas, ainda no governo FHC. De acordo com o delator, ele era responsável por enviar os valores dos desvios para o paraíso fiscal de Liechtenstein, localizado entre a Áustria e Suíça, onde havia uma conta bancária em nome da mãe do senador. Pouco tempo depois, o presidente do PSDB voltou a ser lembrado, agora pelo colega de Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), que ratificou todas as informações passadas pelo doleiro. Mesmo assim, o STF, na época a mando do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, não abriu nenhum processo a respeito. A Lava Jato é coordenada pelo MPF e pela Justiça Federal do Paraná, mas como Aécio Neves tem foro privilegiado por ocupar cargo no primeiro escalão do Poder Legislativo, como senador, ele deve ser julgado pelo colegiado do Supremo Tribunal Federal. O nome do senador mineiro é o quarto mais citado, com 40 menções nesses dois de operação. Além dos crimes referentes a Furnas, Aécio também foi citado por ter recebido propina da empreiteira UTC e por possíveis interferências na CPI dos Correios em 2006.


Em agosto desse ano, os procuradores da operação da Lava Jato disseram de forma extraoficial que alguns dos funcionários da construtora Odebrecht informaram que outro grande peessedebista, o atual ministro das Relações Exteriores, José Serra, recebeu mais de 23 milhões de reais via “caixa dois” durante a campanha presidencial em 2010. Na época, os funcionários falaram que o dinheiro era entregue em contas nacionais e no exterior, e que Serra tinha controle sobre todas as transações. 


De volta a delação do ex-diretor da Odebrecht, Cláudio Melo disse que o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que até então é o principal nome do partido para o próximo pleito presidenciável, recebeu 2 milhões de reais, em dinheiro vivo, pelo famigerado “caixa dois” durante as campanhas de 2010 e 2014 ao governo do estado. Com o codinome de “santo”, Alckmin recebia esses valores por meio do seu cunhado, o empresário Adhemar Ribeiro, em seu escritório na capital paulista. Os valores eram repassados em troca de favorecimentos em contratos relacionados à construção de obras geridas pelo governo estadual, como os trechos do RODOANEL e linhas de METRÔ. 
 
Foto:REVISTA FORÚM

Tanto o “mineirinho” como o “santo”, como foram chamados Aécio Neves e Geraldo Alckmin no esquema de desvios de dinheiro envolvendo os políticos brasileiros e a construtora Odebrecht, se não houver pressão popular, não devem ter seus processos tramitados e muito menos julgados. Como ambos ocupam cargos públicos, um senador federal e o outro é governador do estado mais rico do país, eles só podem sofrer qualquer tipo de intervenção caso o mesmo STF que na ultima semana voltou atrás na decisão de afastar o presidentedo Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), esteja disposto a acabar com a farra que se tornou a instituição politica no Brasil. Enquanto isso não ocorre, Aécio continuará com os seus belos discursos de retomada de crescimento, como se fosse a solução para os problemas do Brasil. Já Alckmin seguirá no Palácio dos Bandeirantes fazendo modificações em todas as áreas, e quando for contestado continuará pedindo aos seus “cães de guarda”, a Policia Militar, que desçam a borrachada, de modo especial, em estudantes e trabalhadores que num momento de ira podem depredar uma estação de trem da CPTM, como houve na linha 12 Safira (Brás-Calmon Viana) no inicio do ano passado. Não quero aqui justificar os muitos atos de vandalismo realizados nas estações de trens e metrô de SP. Só é importante ressaltar que o sentimento de revolta  é compreensível, já que a companhia de longe honra com os contratos e não consegue oferecer um serviço digno àqueles que suam durante o dia para conquistar o mínimo, porém indispensável salário. Por isso fico com a bela intervenção feita pela jornalista Ianca Loureiro (@sigaianca no Instagram), ao chamar o governador de “Führer Paulistano” e nos mostrar o quão perverso é o comando daqueles que somente são eleitos por falta de melhores opções.

O Führer Paulistano, por Ianca Loureiro


Não apoio
   Para falar a verdade eu o odeio
   mas como a palavra odeio é muito pesada
   eu só posso rir de tanta canalhice.


   Geraldo,
   o seu poder me assusta.
   Sua PM mata.
   Seu cinismo elege
   e o povo te engrandece.
   A educação padece.
   O estudante não cresce.
   Seu gatilho os empobrece.
   E a mídia lhe favorece.


   Parabéns, Führer.
   Você vai cair.






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Claudio Porto

Jornalista independente.

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1 comments so far,Add yours

  1. É Claudio, vejamos como serão conduzidas as investigações em relação a estas figuras, investigações essas que por interesses politico-partidários sempre acabam indo pra debaixo do tapete. TODA corrupção deve ser investigada com o mesmo afinco e punida com a mesma dureza, mas infelizmente temos uma seletividade por interesses políticos no Brasil, o que em se tratando do judiciário é inaceitável.

    Sinceramente questiono a coisa da "falta de melhores opções", o que há mesmo é uma grande falta de consciência política, uma ação muito forte do MARKETING político e uma pitada (de mão cheia) de conservadorismo em grande parte do eleitorado, sobretudo em São Paulo, basta ver o que aconteceu nas eleições municipais.

    E sensacional o texto/poema da Ianca, transmita a ela os meus parabéns.

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