Mesmo que engasgando o povo brasileiro, Temer tem muita facilidade em aprovar as suas medidas

“O trabalho dignifica o Homem”. Tenho certeza que muitos já escutaram essa frase. A psicologia confirma que ter uma tarefa, um ofício, realmente modifica a vida de uma pessoa. Ela diz que a relação entre Homem e trabalho extrapola o famigerado ganha-pão. O homem encontrou no trabalho o meio em que ele pode colocar em prática suas habilidades, além de expor as suas faces inventivas e criativas. Por outro lado, quem não exerce nenhuma função, de acordo com a psicologia, corre o risco de não se realizar enquanto Homem e cidadão, dessa forma teria a sua consciência de próprio valor, como é definido “dignidade”, ferido. O filósofo francês, Voltaire, vai além e diz que o “trabalho poupa-nos de três grandes males: tédio, vício e necessidade”. A importância do trabalho é incontestável, entretanto, sem levar em consideração diversos pontos, inclusive esses apresentados no inicio, o Governo Temer apresentou no inicio do mês uma demolição, personificada em reforma, no setor previdenciário brasileiro. 

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Apresentada no dia 6 de dezembro, pelo economista Marcelo Caetano, responsável pela Secretária da Previdência Social do ministério da Fazenda, a PEC 287 ou Reforma da Previdência é, ao lado da reforma trabalhista, do ensino médio e a promulgada PEC 241, mais uma proposta do Planalto que tenta desesperadamente retomar o crescimento econômico do país. O curioso no termo “retomar” é que nos faz pensar que já tivemos em algum momento algo que se assemelhe com “crescimento econômico”. Se houve algum tipo de crescimento, houve com quem? Certamente a Odebrecht tem a reposta... 


A Reforma já se encontra na Câmara Federal, onde na ultima quarta (14), em plena madrugada, o texto foi aprovado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), responsável por legitimar a proposta baseado na Constituição Federal e regulações jurídicas. Mesmo com a forte resistência dos deputados de oposição, entre eles do PSOL e REDE, além do PT, o texto passou e agora segue para uma comissão especial que deve ser criada na volta do recesso parlamentar, em fevereiro. 
 
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Data mínima de 65 anos de idade para ambos os gêneros, contribuição ao INSS de no mínimo 25 anos e muitos cálculos matemáticos para se obter o valor da aposentaria, foram as medidas entregues pelo presidente Temer para acabar com o velho problema do sistema previdenciário do Brasil. Não é de hoje que se há a desproporcionalidade entre jovens contribuindo à previdência pelo mercado de trabalho e o aumento da expectativa de vida dos brasileiros. Atualmente o trabalhador brasileiro é obrigado a contribuir no mínimo por 15 anos com a porcentagem de 8% de seu salário, sendo distintas as idades mínimas entre os gêneros. Homens se aposentam com 60 anos de idade, já as mulheres assim que completam 55 anos. O atual sistema ainda conta com um cálculo que diferencia as atribuições de cada contribuinte, além de beneficiar com o valor integral da aposentadoria todos que contribuírem ao INSS por 35 anos, sem idade mínima.


A proposta de Temer obriga o contribuinte a entregar parte do seu salário por, no mínimo, 25 anos e esperar a idade de 65 anos para receber uma média da média de todos os salários já recebidos no período de contribuição. O Governo diz que a conta não é tão complicada, e realmente não é. A matemática é a seguinte: o contribuinte terá fixado pelo Governo uma base de 51% da média dos salários + 1 ponto percentual por ano contribuído, assim aquele que chegar aos 65 anos de idade, tendo contribuído por 25 anos, receberá o valor referente a 76% (soma entre 51% da base governamental e 25% dos anos contribuídos) da média de todos os salários do período. Daí a informação da necessidade de se trabalhar por 49 anos, já que somente assim o contribuinte teria direito a 100% (51% da base governamental e 49% dos anos contribuídos) da média dos salários. Entre as explicações para a reforma, o secretário Marcelo Caetano, durante a apresentação da proposta, chegou a culpar as mulheres. De acordo com ele as “Mulheres custam mais à Previdência porque vivem mais”.

Marcelo Caetano apresentando o texto da Reforma da Previdência no ultimo dia 6; Foto: VEJA
 De volta ao inicio do texto, trabalhar pode até trazer inúmeros benefícios, porém somente de forma regrada. Não é permissível que se exijam, ainda mais, daqueles que já trabalham o máximo permitido por lei, às 44 horas semanais, e recebem o mínimo, o piso salarial. 
 
O texto enviado pelo Planalto ao Congresso Nacional mostram pontos que, no mínimo, revelam o controverso momento de Temer no Poder. Com apenas 14% de aprovação, como mostrou a pesquisa do IBOPE divulgada na semana passada, o presidente Temer e a sua equipe impuseram ao Brasil mais um texto limitador e que margeia a desumanidade.
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Claudio Porto

Jornalista independente.

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1 comments so far,Add yours

  1. É Claudio, excelentes as suas ponderações. De fato há sim um rombo, e algo precisa sim ser feito pra amenizá-lo, acho que isso não se discute. A questão é que antes de mexer na VIDA e no bolso do trabalhador, o governo (seja ele qual for) deveria fazer a primordial das reformas, a REFORMA ADMINISTRATIVA, diminuindo drasticamente os gastos da MÁQUINA PÚBLICA, da estrutura que move o poder, as verbas de gabinete, os cargos comissionados, enfim, tudo que desnecessariamente onera os cofres. Mas as reformas não atingem esses gastos, ao contrário, limitam os investimentos em áreas fundamentais, enquanto Temer ELEVA gastos com publicidades e fornece banquetes pagos com dinheiro público, é um absurdo.

    Essa "Reforma" torna muito difícil a aposentadoria no Brasil, afinal, quem perde emprego após os 40 se recoloca como? O governo ainda não mostrou esse caminho, fora o fato de que as peculiaridades de cada região e profissão não foram observadas, é a maldita "Meritocracia conservadora" que de "mérito" não tem NADA...

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