Já é de conhecimento nacional que a política é inconstante e
passiva a qualquer tipo de agitação. Entretanto os dias e semanas desse
interminável ano, certamente ratificam a máxima de que o campo político, no
Brasil, é mais volátil que as tão famosas “placas
tectônicas” – responsáveis por movimentos que causam intensa atividade
geológica, os terremotos. E isso se deve pelo emprego do termo política as ações que pendem a outra
palavra, de mesma origem, mas que tem outro sentido, a politicagem.
Temer que assumiu o comando do Planalto em agosto, viu na
ultima semana, dois de seus escolhidos, partirem de seu governo e repartirem a
pouca consistência – além de pouca popularidade, o governo atual também é muito
contestado – que Michel detinha. Marcelo Calero, agora ex-ministro da Cultura,
e Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Secretaria de Governo, deixaram a
esplanada dos ministérios, depois de uma confusão protagonizada pelos dois nos
últimos meses. Geddel é baiano e filiado ao PMDB, está em Brasília desde 1991,
quando iniciou sua atividade parlamentar, e depois, no segundo mandato de Lula,
assumiu a pasta de Integração Nacional entre 2007 e 2010. Até o dia 25 desse
mês, Geddel foi o ministro-chefe da Secretaria de Governo de Michel Temer, onde
mantinha o dialogo – era quem entregava os convites aos parlamentares para os
almoços e jantares de Temer no “Bom Prato
Alvorada” - entre o Planalto e o Congresso. Já Calero, filiou-se ao PMDB no
ano passado e foi um dos últimos convidados a fazer parte do primeiro escalão
de Temer. Ele foi colocado no cargo de ministro da Cultura às pressas, quando Temer, depois de uma pressão da classe artística, resolveu voltar atrás na sua
decisão de transformar a pasta da Cultura numa secretaria subordinada ao
Ministério da Educação. A confusão veio à tona quando a imprensa soube, pelo
próprio Calero, que estava deixando o cargo por ter sofrido “pressão” de Geddel, para a liberação de
uma obra de luxo, na capital baiana, Salvador. O empreendimento de luxo
trata-se de um condomínio de alto padrão à beira mar, onde o então ministro da
Secretaria de Governo comprou um apartamento de 259 metros² no 23º andar, avaliado
em 2,6 milhões de reais. O atrito iniciou quando a planta da obra foi reprovada
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de
responsabilidade da pasta de Calero, alegando que a obra descaracterizaria o
ambiente praiano do local - área tombada como Patrimônio Histórico - já que
teria 30 andares. O Iphan Nacional, subordinado ao Ministério da Cultura,
cassou o projeto da planta, que tinha sido aprovado pela versão estadual do
órgão, o Iphan baiano, permitindo que o condomínio fosse construído com apenas
13 andares, prejudicando todos aqueles que compraram apartamentos acima do décimo terceiro andar, entre eles o ministro Geddel.
1. Romero Jucá, ministro do Planejamento
2. Henrique Alves, ministro do Turismo
3. Fabiano Silveira, ministro da Transparência
4. Fábio Medina Osório, advogado-geral da União
5. Marcelo Calero, ministro da Cultura
6. Geddel Viera Lima, ministro-chefe da Secretaria de Governo
A semana que terminou no ultimo sábado (26), refletiu no
mais alto padrão de qualidade, o conceito do que tem sido a política nacional
nesses últimos meses. A divisão da administração pública nos três poderes,
executivo, legislativo e judiciário, tão defendida por Charles Montesquieu
entre o séc. XVIII e XIX, traz a qualquer república o ar de democracia nas
escolhas, além de fomentar o bom uso da máquina publica. Mas parece que é aí
onde mora o atual “problema” dos políticos
brasileiros. As relações entre o que é de interesse e de responsabilidade de
cada poder são a causa da crise que tem assolado o país. Intervenções de lideres,
dos três poderes, sempre existiram, porém desde meados do ano passado,
atividades no sentido de “mostrar
serviço” – já que a maioria das intervenções foram feitas sob regulamentos
que dão legitimidade a esses atos – tem tomado grandes proporções, a ponto de
causar aflição aos presidentes da República, como a ex-presidente Dilma Rousseff,
coincidentemente impichada após
desentendimentos com o ex-presidente da Câmara Federal, o deputado Eduardo Cunha, e o atual chefe de Estado brasileiro, o presidente Michel Temer, que
mesmo tendo controle sobre o Congresso Nacional – sua imensa base aliada dá à
ele certa autoridade sobre o poder legislativo – sofre desde que assumiu o
poder , com problemas relacionados a ausência de ficha limpa nos seus ministros
e escolhidos para cargos do primeiro escalão.
Foto: ESTADÃO |
Foto: R7 |
De acordo com Marcelo Calero, o ministro Geddel teria o
pressionado para rever a posição do órgão sobre o caso, e ao receber uma
negativa, Geddel teria pedido ao presidente que intervisse no imbróglio. O
presidente, utilizando de sua dialética mais que culta, chamou Marcelo para uma
conversa sobre o assunto. Tanto o presidente como o ex-ministro disseram que o
teor da conversa não passou de formalidades que tentaram apaziguar a situação –
para o lado de Geddel -, colocando que o caso poderia ser enviado a AGU
(Advocacia-Geral da União), onde, de acordo com uma reportagem da revista Carta Capital , o presidente teria dito
que a ministra Grace Mendonça “teria uma
solução", que por sua vez já contestou a fala do presidente e disse
não ter nenhuma “solução na gaveta”. Por
fim, Marcelo Calero foi a Policia Federal e, em depoimento, disse ter gravado
toda a sua conversa com o presidente Temer.
Com a saída de Geddel Vieira Lima do ministério da Secretária de
Governo, Michel Temer já contabiliza seis ex-ministros em seis meses a frente
do Palácio do Planalto – desde sua interinidade. Abaixo uma tabela “classificatória” com todos aqueles que
deixaram as pastas do Governo, por meio de demissões e afastamentos, sendo todas ligadas à “má conduta” em suas
atividades.
1. Romero Jucá, ministro do Planejamento
2. Henrique Alves, ministro do Turismo
3. Fabiano Silveira, ministro da Transparência
4. Fábio Medina Osório, advogado-geral da União
5. Marcelo Calero, ministro da Cultura
6. Geddel Viera Lima, ministro-chefe da Secretaria de Governo
Certamente Temer não temia -
se me permitem esse trocadilho - por um fim de ano tão agitado. Esperava curtir
as festas ao lado da bela, recatada e do lar, sua querida dama, Marcela Temer,
e do seu garotinho, o famigerado Michelzinho. E não ao lado desses altos e
baixos, barbudos e “lisinhos” – apenas no que diz respeito à barba mesmo,
porque o bolso... -, cabelos pretos e brancos – a maioria -, homens que fazem
parte do seu circulo de amigos. Se continuar nessa levada, o presidente, assim
como Pirro, chegará ao final desse mandato, em 2018, sem ninguém ao seu lado.
Isso se ele chegar lá.
Foto: E-FARSAS |
Pois é amigo Claudio, o "Moralizador da Nação" está cercado de figuras imorais, "diga-me com quem andas"? O afastamento da Presidenta Dilma não implicou no fim da crise política e institucional do país e nem no fim do loteamento de cargos, ao contrário, ampliou isso e a "busca por transparência" se reflete apenas nos vazios discursos, internamente ocorre o que foi externado pelo aliado FHC, é preciso esconder tudo, e onde há necessidade de esconder coisas, é por que o cheirinho não é sequer de "Hepta", é um cheirinho nada bom. Esta crise interna do governo como dito é a sexta e certamente não será a última, mas justamente pelo que colocou, a base movida ao "Bom Prato DE LUXE" do Planalto, creio que Temer cumprirá até o fim seu mandato, pisando em ovos.
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