Com 366 votos favoráveis, a Proposta de Emenda Constitucional 241, a tão falada PEC do teto de gastos, passou, na ultima segunda feira (10), pelo 1º turno de votações em plenário da Câmara Federal. Algo que já era esperado, devido a grande e forte base aliada do Presidente Temer e também, ao fato da esmagada oposição, constituída por PT, Pc do B, REDE, PMB e PSOL, ser muito pequena.
 
Foto: VEJA

Murmurinhos, choradeira e muitos questionamentos circundam a proposta do governo Temer em limitar os gastos públicos por, no mínimo, 10 anos. Caso aprovada, os próximos três presidentes da república terão que obedecer e gerir orçamentos que serão corrigidos anualmente sob o índice de inflação do ano anterior. O ponto chave e que tem dado muito o que falar é o fato de que áreas como: saúde e educação, também estarem envolvidas no “bolo” que sofrerá, não com cortes e reduções, mas com o rígido controle desse novo regime fiscal.
 
Foto: GUIAME


Para melhor explicar o real objetivo da proposta, e mostrar onde e como ela irá interferir no nosso cotidiano, é necessário que façamos uma aprofundada pesquisa nos autos do texto base. O presidente Michel Temer, que nem completou dois meses no poder, vem impondo várias reformas (previdência, ensino médio, trabalhista) para que o país saia do “vermelho”, e entre elas a do teto de gastos é a principal para a quebra do estigma de que o Estado é irresponsável, deixada pelo governo petista da ex-presidente Dilma Rousseff, diante os empresários e investidores. 
 
Foto: EXAME

As reformas são necessárias? Se forem, quem são os beneficiários? Pois bem, as imposições de Temer para a retomada do crescimento, são, no mínimo, constrangedoras e desastrosas (assim como tudo que o Michel tem feito desde que assumiu). Discursos e entrevistas recheadas de palavras fora de contexto, vazamentos sem nenhum pudor e ameaças são as marcas de Temer a frente do Governo Federal. 
 
Foto: Jornal do Brasil

Se pegarmos o Brasil e colocarmos como se fosse uma empresa, a PEC de número 241 seria de extrema importância no aumento da confiabilidade dos investidores, já que deixa claro como seguirá a gestão da “empresa” num longo prazo, no caso, vinte anos. Porém o Brasil não é uma empresa (ele age como uma, mas, ainda bem, está muito longe de ser uma), pois não vivemos sob a expectativa de obtenção de lucro (quero acreditar que não), mas sim para que o Estado, por meio de arrecadações com tributos, provenha aos seus cidadãos a melhor condição social possível. 


A PEC, que ainda passará por mais três turnos de votação (um no plenário da Câmara e dois no Senado Federal), implicará em pouco mais de 50% do orçamento do Estado. Todas as áreas do Executivo, assim como os dois outros poderes: Legislativo e Judiciário sofrerão com o congelamento dos valores. 


A proposta, assim como as reformas que Temer quer impor ao Brasil, já era discutida antes mesmo dele assumir o Palácio do Planalto. Tanto a reforma previdenciária como a reforma do ensino médio foram debatidas (raríssimos debates) ainda durante o governo Dilma Rousseff. A PEC não é diferente. Em março desse ano, Nelson Barbosa, então ministro da fazenda, apresentou um PL (Projeto de Lei) muito parecido com a PEC de Temer, onde, também, restringia os gastos públicos por um longo período, para que assim retomasse a confiança e o crescimento do país. É óbvio que depois do impeachment da ex-presidente, assim como ela, os seus também mudaram de opinião e se opõem à proposta.


Tanto as reformas (previdência, trabalhistas e ensino médio) como a proposta, são válidas, pois não somos hipócritas de falar que tudo está bom e que nada deve mudar. Entretanto, os meios encontrados por esse que está no poder, para articular essas mudanças, com certeza não foram e nem são as melhores. É mais que necessário, mesmo que em momento de crise, discutirmos todos juntos, sobre qual o caminho tomar. Nada vai resolver se você apenas apelar para emendas e medidas provisórias, que não contam com a opinião daqueles que serão afetados. 
 
Foto: TVOFOCO

Durante sua participação no “JORNAL DA CULTURA”, da TV CULTURA, o professor e historiador, Leandro Karnal, utilizou-se de uma bela metáfora para refletir sobre o PEC: “Temos de salvar os passageiros, e não só o barco”
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Claudio Porto

Jornalista independente.

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1 comments so far,Add yours

  1. É Claudio, seu texto expressa justamente o meu pensamento e a crítica a forma rasa da "Destra" de analisar as críticas feitas a essa e outras medidas de Temer, na peculiar e tupiniquim já citada pelo "poeta", "preguiça de pensar".

    Ora, NINGUÉM é contra Austeridade nos gastos (no caso dessa PEC). Ou contra uma reforma da previdência/trabalhista. A grande questão é que tais medidas estão sendo tomadas sem consultar a sociedade e sem analisar as camadas da sociedade brasileira. Estão se tomando medidas realmente como fossemos uma empresa, e não somos, são VIDAS de brasileiros que estão em jogo.

    Nesse caso da PEC 241, a limitação pra começar deveria ser no enxugamento da própria máquina pública, com a diminuição de cargos e SALÁRIOS em todas as esferas que constituem o poder. Até enfim, chegar aos gastos públicos, porém, preservando-se os gastos sobretudo com educação. Mas sabemos que este não é o interesse de quem está no poder. Basta ver outra reforma sem consulta popular, a do ensino.

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