O 292° dia do ano bissexto de 2016 ou apenas quarta feira passada (19), sofreu na política mais um, dos muitos vem tendo, abalo ao ver o ex-presidente da Câmara Federal, ex-deputado federal Eduardo Cunha, ser preso por crimes relacionados à lavagem de dinheiro no exterior e a propinas em contratos da chupada, usurpada e sugada Petrobras. O ex-deputado federal pelo PMDB do Rio de Janeiro foi pego pela Policia Federal em seu apartamento em Brasília, depois que o endeusado por muitos, juiz Sérgio Moro, acolheu o pedido de prisão feito pelo Ministério Público Federal (MPF), que considerava Cunha, em liberdade, um risco ao andamento das investigações, além de temer uma suposta fuga do peemedebista.   

Foto: ALVO NOTÍCIAS
   
Cunha ocupava o cargo de deputado federal pelo Rio de Janeiro desde 2003. Esse - caso não houvesse a sua cassação no mês passado - seria o seu quarto mandato na Câmara Federal, sendo este ultimo como presidente da casa.

Foto: GALILEU
 Devido a um novo período politico que o Brasil tem vivido, onde o poder Judiciário tem se sobressaído, com as suas investigações, processos e afins - que estão levando muitos às celas dos presídios da PF -, Cunha adotou, principalmente no ano passado, um posicionamento de defesa, por ser um dos investigados e na tentativa de evitar o acorrido de quarta, a sua prisão. Em meados de 2015, Cunha começou a sofrer com a oposição dos deputados do PSOL e da REDE, que baseado nas descobertas de crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro cometido pelo então presidente da Câmara, logo levantaram o duradouro processo de cassação do mandato do peemedebista. É válido pontuar que o processo de cassação foi constituído pela mais longa comissão da história da Casa do saudoso Dr. Ulysses Guimarães. Foram 335 dias até o dia 12 de setembro, quando houve a cassação do mandato, após a expressiva derrota de Cunha no plenário da Câmara, com 450 votos a favor a cassação e 10 contra. Todo esse retardamento da comissão se teve pelo conhecimento de Cunha às regras, leis, artimanhas do regimento interno da Câmara Federal.
 
Foto: VEJA
No fim do ano passado, Eduardo Cunha, também chamado pelo deputado federal - SP, Marco Feliciano (PSC), de “Malvado favorito” – referência ao personagem “Gru” da animação infantil “Meu Malvado favorito” – em represália a não contribuição do PT na votação da comissão de ética da Câmara, ele num momento de birra aceitou o pedido de abertura do impeachment de Dilma Rousseff, e deu no que deu. Desde então, continuou com uma face lisa, mantendo a postura e mostrando um intrigante bem estar, como se as provas - claríssimas – não o causasse nenhum tipo de inibição.


Em maio desse ano, o STF afastou o deputado da presidência da Câmara, e em setembro ao ver que não tinha chances de mudar o roteiro e salvar todas as suas prerrogativas e funções, ele renunciou ao cargo, perdendo um pouco tempo depois, todos os seus direitos enquanto deputado federal.
 
Foto: PORTAL UAI

Aproveito o ensejo para relatar minha percepção ante tudo que estamos vivendo. O nosso país tem passado por uma importante e nunca vista mudança. Políticos e empresários têm sido presos. Outros estão sob a vigia da Policia Federal. O Estado, mesmo que sob imensa desconfiança por parte da população, tem mostrado que estamos (espero que sim) trilhando um novo caminho, o caminho das descobertas, onde os podres serão todos mostrados. Só não digo a célebre frase: “a justiça está sendo feita”, por não ser hipócrita, pois sei que muitos estão soltos e, acredite se quiser, ainda fazem parte daqueles que nos governam. Não é mesmo, meu querido Michel?

Foto: BRASIL POST
 Eduardo Cunha, que chegou a ser considerado o principal nome da política nacional no último ano, hoje se encontra em uma cela de apenas 12 metros, onde conta com um beliche de cimento, uma mesa e um vaso sanitário.  Muitos esperam por uma delação premiada do ex-deputado, acredito que isso será difícil, já que ele mesmo falou que irá escrever um livro contando sobre tudo. Ele não tem cara de ser um spoiler.


Compartilhe:

Claudio Porto

Jornalista independente.

Deixe seu comentário:

1 comments so far,Add yours

  1. É Claudio. Parabéns pela retrospectiva, completíssima como sempre. Concordo que estamos vivendo um tempo importante onde políticos e empresários estão finalmente sendo alvos da justiça e desejo que se dê cada vez menos margem a uma ideia de seletividade de investigações, que é o que existe hoje.

    Também vejo poucas possibilidades de Cunha abrir o bico, ou abrir de forma relevante, a menos que por vingança.

    ResponderExcluir