É estritamente natural que a supremacia de um lado provoque uma reação no oposto (a Terceira Lei de Newton está aí para não me deixar mentir).

E no espectro político não poderia ser diferente...

Em 1917, quando a Revolução Bolchevique triunfou na União Soviética, como resposta nasce o fascismo na Itália, em 1922, e por conseguinte o nazismo na Alemanha, em 1933.

Pouco depois de Fidel Castro e seus guerrilheiros realizarem a Revolução Cubana - que derrubou a ditadura de Fulgencio Batista - proclamando a independência de Cuba em face dos EUA, o imperialismo estadunidense deu início a uma série de destituições de governos progressistas na América do Sul. Seguindo tendência já acolhida no Paraguai, ditadores militares assumiram os lugares de João Goulart (Brasil), Arturo Illia (Argentina), Víctor Paz Estenssoro (Bolívia) e Salvador Allende (Chile). Tais tiranias proliferaram até o Uruguai, perdurando-se até os anos 80, na qualidade de aliados na luta contra o comunismo.

Após o fracasso desse modelo ditatorial, o chamado neopopulismo tomou a América Latina a partir de 1999. Com a coadjuvação de Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador), o coronel Hugo Chávez (Venezuela) liderou uma Aliança Bolivariana, na qual alinharam-se: o casal Kirschner (Argentina); Fernado Lugo (Paraguai); Lula e Dilma Rousseff (Brasil); Tabaré Vázquez e Pepe Mujica (Uruguai); Michelle Bachelet (Chile) e; Manuel Zelaya (Honduras).

Hoje, a “onda conservadora” que nos assola é, justamente, o reflexo dessa “década dourada da esquerda”, a qual representou uma "ameaça vermelha" para o lado avesso do espectro. Em 2009, o presidente hondurenho Zelaya já foi tirado à força de sua casa e deportado à Costa Rica. Mais recentemente, em 2012, menos de 48 horas foram necessárias para o congresso paraguaio votar pelo impeachment relâmpago de Lugo. Ambos casos remetem à queda de Dilma no Brasil, pois todos eles culminaram na instalação de governos neoliberais em comutação, rumo que já havia sido tomado pela Argentina com a eleição de Mauricio Macri, porém via pleito democrático - processo distinto ao dos demais episódios.

Sendo assim, conclui-se que essa ideologia do medo e a demonização do outro foram responsáveis por fomentar o ódio da polarização política que deu origem ao embrião dos regimes mais nefastos da história. Portanto, toda cautela nesse momento é pouca, para evitar que, mais uma vez, o futuro repita um sombrio passado.
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