Conheça o perfil de Henrique Áreas, candidato à Prefeitura pelo PCO 

Vamos juntos conhecer um pouco sobre a biografia, propostas e visão de cada candidato à Prefeitura de São Paulo. O edifício Matarazzo nunca esteve tão concorrido. Ao todo são 11 candidatos ao posto de mandatário do executivo Municipal e você os conhecerá um a um, em posts regulares.

Luiza Erundina (81), candidata do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) à prefeitura da capital paulista, nasceu na Paraíba e está na cidade desde 1971. Sendo a sétima de dez filhos de um artesão de selas e arreios de couro, Erundina se formou em Serviço Social, pela UFPB – Universidade Federal da Paraíba – em 1967, onde teve o seu despertar para a política, quando em 1970, se tornou uma das primeiras mulheres do nordeste a participar das Ligas Camponesas – organização de camponeses criada pelo Partido Comunista Brasileiro -, que por sua vez colaborou para uma ferrenha oposição ao Golpe de 64. Mas foi aqui em São Paulo que, por meio de concurso público em 1971, ela pôde desenvolver melhor seu trabalho enquanto assistente social, sendo encarregada de trabalhar com migrantes nordestinos nas favelas da cidade. 

Erundina e o ex-presidente Lula durante a corrida à prefeitura em 1988; Foto:Sul Connection

Em 1980, ela enfim entra para a política ao ser convidada pelo ex-presidente Lula para fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), tendo sido eleita vereadora em 1982 e seis anos depois se consagrou como a primeira mulher prefeita de São Paulo, assumindo o comando da maior cidade da América latina entre os anos de 1989 e 1993, ao vencer nas prévias do partido, o político Plínio de Arruda Sampaio, e durante a corrida à prefeitura, os candidatos Paulo Maluf (PDS, atual PP) e João Oswaldo Leiva (PMDB). Durante o tempo em que esteve no comando da cidade, Erundina se motivou em fazer um governo de forte atuação popular, implantando programas sociais que nunca tinha sido vistos na cidade, como os mutirões autogerido, que basicamente eram casas construídas pelos futuros moradores, ou seja, as próprias famílias construíam suas casas com auxilio financeiro da prefeitura na compra dos materiais. Um programa que mesmo diminuindo o déficit habitacional do município, enfrentou uma intensa oposição, já que os rivais de Erundina levavam a retórica da mão de obra “gratuita”. Além da habitação, Luiza implantou na educação os MOVAs (Movimentos de alfabetização), programa voltado na educação de adultos que, por algum motivo, não puderam se alfabetizar. Na saúde, possibilitou o aumento salarial e capacitação dos médicos da cidade. Foi também, por meio da sua secretaria de cultura, a professora Marilena Chauí, responsável pela construção do sambódromo do Anhembi. Um governo voltado às periferias e seus populares, que encarou das altas camadas da sociedade paulistana uma injusta oposição, sendo toda desmoralizada e esquecida após o término do mandato da então petista, em 1993. Nada que Erundina fez teve continuidade, nem mesmo programas que deram certo, pois o seu sucessor Dr. Paulo Maluf e seu espírito ególatra (algo que, convenhamos, não é exclusivo do Maluf) se negava a enaltecer o primeiro e bom governo de um partido de esquerda na prefeitura de São Paulo. Em 1997 ela deixou o PT, onde ficou por 17 anos. Recentemente em entrevista a TV BRASIL, ela chegou a falar que: "eu não sai do PT, o PT saiu de mim”.

Luiza no Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília; Foto:UOL
  
Hoje, Erundina é uma das representantes do estado na Câmara dos Deputados em Brasília, e tenta pela quarta vez – perdendo os pleitos de 1996, 2000 e 2004- ao cargo de mandatária municipal. Mesmo com pouquíssimo tempo de propaganda eleitoral no Rádio e na TV, ela tem se consolidado com uma das preferidas do eleitorado paulistano, chegando a figurar entre os três primeiros colocados em algumas pesquisas de intenção de voto. Em questão de propostas, ela se lança com o lema “os sonhos podem governar”, baseado, em alguns pontos, nos mesmos ideais que a levaram à prefeitura há 30 anos, como a forte participação da população nos projetos e um intensivo processo de desenvolvimento e inclusão das minorias e classes menos favorecidas.

Foto: O GLOBO
 Mais do que nunca, Erundina, assim como todos os candidatos dos partidos de esquerda, terão que renovar seus discursos na ideia de atrair eleitores e, consequentemente, votos, Pois a esquerda nunca esteve tão desprestigiada como nos dias atuais. Certamente, se a ideia ou o plano for enfraquecer a esquerda brasileira, o êxito está mais próximo do que imaginamos.
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Claudio Porto

Jornalista independente.

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1 comments so far,Add yours

  1. Parabéns Cláudio. Excelente explanação, realmente condizente com a trajetória desta grande cidadã. Que tem minha profunda admiração e a admiração de muitos que viveram em seu tempo. Cresci inclusive em uma dessas casas de seu programa habitacional e as famílias tinham o suporte para colocar a mão na massa, muito melhor do que a OMISSÃO que hoje existe em relação ao déficit habitacional.

    Erundina é uma guerreira em todos os aspectos. Construiu uma trajetória política absolutamente ilibada, sem qualquer desvio de causa. E essa frase tradicional dela que tu bem colocou, exprime o sentimento da esquerda em si, com relação ao PT.

    Sobre a atual campanha, falta talvez uma colocação mais efetiva das ideias, das propostas em si. O conceito é muito claro pra quem viveu sua época e quem a conhece, mas a população em si não entende quando se fala pura e simplesmente em "participação popular". Falta-lhe tempo de TV, mas nos debates e entrevistas as propostas e ideias precisam ser colocadas com mais clareza, para tornar mais claras as chances (que existem) de segundo turno.

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