Caros palestrinos, de férias e na véspera de início do Campeonato Brasileiro de 2016, o Papo de Torcedor aqui vai trazer um balanço geral dos três últimos técnicos do verdão, incluindo uma avaliação do atual e perspectivas. Primeiro, vamos recapitular de forma breve como foi o início da montagem do elenco atual e tentar analisar erros e acertos de cada época. Vamos voltar ao final de 2014.


Em dezembro de 2014, Palmeiras contratou Oswaldo de Oliveira para treinador para realizar a remontagem de um time. Para isso, contou com a "ajuda" de Alexandre Mattos que lhe trouxe muitas peças. No início, o time foi bem, apresentava bastante padrão de jogo e, em algumas ocasiões, realizava jogadas com muitas triangulações no 4-2-3-1 que foi característico da era Oswaldo de Oliveira no Palmeiras. Contando basicamente com o time completo quase sempre, chegou e perdeu na final do Paulistão, o que já podia contar como algo positivo. Porém, no Brasileirão, não conseguiu fazer o time encaixar. Talvez com excessos de preciosismo, falta de objetividade e as vezes mexidas infelizes custaram caro ao atual treinador do Sport Clube do Recife.


Com a demissão de Oswaldo de Oliveira, Mattos agiu rápido e trouxe o amigo Marcelo Oliveira que obteve muito sucesso no Cruzeiro. A princípio, o time do verdão deu uma decolada, já que o treinador utilizou o mesmo esquema tático de Oswaldo (o 4-2-3-1), mas acrescentou movimentações nas linhas dos 3 entre Rafael Marques e Dudu. Isso fez com que o verdão conseguisse uma série de 7 vitórias e um empate (contra o Sport fora de casa). Porém, a coisa começou a desandar.

Em um jogo contra o Atlético Paranaense, Gabriel se lesionou e então prejudicou muito a maneira do Palmeiras jogar. Aquele time intenso de princípio de trabalho do Marcelo não existia mais, pois estava com a marcação fragilizada. Insistência no mesmo esquema tático que passou a ser mais estudado e manjado pelos adversários fez com que o Palmeiras terminasse o Brasileirão em um modesto nono lugar. O que salvou foi o título da Copa do Brasil em que o time teve que se superar a cada jogo e fazer muitos gols, já que o sistema defensivo estava fragilizado. Além disso, muitos chutões e deficiências em saídas de bola marcaram esse time.

Era notório, já em 2016, que com o Marcelo, qualquer time com um pouco de padrão de jogo colocaria o Palmeiras na gaveta. Ferroviária, Linense e principalmente o Nacional-URU deitaram taticamente na equipe alviverde. Este último foi o "responsável" pela demissão do treinador. Não soube variar taticamente o time, apesar do elenco ter deficiência no setor defensivo e de criação, mas estava na hora de mudar do 4-2-3-1.

Dizem ainda que Marcelo não tinha mais controle de vestiário. Alguns jogadores foram expostos por ele (no caso de Leandro Almeida), e muitos se referiam a ele com apelidos do tipo "gargamel" ou "pão-de-queijo". Não havia mais clima para a permanência do treinador.

Para concluir esta parte, basta ver que foram dois treinadores com currículos muito vitoriosos. O terceiro e atual foi contratado na mesma medida: currículo bom! Mas, ao contrário dos outros dois, o começo não foi um mar de rosas. Foi muito sofrido.


O Palmeiras agiu rápido novamente e contratou o treinador Cuca (Alex Stival). Ele assumiria depois de uma vitória diante do São Paulo sob o comando do interino Alberto Valentim. Vinha com currículo vitorioso e um fato positivo de ter sido palmeirense de arquibancada e ter conhecimento do que a torcida vem sofrendo. Porém, o início foi duríssimo.

A princípio, manteve o 4-2-3-1, promovendo a volta do volante Gabriel ao time titular. Derrotas para Nacional, Audax, Red Bull e o vexame diante do Água Santa faziam com que o Palmeirense ficasse de cabelos em pé. PORÉM, diferentemente do treinador anterior, Cuca mudou. Largou o 4-2-3-1 e começou a armar o time no 4-4-2 feijão com arroz. Jogou Jean para a lateral direita, recuou Alecsandro para fazer pivôs na intermediária buscando velocidades de Egídio, Gabriel Jesus e Jean nas pontas e, por vezes, Dudu. Outra mudança foi na ausência de chutões em que os volantes (Arouca ou Gabriel) buscavam as bolas no setor defensivos para levar até o meio de campo.

O resultado veio de imediato contra o fraco Rio Claro no Pacaembu em que o time criou 10 chances em 10 minutos de jogo. Mas a pedreira estava por vir: dérbi contra o Corinthians. Mantendo o mesmo esquema, só que com Zé Roberto no meio campo, Cuca impôs o verdão desde o começo e terminou com vitória com gol de Dudu, após Fernando Prass defender pênalti. O time começava a melhorar, mas faltava aquele tempo para treinar.

Próxima parada: Rosário Central fora de casa. Cuca mexeu no time e dessa vez entrou com 3 defensores em um 3-5-2 para povoar o setor de meio campo e liberar mais Jean e Egídio como alas, já que possuem ótima qualidade no ataque. Talvez uma falta de treinos nesse esquema e um estudo a mais do adversário custaram uma "não vitória" diante da melhor equipe da Libertadores 2016.

Nos dois jogos seguintes do Paulistão, Cuca manteve o 4-4-2 e conseguiu vitórias contra Mogi Mirim e São Bernardo, mas na Libertadores, mesmo com a goleada aplicada no River Plate do Uruguai, não conseguiu a classificação. Cuca culpado? Nada disso! Chegamos a ter chances por causa dele. Veio mais uma decisão do Paulistão: semifinal contra o Santos em que o time saiu perdendo de 2x0 até os 42 do segundo tempo, quando ele mexeu e o time empatou em 2x2, mas foi derrotado nos pênaltis. Agora o Palmeiras tiraria umas férias forçadas.

O ponto a que quero chegar é o seguinte: depois do vexame diante do Água Santa, o time não perdeu mais. Vitórias contra Corinthians, empates heroicos contra Rosario e Santos mostraram que o time agora possui mais poder de reação do que tinha anteriormente. O fato de Cuca variar o esquema tático de acordo com adversários é interessante, mas demanda tempo para entrosamento, etc., algo que talvez seja possível agora.

Algumas mudanças como adiantamento de Alecsandro, etc., fizeram o time render mais pelas pontas e jogadores como o Egídio voltaram a ir bem no setor ofensivo. A volta de Cleiton Xavier deu uma nova cara no meio campo do verdão também. Com mais tempo para treinar, a chegada de um time mais jovem e com velocidade podem fazer com que o Palmeiras consiga render um pouco mais e continuar melhorando.

Está na hora do Palmeiras pensar grande no Campeonato Brasileiro. Cuca está no caminho certo para isso, mas a diretoria tem que fazer seu papel também em dar aval total ao treinador. Cobrar desse elenco e trazer as peças em qualidade, não quantidade.
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Leonardo Paioli Carrazza

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