A maior concentração de hipocrisia, implante, botox e disfunção erétil por metro quadrado do planeta. Assim resumiu-se a Câmara Federal durante a votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Uma turba desqualificada de "homens de família" comandados por um biltre do quilate de um Eduardo Cunha, que distribuía sorrisos pelos quais não debochava de Dilma nem dos parlamentares que o atacavam, mas de todo o povo brasileiro.
O mesmo povo que também já foi vítima da faceta autoritária do estado corporativo petista com a remoção violenta de favelas para as obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas, a utilização do exército para contenção de protestos, a ocupação de favelas pelos militares, a expansão indefinida do estado policial brasileiro (com um aumento da população prisional de 7% ao ano, prendendo primordialmente pessoas negras e pobres), além da arbitrária construção da hidrelétrica de Belo Monte.
Mas como era de se esperar, a cena mais execrável desta tenebrosa sessão plenária foi protagonizada pelo Deputado Jair Bolsonaro, que durante o anúncio de seu voto, homenageou o Coronel Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi de São Paulo - entre 1970 e 1974 - um dos principais centros de repressão do Exército durante a ditadura militar, na qual Ustra matou mais de 60 pessoas, além de ter participação em cerca de 500 torturas e desaparecimentos.
O coronel cujo o deputado intitulou como "Pavor de Dilma Rousseff", por ele ter sido responsável pela tortura da atual presidente, à época com 23 anos, chegando a deslocar sua mandíbula e quebrar seus dentes, também torturava crianças e mulheres (inclusive gestantes) e tinha entre seus métodos cruéis o costume de introduzir ratos e insetos nas genitais femininas.
À Bolsonaro e Cunha só me resta dedicar este trecho do poema "Algumas perguntas a um 'homem bom'" de Bertolt Brecht: "Escuta, pois: nós sabemos
Que és nosso inimigo. Por isso vamos
Encostar-te ao paredão. Mas em consideração
Dos teus méritos e das tuas boas qualidades
Escolhemos um bom paredão e vamos fuzilar-te com
Boas balas atiradas por bons fuzis e enterrar-te com
Uma boa pá debaixo da terra boa".
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