Antes que alguém diga, é evidente que nesta sexta (15), o texto não trata ainda de uma deposição de mandato consumada, portanto o texto não tem o objetivo de tripudiar sobre ninguém, pelo contrário, vamos tratar aqui sobre as situações de controvérsia, de um processo que se mostrou muito mais político, do que um processo baseado em uma transgressão do governo, de um crime de responsabilidade, que é o mérito inicial da ação.


Como é de conhecimento público, o processo de impeachment foi instaurado com base nas pedaladas fiscais, que seriam decretos de créditos suplementares, não autorizados e que não constam no orçamento oficial, o que até o presente momento, não ficou absolutamente claro se ocorreram ou não, e mais ainda, em tendo ocorrido, se isso teria peso efetivo, para uma cassação de mandato. Mas o processo avançou, dentro do rito legal (é bom que se diga), o que fez com que o uso do termo "golpe" acabasse prejudicando ainda mais o PT frente a opinião pública e talvez até na articulação política, como dissemos aqui (clique). Mas o show de humor, que foi a votação da comissão especial do impeachment, mostrou o teor político e revanchista que norteou a fase de julgamento político do processo, citações a processos onde a Presidente não é citada, foram justificativa para os discursos de voto, numa pretensa cruzada pela moralização do país, feita por aqueles que em sua maioria, tem seus nomes citados na lava-jato bem como em outros processos.


O que dizer então, da atuação de Michel Temer nesse processo? Citam tanto Fernando Collor, como se o processo tivesse os mesmos meandros do atual, mas numa análise técnica e isenta, seria preciso citar também a atuação de Itamar Franco naquele processo, em momento nenhum o mineiro conspirou para derrubar quem estava no poder, ao contrário, foi até convencido a assumir a Presidência após muito relutar.

Critica-se a postura do ex-Presidente Lula, que como articulador político recebe parlamentares em um hotel em Brasília para tentar convencê-los a votar pela permanência de Dilma, mas cita-se muito superficialmente, que Temer negocia pessoalmente, na residência oficial do Vice-Presidente, o Palácio do Jaburú, os cargos que cada partido que está abandonando a base do governo, terá em seu "mandato", seria essa uma atitude republicana a qual Temer sempre se referiu? Certamente que não, alguém que chega ao poder dessa forma, articulando a derrubada de quem liderou sua própria chapa, não pode ser considerado como a solução para a crise política que se vive, afinal, ele beneficia-se e aprofunda essa crise com tais atos.


É fato que o PT tem o seu nome envolvido em investigações há muito, a opinião pública em grande parte é voltada contra a figura máxima do poder, que acaba sendo o espelho de todo o partido, assim como Lula, que teve sua imagem trucidada por alguns dos áudios vazados, que inclusive não tinham ligação com a acusação de desvio de finalidade em sua nomeação para a Casa Civil. Porém há sim um prejuízo ao processo democrático Brasileiro, em se confirmando a forte tendência de aprovação do impeachment pela câmara, e posteriormente pelo Senado, afinal, impopularidade, crise econômica, falhas na articulação política, falhas essas que ficam claras nas alianças que o partido fez pela governabilidade, enfim, todos esses aspectos deveriam ser analisados nas urnas, a confirmação do impeachment será o fim da viabilidade do presidencialismo, visto que qualquer governo que tivesse esses problemas, poderia ser julgado e deposto, e com isso as eleições diretas poderiam ter seu resultado alterado de forma indireta, á qualquer momento. A discussão sobre o parlamentarismo é absolutamente válida, mas essa não é a melhor maneira de iniciá-la.


Isso de que haverá uma guerra nas ruas, de que o Brasil não vai andar caso a Presidente caia, isso tudo é bobagem, há uma gravação circulando em que Dilma se afirma como "fora do baralho", caso a deposição ocorra, o que de certa forma é o mais inteligente a se fazer, afinal, se ela não respeitasse o regimento e tentasse ficar no Planalto á força, a acusada de "golpe" seria ela. O cenário é assustador sob todos os ângulos, partidos que faziam parte da coalizão de governo por conta de cargos, e não de uma questão ideológica, já deixaram a base por terem recebidos ofertas de Temer, que por sua vez ao lado do novamente grande aliado, PSDB, já devem estar articulando o abafamento das investigações em curso no Brasil, salvando assim, os parlamentares que os encaminham ao poder. Cria-se com isso um cenário inicialmente favorável, os especuladores do mercado vão elevar um tanto a bolsa, o dólar vai abaixar um tanto, mas logo a Ilha da Fantasia de um país que engaveta as investigações ficará á mostra, virão soluções paliativas e ineficazes para a crise, e o Brasil seguirá com uma instabilidade econômica e a corrupção corroendo o país por debaixo do tapete. Portanto, seja qual for o direcionamento que o país tome á partir de Domingo, com Temer chegando ao poder com uma governabilidade adquirida em negociatas, ou Dilma seguindo sem qualquer governabilidade, o país penará no mínimo até 2018.



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Imagens: Abril. 
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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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