Caros leitores, eis uma matéria que eu gostaria de não precisar fazer, afinal, queria que o Palmeiras estivesse sempre bem desde o começo do campeonato. Porém, futebol não é uma simples receita de bolo e mudanças são necessárias. Claro que quem pegar a classificação do Brasileirão 2015 na sétima rodada e comparar com a atual classificação logicamente vai pensar: alguma coisa mudou no Palmeiras... o que foi? Além do treinador, o que mudou de fato para ajudar o alviverde nesta boa arrancada? Confira!
Oswaldo assumiu o Palmeiras com o objetivo de fazer o time voltar a figurar no topo das tabelas das competições que a equipe disputa. Para isso, implantou um sistema de 4-2-3-1 com homens de sua confiança como Gabriel (volante) e Rafael Marques (atacante, mas que rende melhor jogando recuado na linha dos 3), além de jogadores com boas qualificações como Arouca e Dudu. O time ficou refém de clássicos (apenas vencia estes tipos de jogo com atuações convincentes), ou seja, nos demais jogos, pontos bestas como contra Joinville e Goiás (este jogando em casa) foram desperdiçados e tal fato culminou na demissão de Oswaldo de Oliveira.
Marcelo Oliveira assumiu o time numa pedreira: após vitória contra o Fluminense no Allianz Parque (sim, aqui pode falar Allianz) o verdão iria enfrentar o Grêmio fora de casa que vinha em uma ascendente. A derrota veio por 1x0 e os problemas da época de Oswaldo pareciam não sair, como a falta de garra e vibração, algo que inclusive cheguei a criticar na recém chegada do Marcelo.
O esquema tático implantado era novamente o 4-2-3-1 que aliás foi implantado pela primeira vez no Brasil pelo Marcelo Oliveira em 2011 quando comandava o Coritiba. O discurso era: manter o que o Oswaldo vinha fazendo e procurar alguns ajustes. Pois bem! São desses ajustes que estou falando. Essa mudança que tanto deu certo até agora.
Time base: Na tentativa de buscar uma escalação ideal, Oswaldo de Oliveira buscava formações diferentes em quase todas as partidas. Com isso, o time parecia que dificilmente conseguiria entrosamento. Já Marcelo Oliveira após a primeira derrota reuniu o grupo por uma semana em Atibaia para treinar e conhecer melhor o grupo. Com isso, estipulou um time base, uma equipe titular definitiva que somente sofreria alterações em condições de lesão, suspensão etc. Essa equipe acabou sendo composta por: Fernando Prass, Lucas, Vitor Hugo, Victor Ramos, Egídio, Gabriel, Arouca, Rafael Marques, Robinho, Dudu e Leandro Pereira (ou banana). Resultado: time mais entrosado.
Linha de frente da zaga: o hino do Palmeiras tem uma frase que diz: "defesa que ninguém passa". Porém, o alviverde vinha sendo vazado em quase todas as partidas com o Oswaldo. Claro que os dois "Victors" não são excepcionais zagueiros, mas poderiam estar melhor ou receber menos bolas "na fria" como vinha acontecendo. Para isso, Marcelo intensificou a marcação exercida pelos dois volantes Gabriel e Arouca, aliás ambos que vêm fazendo um bom campeonato desde que o novo treinador assumiu a equipe. Resultado: dificuldade dos adversários de entrarem na área do Palmeiras.
Posicionamento entre as linhas: o esquema implantado é o mesmo do Oswaldo, mas por que este vem dando mais certo? Simples, muitas vezes, as linhas 4-2-3-1 na época do Oswaldo ficavam muito separadas umas das outras e isso permitia que o adversário armasse suas jogadas entre elas e cada jogador responsável por marcação ficasse mais exposto. Com o Marcelo, as linhas estão mais próximas e isso reduz os espaços que o adversário tem para trabalhar a bola. Quando o time avança, dificilmente sobram os buracos entre as linhas, ou seja, o adversário encontra mais dificuldade para passar pelos alviverdes. Resultado: o adversário pode até chegar na entrada da área para finalizar, ter mais posse de bola, etc., mas terá sempre uma marcação o incomodando e tirando-lhe os espaços.
Movimentação e rodagem da linha dos 3: a linha dos 3 é exatamente composta por Rafael Marques pela direita, Dudu pela esquerda e Robinho pelo meio. Dudu vinha rendendo pouco com Oswaldo, já que não é jogador para atuar de ponta e sim de segundo atacante. Jogando de ponta, tinha pouco espaço no campo para utilizar sua velocidade. Com o Marcelo, Rafael Marques e Dudu invertem as vezes as posições (Rafael vai para a esquerda e Dudu para a direita) e essa constante movimentação chega a confundir as marcações adversárias. Rafael Marques mostrou que é um jogador inteligente, que faz o simples e é eficaz, não inventa. Dudu é rápido e vem usando isso a favor do alviverde. Resultado: mais espaços criados na defesa adversária.

Objetividade: quem acompanha o quadro do Papo de Torcedor do Palmeiras se lembra na época do Oswaldo que o time ficava muito com a posse de bola, mas jogava querendo fazer gol apenas na certeza, com pouca objetividade. Já com o Marcelo, a posse de bola do Palmeiras não chega a ser grande, porém, o time cresceu no número de finalizações e no saldo de gols. Quando a equipe rouba a bola ou já vem com ela é para definir. Quando sai na frente, não apenas quer administrar, mas sim buscar mais gols em contragolpes efetivos (como no caso da goleada sobre o São Paulo por 4x0). Não tem essa de ficar rodeando a área adversária, isto é, o time vai para frente exigir trabalho do goleiro adversário. Resultado: melhor desempenho ofensivo.
Motivação: as vezes comentei aqui que faltava aquela "raiva" do adversário pro Palmeiras vencer. O time as vezes parecia sem alma e sem gana. Porém, com o Marcelo Oliveira, a equipe adotou uma filosofia de buscar a bola já no campo ofensivo, marcando em cima e forçando o erro dos adversários. E isso durante boa parte das partidas, como contra Avaí, Chapecoense, Vasco e Ponte Preta, o verdão saiu na frente antes dos 15 minutos da etapa inicial. Resultado: placares abertos com antecedência, melhor para controlar o jogo.
Menos nervosismo e mais bola: Com Oswaldo, o verdão tomava muitos cartões por reclamação ou então por faltas que demonstravam puro nervosismo e ansiedade. Com o Marcelo Oliveira, parece que o número de cartões bestas deu uma boa diminuída. Além disso, com menos nervosismo e menos violência, o time consegue trabalhar melhor a bola com a qualidade que a equipe tem nos pés.
Enfim, essas são algumas considerações que provavelmente explicam a boa pontuação que o alviverde vem conseguindo rodada a rodada. Próximo fim de semana cabe ao Atlético Paranaense tentar superar essas mudanças promovidas por Marcelo Oliveira: 6 meses em 8 rodadas. Em menos tempo, Marcelo conseguiu dar uma cara a um time que Oswaldo não conseguiu em 6 meses.


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Leonardo Paioli Carrazza

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