Seríamos nós jovens novamente os (IR)Responsáveis?

Nesta nova crônica, usarei o termo “jovens” para contextualizar todos nós, brasileiros de média/baixa idade que gostamos do nosso país, "ou não".

Era 1983, nós jovens saímos as ruas, para lutar contra a ditadura militar, contra a censura, e contra todos os direitos que havíamos perdido. Lutávamos como pessoas com argumentos e ideais sinceros para melhorarmos nosso país.

E conseguimos, em 16 de abril de 1984 e justamente em São Paulo, local que mais citarei neste texto, aconteceu uma passeata onde estávamos representados por um milhão e meio de jovens.

Redemocratizamos a política brasileira, João Batista Figueiredo não era mais o militar que comandava o Brasil, e mesmo com Sarney no poder, um dos homens mais “militares” que havia no Brasil, nosso país era novamente democrático.

Porém em 2013 surge novos protestos, os jovens saíram para as ruas, alguns tinham o argumento em mãos, porém a maioria não, a maioria estava ali por dinheiro ou por opiniões formadas em apenas uma frase. Cito uma delas: “Queremos hospitais padrão FIFA”.

Agora em 2014, após a democracia brasileira reeleger Dilma Rousseff, alguns jovens brasileiros estão pedindo novamente a intervenção militar. Esses jovens são, na maioria, paulistas, e alguns nem 20 anos não tem ainda. Em muitas entrevistas vejo jovens dizendo que querem acabar com a censura brasileira. Pelo amor de Deus, onde eles estudaram? Se houvesse realmente uma censura, essas matérias nunca iriam para o ar, E SE, eles querem acabar com a censura com uma intervenção militar, me desculpe, mas vocês que querem isso, vocês devem estudar mais um pouco.

Acreditamos que no Brasil chegamos á um estágio, e precisamos avançar nele, o papel das Forças Armadas não é o de governar, é de garantir a Defesa Nacional. Precisamos avançar nesse sentido, ao invés de agirmos como idiotas, pedindo intervenção armada, precisamos nós, intervir com nossas vozes, cobrando, exigindo que Executivo, Legislativo e Judiciário, efetivamente funcionem e façam o seu papel, que hoje claramente não o fazem, ao menos não de forma competente, o legislativo tem medo de mudar as leis e cair no poder delas, o judiciário parece cego em outro sentido, diferente do filosófico como se viu no RJ, onde um juiz se julgou Deus e até aqui tem vencido a causa, e o executivo, que tem visto tantas coisas acontecerem abaixo de seu nariz, mas é com a voz e o voto, é por intermédio da democracia, que vamos alterar positivamente o atual estado de coisas.

Vejo muitos jovens que não eram nem nascidos na ditadura ainda falando que a salvação para o Brasil é uma nova intervenção militar. Então eu penso seriamente, seria certo nós incentivarmos esses, incentivarmos isso? Seria novamente nós os jovens os responsáveis, porém agora com o prefixo “ir” na frente que mudaríamos o Brasil para um retrocesso maior?

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Texto e Argumento: Gustavo Rezende

Edição Final: Adriano Garcia